Por e-mail, o jornalista e advogado Guilherme Belido avisou ao blog da conclusão, em seu site (aqui), da sua análise sobre a suspensão ou encerramento das atividades do Monitor Campista. Elucidativo quanto aos motivos do fechamento, ele também ilustrou os organizadores da campanha Viva Monitor (aqui) sobre o verdadeiro tamanho da empreitada: após comprar o título centenário por R$ 250 mil, o próximo passo teria que ser a arrecadação de 10 vezes este valor, para conseguir rodar o jornal.
Mas vamos ao original do raciocínio, no artigo transcrito abaixo. Até por ser uma das pessoas em Campos que melhor conhece o passado e o presente do jornalismo da cidade, Belido é uma bas pessoas mais balizadas para falar sobre o que poderá ser, no futuro:
Ainda… O Monitor
Agora, sim, pondo um “fim” na série de artigos, devo reafirmar o que todos sabem e que consiste no “X” da questão que sentenciou o fechamento do Monitor: a perda do Diário Oficial.
Deixou de abrigar as publicações oficiais do município porque estas eram feitas de forma irregular. Perdeu um privilégio que não deveria ter tido e com o qual se beneficiou porque todos “deixavam prá lá”.
No tratar da coisa pública – do recurso público – expressões como “privilégio” e “benefício” não têm vez. Mas, no caso do velho órgão, a exceção era feita sob o manto do “…Mas é o Monitor… Fazer o quê?…” Como quem diz: o jornal precisa.
Mas a verdade é que dinheiro público não pode ser usado para salvar jornal. Mais ainda, a legislação determina protocolo para publicação dos atos oficias – processo de licitação ou coisa parecida – que devem ser feitos no jornal de maior circulação. E ocorre que o Monitor – recuando apenas 50 anos – não ocupara tal posição em tempo algum.
Da década de 50 para cá, estiveram à frente na venda avulsa e assinantes, alternando entre si a preferência do leitor, A Notícia, Folha do Povo, A Cidade, Folha da Manhã e O Diário. Pouco interessa se este ou aquele, apesar de não haver dúvidas quanto à liderança da Folha da Manhã nos últimos 30 anos.
Mas – e aí reside a chave da questão – fosse este ou aquele, o Monitor – tal qual a Folha do Commércio – não foi. Nunca foi. Sempre esteve de fora da disputa não fugindo da condição de jornal de pequena circulação. Arrisco dizer que mesmo os semanários Correio de Campos e Reportagem, que circularam em Campos por quase 30 anos, tiveram maior penetração que o Monitor.
Enfim, não é tarefa da Prefeitura salvar jornal. Sua obrigação é salvar os pobres das enchentes, salvar os desabrigados, salvar as crianças que passam fome e frio, salvar o precário sistema de Saúde e atuar em tantos outros cenários dos quais deve se ocupar.
Nem os Associados quiseram salvar o jornal e deram um preço para seu título. Devemos torcer, agora, para que a bela campanha de arrecadar R$ 250 mil seja vitoriosa. Depois, outra para levantar dez vezes este valor, necessário para a compra de impressora rotativa e demais equipamentos.
Porque só o título do jornal fechado não basta. Sem parque gráfico próprio e pagando para “rodar”, os custos inviabilizam qualquer publicação diária.
Ok. Muito bom. Opinião sensata, raciocínio lógico e bem fundamentado.
Artigo de quem realmente sabe o que diz.
Caro Vicente,
Em quaisquer das suas opiniões aqui emitidas, estamos concordes.
Abraço e grato pela colaboração!
Aluysio