Fígado x cérebro: Bacellar exonera Reis e dificulta sua eleição a governador

 

Rodrigo Bacellar, Eduardo Cunha, Washington Reis e Eduardo Paes (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Cunha, Reis e Bacellar

“Com a gente, vocês vão ao 2º turno a governador. Sem nós, Eduardo Paes (PSD) leva no 1º turno”. Foi o que o ex-presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha disse, dias atrás, ao presidente da Alerj, governador em exercício e pré-candidato a governador, Rodrigo Bacellar (União). E Cunha pode ser acusado de tudo. Menos de não entender muito de política real.

 

Rodrigo exonera Washington

O “nós” de Cunha se referia a Washington Reis (MDB), ex-prefeito e muito popular em Duque de Caxias, segundo maior colégio eleitoral do RJ, atrás apenas da cidade do Rio, onde Paes é prefeito e teria a maioria dos votos a governador em 2026. E Rodrigo, assim que assumiu como governador na quinta (3), exonerou (confira aqui) Washington da secretaria estadual de Transportes.

 

A 1º variável de Bacellar a governador

Desde 12 de março, sob o título “As variáveis da equação de Rodrigo Bacellar a governador”, esta coluna listou (relembre aqui) as três principais. A primeira era tirar o ex-vice-governador Thiago Pampolha (MDB) do seu caminho na sucessão do governador Cláudio Castro (PL). O que se consumou (confira aqui) em 19 de maio, como a coluna antecipou, com (confira aqui) detalhes do acordo, 10 dias antes.

 

A 2ª variável de Bacellar a governador

A segunda variável necessária às chances de Rodrigo a governador seria o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Que todas as pesquisas mostram ser ainda mais popular entre o eleitor fluminense do que já tinha sido em sua vitória estadual no 2º turno presidencial de 2022 sobre Lula (PT), a despeito deste ter vencido o pleito nacionalmente.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Malafaia quer Washington

Além de colocar, desde 12 de março, a variável Bolsonaro como necessidade de Rodrigo, a coluna reforçou (confira aqui) em 24 de maio: “Após Pampolha, Bacellar precisa conquistar o bolsonarismo”. Quando registrou a posição do pastor bolsonarista Silas Malafaia: “Eu apoio o Washington Reis. Não tenho compromisso com outro. Se não for o Washington, não contem comigo”.

 

Promessa de apoio do capitão

Ainda assim, fruto da sua obstinação, Rodrigo conseguiu a promessa de apoio de Bolsonaro em 23 de maio. Como O Globo registrou (confira aqui) no dia 26 daquele mês, o blog Opiniões repercutiu (confira aqui) no dia 27 e a coluna detalhou (confira aqui) no dia 28, o capitão impôs duas condições: que não surja nenhum fato que desabone o político de Campos e indicar o vice na sua chapa a governador.

 

A 3ª variável de Bacellar a governador

O fato é que, na promessa de apoio de Bolsonaro, Rodrigo passou com louvor também na segunda variável à consolidação da sua pré-candidatura a governador, como a coluna adiantou desde 12 de março. Quando elencou a terceira variável: “O apoio de Washington Reis, aliado de primeira hora dos Bolsonaro, é disputado para 2026. Tanto por Paes, quanto por Bacellar”.

 

Fígado x cérebro

Com a exoneração de Washington, como ao cortar (confira aqui) o cofinanciamento do RJ à Saúde Pública de Campos, Rodrigo agiu como Ciro Gomes no 2º turno presidencial de 2022: com o fígado. E a maior virtude do político de Campos, sua capacidade de articulação, reside em outro órgão: o cérebro. Por este, sem Washington, o caminho de Bacellar pode ter ficado mais difícil. A ver.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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Este post tem 4 comentários

  1. Edijara

    Bacellar tirou Washington e atirou no proprio pé. Nunca foi popular no estado. Nem em Campos e no Tarciso Miranda ele é. E agora perdeu os votos da Baixada Fluminense. Washigton é o preferido do bolsonarismo no RJ não Bacelar. Não sabe dialogar. Só sabe querer se impor pelo poder e dinheiro.

    Bacellar fez o que fez com Campos. Cortou o dinheiro da saúde da sua própria cidade. Prejudicou e pode matar doentes dos municípios vizinhos só por que Wladmir disse que não a apoiaria. O que alguem assim seria capaz de fazer no estado como governador eleito ??

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Cara Edijara,

      Quando usa o cérebero, não o fígado, Rodrigo sabe dialogar e articular. Tanto que foi o primeiro presidente da Alerj, desde a fusão dos antigos Estados do Rio e da Guanabara, a ser reeleito por unanimidade, até com os votos do Psol.

      Entre seus militantes nas redes sociais, consegue unir pastor neopentecostal cristofascita, bicho grilo viajandão do Sana e até alguns petistas de Campos que estão no seu bolso desde 2024. Todos juntos, para pagar boleto, a um ser abjeto como Rodrigo Amorim, que quebrou a placa de Marielle em 2018.

      Se Rodrigo vai ter caixa para ir além disso, as próximas pesquisas dirão. Mas, sim, sem Washington Reis, parece ter ficado bem mais difícil. A ver.

      Obrigado pela chance do diálogo!

      Aluysio

  2. Élio Sardinha junior

    Vejo Rodrigo Barcelar, com muito potencial para fazer Gestão, basta afirmar num período curto chegou onde ele chegou Parabéns

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Élio,

      Vc está certo. Repito o que disse a Edijara, comentarista anterior: “Quando usa o cérebero, não o fígado, Rodrigo sabe dialogar e articular. Tanto que foi o primeiro presidente da Alerj, desde a fusão dos antigos Estados do Rio e da Guanabara, a ser reeleito por unanimidade, até com os votos do Psol”.

      Grato pela chance da reafirmação!

      Aluysio

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