Atrás de Tarcísio no 2º turno, Lula tem 1ª queda nas pesquisas pós-Trump
Até onde Lula crescerá pós-Trump?
A partir de 9 de julho, quando Donald Trump ameaçou tarifar o Brasil por conta do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF), todas as pesquisas revelaram a recuperação de Lula (PT) em aprovação e intenção de voto a 2026. A pergunta que passou a ser feita foi: até onde e quando o petista cresceria?
No Canadá antes do Brasil
No Canadá, os conservadores tinham 20 pontos de vantagem nas pesquisas às eleições do seu sistema parlamentar. Até que Trump assumiu como presidente dos EUA em 20 de janeiro, taxou e ameaçou anexar o país vizinho em fevereiro. A população canadense reagiu, erodiu a vantagem conservadora e elegeu o progressista Mark Carney primeiro-ministro em 28 de abril.
Voo de galinha?
Trump definiu a eleição do Canadá. Mas foi em tiro curto, nos dois meses de fevereiro a abril, entre a ameaça estrangeira e a urna nacional. No Brasil, entre a ameaça de julho de 2025 e a urna de outubro de 2026, são 14 meses. E, já em agosto, pesquisa AtlasIntel divulgada na quinta (28) parece indicar que a reação de Lula pós-Trump pode ter começado a desandar.
Lula cai aprovação e cresce desaprovação
Feita com 6.238 eleitores, com margem de erro de 1 ponto para mais ou menos, a AtlasIntel revelou que Lula caiu 2,3 pontos em aprovação, dos 50,2% de julho aos 47,9% de agosto. E que sua desaprovação cresceu 1,3 ponto no mesmo período: de 49,7% aos atuais 51%.
Atrás de Bolsonaro inelegível no 1º turno
No enfrentamento teórico contra Bolsonaro, inelegível de fato até 2030, Lula também teve queda de 3,2 pontos na consulta de 1º turno: dos 47,8% de intenção em julho aos 44,6% de agosto. No mesmo período, o capitão cresceu 1,2 ponto: de 44,2% aos atuais 45,4%. Numericamente atrás de Bolsonaro, Lula está hoje em empate técnico com seu antecessor.
Atrás de Tarcísio no 2º turno
Se o revés nas intenções de voto com Bolsonaro é só simbólico, a AtlasIntel de agosto trouxe Lula também numericamente atrás, na simulação de 2º turno, do seu possível adversário elegível e hoje mais cotado: o governador paulistano Tarcísio de Freitas (REP). Que, em 2025, contabilizou 48,4% de intenção contra 46,6% do petista em um eventual turno extra em 2026.
Tarcísio sobe, Lula desce
Apesar do empate técnico com Tarcísio dentro da margem de erro, são as tendências da série AtlasIntel de julho a agosto a maior preocupação à reeleição de Lula. Na simulação de 2º turno entre os dois, o governador de São Paulo cresceu 1,8 ponto em relação aos 46,6% que tinha em julho, enquanto o petista perdeu 3,9 pontos dos 50,4% que tinha no mês passado.
Empate exato com Bolsonaro e técnico com Michelle
Em outras simulações de 2º turno da AtlasIntel, Lula registrou um empate exato com Bolsonaro: com 48,3% de intenção cada. E, entre os elegíveis, o petista registrou outro empate técnico em um eventual turno extra: contra a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL). De quem ficou numericamente à frente, mas dentro da margem de erro, por 48,8% a 47,9%.
Lula à frente dos demais
Para além da margem de erro da AtlasIntel, Lula venceria um eventual 2º turno contra o governador mineiro Romeu Zema (Novo), por 47,1% a 40,9%. Como o governador goiano Ronaldo Caiado (União), por 46,7% a 40,3%; o governador paranaense Ratinho Jr. (PSD), por 46,9% a 41,1%; e o governador gaúcho Eduardo Leite (PSD), por 47,2% a 24,9%.
A ver
Mesmo de um instituto internacionalmente conceituado como o AtlasIntel, uma pesquisa não basta para afirmar que Lula não só teria parado de crescer na reação nacional à ameaça estrangeira de Trump, como teria começado a perder já em agosto parte do que ganhou a partir de julho. Só os próximos meses e pesquisas sérias poderão deixar isso mais claro.
Publicado hoje na Folha da Manhã.