Titulares do Brasil na convincente estreia de 2 a 0 sobre a Sérvia na Copa do Mundo do Qatar, na última quinta (24), o atacante Neymar e o lateral direito Danilo se contundiram na partida e estão fora dos outros dois jogos da fase de grupos. O próximo será às 13h (de Brasília) desta segunda (28) no Stadium 974, contra a Suíça, que venceu Camarões por 1 a 0 também na quinta, pelo Grupo G. A seleção africana enfrentará agora a Sérvia, às 7 da manhã de segunda, antes de pegar o time de Tite às 16h desta sexta (2), novamente no Lusail Stadium. Foi onde o centroavante Richarlison inflou o peito brasileiro de orgulho, como pombo, apelido do jogador. Não só pelos dois gols que marcou, mas pela obra de arte que esculpiu diante do mundo no belo voleio do segundo.
NO LUGAR DE NEYMAR? — Neymar e Danilo tiveram lesões nos ligamentos do tornozelo, o atacante no direito e o lateral no esquerdo, reveladas em exames feitos na manhã de ontem. Para substituir Neymar, há duas opções. A primeira é entrar com Fred como segundo volante, adiantando Lucas Paquetá da posição à de meia de ligação. Fred perdeu a titularidade para o atacante Vini Jr, outro que jogou bem na estreia do Brasil, dando passe aos dois gols de Richarlison. Para manter a escalação ofensiva com quatro atacantes, a alternativa à vaga de Neymar seria Rodrygo, de apenas 21 anos, em grande fase no Real Madrid e melhor dos cinco que saíram do banco ao campo contra a Sérvia. Mas o mais provável é que Tite opte por Fred, em busca de equilíbrio à equipe. E deixe Rodrygo como opção para tornar o time mais incisivo no decorrer das partidas. Uma terceira alternativa, que corre por fora, é Everton Ribeiro, meia de ligação do Flamengo.
NO LUGAR DE DANILO? — O maior dilema de Tite é o substituto de Danilo. Seu reserva imediato na lateral direita é o veterano Daniel Alves, convocação mais contestada da Seleção Brasileira à Copa, por torcida e imprensa. Com passagem brilhante no grande Barcelona de Messi, Xavi e Iniesta, entre 2008 e 2016, clube ao qual voltou em rápida passagem entre 2021 e junho deste ano, após passagem frustrante pelo São Paulo, o jogador atua hoje no Pumas, do México. Presente nas Copas do Mundo de 2010 (reserva), 2014 (titular), ficou fora de 2018 por lesão. Aos 39 anos, muitos consideravam seu ciclo na Seleção encerrado, até ser convocado ao Qatar por Tite. Que pode também adaptar o zagueiro reserva Eder Militão, numa formação mais defensiva. Mas, se fizer isso, justificará as críticas que recebeu por convocar Dani Alves.
THIAGO SILVA E CASEMIRO — Por suas convicções, o treinador gaúcho pode empilhar suas fichas sobre o veterano lateral. Embora possa se expor a críticas severas, se Dani Alves for batido por atacantes suíços como Shakiri ou Embolo na segunda, Tite teve motivos sobre a Sérvia para apostar na experiência. Também contestado pela idade, o zagueiro Thiago Silva, aos 38 anos, teve atuação irretocável. Quando se tornou o jogador mais velho a jogar pelo Brasil numa Copa, superando o lateral direito bicampeão mundial Djalma Santos, que atuou aos 37 na Copa de 1966. Cinquenta e seis anos depois, além de Thiago e o companheiro de zaga Marquinhos, outro destaque na estreia da Seleção no Qatar foi o primeiro volante Casemiro. Hoje no Manchester United, ele teve passagem marcante no Real Madrid, onde foi feito titular por um técnico que entende um pouquinho de meio de campo: Zidane.
ESTREIAS DE FAVORITO — Além do Brasil, três outras seleções tiveram estreias de favorita na primeira rodada da Copa. A Inglaterra, que meteu 6 a 2 no Irã na segunda (21), pelo Grupo B; a França, que virou de 4 a 1 sobre a Austrália na terça (22), pelo Grupo D; e a Espanha, que sapecou 7 a 0 na Costa Rica na quarta (23), pelo Grupo E. Mas, herdeira do futebol clássico da antiga Iugoslávia e classificada nas eliminatórias europeias à frente de Portugal, a Sérvia é um time muito mais qualificado que Irã, Austrália e Costa Rica. Tem bons jogadores de frente como Tadic e Mitrovic, pressionou a saída de bola brasileira nos 30 primeiros minutos, mas não ameaçou o gol de Alisson em nenhum momento da partida. Mais até do que o voleio com que o “Pombo” voou no Qatar, ou das várias oportunidades de gol criadas no segundo tempo, a consistência defensiva foi a grande virtude coletiva do time de Tite.
INGLATERRA, FRANÇA E ESPANHA x ALEMANHA — Ontem, pela segunda rodada, a Inglaterra foi pressionada e tomou bola na trave no empate de 0 a 0 com uma sua ex-colônia: os EUA. Que tem um time talvez à altura da Sérvia, batida com tranquilidade pelo Brasil. A quem a França pode ensinar como superar ausências, após perder por contusão meias da qualidade de Kanté e Pogba, além do centroavante Benzema, parceiro de Vini Jr no ataque do Real Madrid e hoje considerado o melhor jogador do mundo. Os franceses encaram às 13h de hoje a Dinamarca, outra seleção de bom nível, como Sérvia e EUA. Por sua vez, a Espanha terá às 16h deste domingo o jogo que mais promete nesta fase de grupos, contra a Alemanha. Que, após ser derrotada de virada por 1 a 2 pelo Japão na primeira rodada, precisa da vitória para se manter viva no Qatar. Tanto quanto os espanhóis, para não perderem o primeiro lugar do grupo, caso os aguerridos japoneses vençam a fraca Costa Rica às 7h da manhã do mesmo dia.
NEYMARDEPENDÊNCIA? — Só após a definição dos confrontos dos demais “cachorros grandes”, um Brasil aparentemente sem a coleira da “neymardependência” que o marcou em 2014 e 2018 encara a Suíça em 2022. Contra quem, com Neymar, mas sem Richarlison e Vini Jr, empatou de 1 a 1 na estreia das duas seleções na Copa do Mundo de quatro anos atrás.