Patético ver as reações das redes sociais ao Roda Viva com Bolsonaro. A neodireita acéfala mete o pau nos entrevistadores. A esquerda obtusa também. Como o fazem por motivos opostos, a única conclusão lógica é que estão ambos errados.
Base da democracia e das ciências, a lógica não tem mais vez nesse Fla x Flu. Como o Flamengo teve seu futebol parido pelo Fluminense, a esquerda usou um conceito do séc. XIX para instalar o “nós contra eles” no país. E, no séc. XXI, se reproduziu em papel carbono numa direita que repete o que de pior a humanidade teve no séc. XX.
O que se assiste nesse campo de várzea é um 0 a 0 com 22 pernas de pau e Gilmar Mendes de árbitro. É um empate em que todos perderão. Inclusive quem ganhar as eleições presidenciais de outubro. O 1/3 dos brasileiros à direita simplesmente não aceitará a vitória do 1/3 à esquerda. E vice-versa — com a vênia do “foda-se!” a quem se opuser.
Ainda isento aos dogmas de fé das duas seitas opostas,o 1/3 restante da população será tragado impotente pela gravidade do ralo. A projeção do país parece ser a que Dante descreveu à porta do Inferno: “Abandona a esperança, vós que entrais”. Neste Brasil de 2018, a única certeza é sartreana: “O inferno são os outros”.