Comissão Eleitoral esclarece: Votos que reitoria do IFF quis impugnar eram válidos

Em respeito aos estudantes, professores e servidores do Instituto Federal Fluminense (IFF), que nas eleições gerais da semana passada deram uma inconteste resposta aos que, nos últimos dois anos, atentaram contra a tradição democrática daquela insituição de ensino, em nome de projetos megalômanos de poder dentro e fora da escola, o blogueiro recebeu por e-mail e publica ao final do post a carta do presidente da Comissão Eleitoral do campus Campos-Centro, professor Jonivan Coutinho Lisbôa. Passo a passo, nela ele detalha a maior polêmica relativa à apuração do pleito, usada pelo grupo da atual reitoria para tentar impugnar a votação de mais de dois mil estudantes pela denúncia de irregularidade em apenas sete deles.

Como o professor Jonivan esclareceu, os votos sob suspeita eram legais, além de representarem irrisórios 0,35% do total do universo de alunos votantes. Ainda assim a Comissão Eleitoral Central acatou inicialmente o pedido da atual reitoria, como a Folha Online atenta e imediatamente trouxe a público. Suspeitando que a decisão final fosse encaminhada ao Conselho Superior do IFF, onde a atual reitora indicou 12 dos 16 membros, os estudantes se revoltaram e ocuparam pacificamente a reitoria para protestarem contra aquilo que entendiam, não sem razões, como uma tentativa de golpe.

Sob alegação de que a ocupação colocava em risco a integridade física da escola, a Comissão Central acionou a Polícia Federal (PF). Ao chegar à escola e constatar que a manifestação dos alunos, além de pacífica, era justa, a PF acabou intermediando o acordo para que a apuração dos votos dos alunos acontecesse normalmente. Como indicaria a razão matemática de qualquer criança do ensino fundamental, foi imposto ao grupo da reitoria que só caso a diferença entre os dois candidatos fosse de oito votos ou menos, seria necessária a realização de uma nova eleição entre os estudantes de todos os campi.

Estes foram os fatos, dos quais sabem todos os que os acompanharam, inclusive os canalhas que cinicamente ainda fingem poder ignorá-los, em defesa de uma ambição de poder desmedida, torpe, inconfessa e retumbantemente fracassada. E tampouco se trataram de acontecimentos isolados da eleição e da apuração da semana passada, mas do último suspiro de práticas políticas nefastas que reiteradamente violentaram a tradição democrática da escola nestes dois anos que separam sua passagem à condição de IFF, a partir da lei federal 11.892, da sua primeira escolha de reitor pelo poder soberano do voto.

No mais, quem já aprendeu, de maneira até humilhante, que uma escola pública não é seu feudo particular, deveria ser capaz de concluir que uma rede independente de informação e, sobretudo, um povo, também não são, nunca foram e nunca serão. 

Abaixo, a carta do professor Jonivan…

 

 

COMISSÃO ELEITORAL LOCAL DO CAMPUS CAMPOS-CENTRO

ESCLARECIMENTOS SOBRE O PROCESSO DE VOTAÇÃO NO CAMPUS

 
       Eu, Jonivan Coutinho Lisbôa, gostaria de me pronunciar oficialmente
como presidente da Comissão Eleitoral Local do campus Campos-Centro,
de modo a fornecer esclarecimentos à comunidade do IFF sobre como
aconteceu o processo de votação no dia 14 de dezembro passado, de modo
a dirimir as dúvidas que por ventura possam surgir sobre os fatos
ocorridos durante o transcurso do pleito.

1.Da organização das mesas

       De acordo com as normas aprovadas pelo Conselho Superior, a
responsabilidade pela organização das seções eleitorais era das
Comissões Locais. Sendo assim, foram organizadas no Ginásio de
Esportes quatro mesas para captação de votos para Reitor (uma para
servidores, com duas urnas, e três para alunos, com três urnas), e
quatro mesas para captação de votos para Diretor Geral (uma para
servidores, com duas urnas, e três para alunos, com três urnas). Tal
quantidade de mesas funcionou de maneira satisfatória, dada a
quantidade de mesários que se voluntariaram a colaborar com o processo
eleitoral, aos quais aproveito aqui para deixar meus agradecimentos.
Em alguns momentos, as mesas para alunos ficaram congestionadas, mas
os votantes aguardaram pacientemente e de forma organizada, e o
processo de votação não foi tumultuado.
       Quando os eleitores chegavam ao recinto de votação (a quadra do
Ginásio), eram direcionados primeiramente às mesas de coleta de votos
para Reitor, que ficaram colocadas em uma fileira próxima à entrada da
quadra, e depois eram direcionados para as mesas de coleta de votos
para Diretor Geral, situadas em uma segunda fileira paralela à
primeira, mais ao fundo da quadra. Os eleitores entravam por um portão
junto à arquibancada à esquerda de quem chega, e saíam por um portão
junto à arquibancada do lado oposto.

2.Das listagens de eleitores

       As listagens de eleitores foram fornecidas pela Comissão Eleitoral
Central. A lista de servidores foi oriunda da DGP, e a listagem de
alunos foi oriunda da Pró-Reitoria de Ensino, enviada a esta pela
Direção Geral do campus, que a obteve do Sistema Acadêmico Qualidata.
As listas de servidores foram agrupadas por categoria (Docentes e
Técnico-Administrativos), e as listas de alunos foram agrupadas por
curso. Todas as listas foram publicadas desta maneira no Portal do IFF
e, no caso do campus Campos-Centro, no quadro da Direção Geral (lista
de servidores) e no espaço dos pilotis do Bloco A (lista dos alunos).
A intenção era que os eleitores que não contivessem seu nome na listas
divulgadas pudessem procurar o motivo disso, e pudessem ter seu
direito a voto assegurado.

3.Da utilização das listagens no dia da votação

       No dia da votação, as listagens de servidores foram distribuídas para
as respectivas mesas captadoras de votos. No caso da listagem de
alunos, para ajudar a conferência de matrículas duplicadas e assim
impedir o voto duplo, foi gerada a partir do Sistema Acadêmico
Qualidata (mesma fonte da listagem divulgada) uma lista auxiliar,
porém ordenada nominalmente e sem distinção de curso. Assim, os nomes
dos alunos que tivessem mais de uma matrícula sairiam em sequência na
lista, e sua identificação seria imediata. Na hora do voto, a
instrução dada aos mesários era que colhessem a assinatura do eleitor
em frente a um dos nomes e riscassem os outros nomes que por ventura
aparecessem repetidos para ele. Esse era um expediente simples que
facilitaria bastante o processo, visto que existem cerca de 800 alunos
com duplicidade de matrícula no campus. Como Coordenador de
Planejamento e Acompanhamento Institucional, possuo o devido acesso ao
Sistema Acadêmico para eventuais consultas, e a obtenção de tal
listagem estava entre as permissões que me são garantidas no Sistema.
Ressalte-se que tal expediente foi de minha responsabilidade, mas para
utilizá-lo obtive o conhecimento e o consentimento dos membros da
Comissão Eleitoral Central presentes no início da votação – o seu
presidente, prof. Christiano Carvalho Leal do campus Campos-Guarus, e
o prof. Luciano Ferreira Machado do campus Quissamã.
       Com o começo da votação, foi identificado um problema na listagem
ordenada nominalmente, que apresentava-se incompleta em relação à
listagem agrupada por cursos anteriormente divulgada. A princípio, o
fato me pareceu estranho, pois a base de dados e o sistema utilizado
para a geração de ambas a listagens são os mesmos – a base do Sistema
Acadêmico Qualidata. Porém, possivelmente o fato pode ter se devido a
alguma falha técnica não detectada na operação do sistema, seja de
software ou mesmo de operador – no caso, eu mesmo.
       Para que a falha não comprometesse o andamento da votação, e com
pouco tempo para solucionar o problema, rapidamente contactei os
professores Christiano e Luciano, explicando o fato e explicando
também o procedimento que seria adotado pelos mesários, que foi o
seguinte: na chegada para votação, o aluno era encaminhado para uma
das mesas que continham a listagem ordenada nominalmente – as mesas
receberam partes da listagem de acordo com as letras dos nomes (A-I,
J-Q e R-Z); caso seu nome não aparecesse na lista ordenada
nominamente, o aluno era encaminhado para uma outra mesa, que tinha a
listagem agrupada por curso, esta completa. Para esta última mesa, os
mesários foram instruídos a eliminar as duplicidades, procurando em
cada curso o nome dos alunos, colhendo a assinatura em uma delas e
riscando as demais.
       O procedimento, que foi explicado aos mesários, teve a anuência dos
membros da Comissão Central, e também dos fiscais de candidatos
presentes no recinto. Ressalto em especial a atenção dada ao processo
de votação pelos colegas Revair Mendes e Fábio Alvarenga, ambos
servidores do Instituto e fiscais das candidaturas das professoras
Cibele e Guiomar, que a todo instante pediam esclarecimentos sobre o
procedimento de coleta de assinaturas, estando assim bem instruídos
sobre o mesmo, mostrando o devido zelo para que tudo transcorresse de
forma normal. Ressalto ainda que, como tive a responsabilidade de
gerar a lista nominal, e na ocorrência do problema relatado, assumi a
responsabilidade de fiscalizar pessoalmente o encaminhamento dos
alunos às mesas de votação, o que fiz durante todo o período de
votação, que transcorreu de 10h às 22h. Posso garantir aqui com
consciência tranquila que nenhum aluno que assinou a primeira lista
assinou também a segunda lista. Aqui, aproveito para agradecer ao
colega Revair Mendes, que me procurou após o término da votação para
ratificar que a fiscalização tinha ocorrido de forma eficiente.

4.Da conferência de votação duplicada

       Após o final da votação, o professor Christiano Leal, presidente da
Comissão Central, teve a louvável iniciativa de obter junto à
Diretoria de Ensino do campus uma listagem de todos os alunos que
possuíam mais de uma matrícula no campus, de modo que ele e seus
colegas da Comissão Central que apurariam os votos para Reitor
pudessem se certificar de que não houve ocorrência de voto duplo. A
lista com cerca de 800 nomes foi confrontada com as listas de
assinaturas dos votantes, e a mesa apuradora pôde constatar que de
fato não houve nenhum caso de duplicidade de voto, tendo sido assim
confirmado o êxito da solução utilizada.

5.Das assinaturas colhidas em local indevido

       Talvez o maior ponto de polêmica da votação, o fato da ocorrência de
sete assinaturas colhidas em local indevido na votação para Reitor,
tenha uma explicação bem simples, à luz do procedimento detalhado
anteriormente: os mesários que receberam os donos das assinaturas, ao
constatarem que seus nomes não constavam na lista ordenada
nominalmente (a incompleta), falharam ao não encaminhar os mesmos para
a mesa da listagem completa, preferindo colher as assinaturas no verso
da folha. Certamente é uma falha de administração, admitida por mim
enquanto presidente da Comissão Local e responsável pela organização
das mesas, porém perfeitamente tolerável em um universo de pouco mais
de 2000 votantes. Assim, as sete assinaturas corresponderiam a um
percentual de 0,35%, facilmente considerável como índice-traço em
qualquer pesquisa estatística.
       É importante ressaltar, e tenhamos atenção especial para este fato,
que os nomes dos sete alunos cujas assinaturas foram colhidas em local
indevido constavam na lista de eleitores. Assim, eles tinham direito a
voto, o que foi exercido por eles de forma regular.

6.Considerações finais

       O intuito desta carta foi prestar esclarecimentos à nossa comunidade,
enquanto responsável pela organização das seções eleitorais, e tentar
assim evitar a propagação de informações confusas, desencontradas e
infundadas a respeito do processo eleitoral. Ciente da
responsabilidade que me foi dada pelos colegas que ajudaram a me
eleger como membro da Comissão Eleitoral Local, e posteriormente
escolhido presidente da mesma pelos colegas de Comissão, senti-me no
dever de esclarecer com detalhes os fatos ocorridos.
       Em resumo, creio que com a explicação dada, pode-se concluir que a
forma como foram utilizadas as listas de alunos não alterou o direito
de voto de qualquer aluno, e nem contribuiu para aumentar o universo
de eleitores e o universo de votos depositados nas urnas. Ao final do
processo, as quantidades de votos depositados em todas as urnas
correspondiam às quantidades de assinaturas colhidas nas respectivas
listas de votantes. Assim, concluo com segurança e paz de espírito que
o resultado da eleição não foi maculado.
       Gostaria de acrescentar ainda que todo o processo eleitoral, desde a
formação das Comissões Eleitorais até a homologação do resultado,
passando por toda a fase de organização administrativa, transcorreu em
um período demasiadamente curto para toda a dimensão, a grandiosidade
e a complexidade do pleito. Sendo assim, fica a minha observação e a
minha sugestão para que os processos futuros possam ter um período bem
maior para sua organização, para que todos os responsáveis por sua
efetivação possam trabalhar com tranquilidade e minimizar a ocorrência
de falhas administrativas.
       Para finalizar, gostaria de frisar que em toda minha carreira de mais
de 18 anos como professor de ETFC/CEFET/IFF, sempre prezei a justiça,
a verdade, a boa-fé e o bom trabalho, como podem atestar, modestamente
falando, todos os colegas que comigo já conviveram e ainda convivem
profissionalmente. Como seres humanos, todos nós somos passíveis de
falhas. Espero que, com este comunicado, todas as pessoas envolvidas
e/ou afetadas de forma direta ou indireta pelo resultado do processo
tenham obtido a tranquilidade e a certeza de que o mesmo foi legítimo
e expressou a vontade de todos os eleitores que dele participaram, e
que não houve nenhum ato mal intencionado em relação à obtenção do
mesmo.

Campos dos Goytacazes, 19 de dezembro de 2011.

Jonivan Coutinho Lisbôa (SIAPE 1000552)
Presidente da Comissão Eleitoral Local
Instituto Federal Fluminense – Campus Campos-Centro

 

Atualização às 13h45 de 20/12/11: Alertado em comentário pelo leitor e também blogueiro André Lacerda, o blog fez a correção devido da conta política entre os 18 nomes que compõem Conselho Superior do IFF: 12 deles, não 15 como dito inicialmente, foram indicações da atual reitoria.

Em outro comentário, o leitor Rafael Lubak informou que também a Comissão Eleitoral Central do IFF, assim como o presidente da Comissão Eleitoral da campus Campos-Centro, divulgou sua própria nota de esclarecimento. Ainda que a Comissão Central, ao juízo deste blogueiro, tenha cometido um grave equívoco ao acatar inicialmente o pedido da atual reitoria para impugnar os votos de mais de 2 mil estudantes, pela suspeita de irregularidade (que se revelou inexistente) em apenas sete deles, a carta assinada pelo professor Christiano Carvalho Leal segue publicada abaixo. Afinal, dar duas versões do mesmo fato e com a mesma relevância de post, sem relegar uma delas à menor evidência de link em comentário, por julgá-la incômoda a projetos políticos e pessoais fracassados, é uma das tantas características que modestamente distinguem o caráter democrático deste espaço de outros, nos quais a democracia permanece a constituir um embaraçosa e cada vez mais conhecida contradição entre discurso e prática…

 

 

 

 

Atualização às 15h15: Por e-mail, o blogueiro recebeu outra carta de esclarecimento, da atual reitora Cibele Daher, derrotada nas eleições do IFF, assim como todos seus candidatos a diretores gerais dos campi Campos-Centro, Macaé e Bom Jesus do Itabapoana. Democraticamente, ela segue publicada abaixo…

 

Carta ao Conselho Superior e à Comunidade do IFF e à Comunidade em Geral

 

O Instituto Federal Fluminense, esta instituição que tem um compromisso tão forte com a educação como alternativa de inclusão social passou pelo seu primeiro processo eleitoral para a escolha de seu Reitor(a) para os próximos 4 anos.

Oriundo da antiga Escola Técnica Federal de Campos, em 1999 transformada em CEFET Campos vivenciou durante as últimas semanas um Processo Eleitoral intenso com o objetivo de que toda a comunidade do IFF pudesse ter o direito de escolher os seus candidatos a Reitor/a e a Diretor/a Geral de três câmpus o câmpus Campos Centro, o câmpus Macaé e o câmpus Bom Jesus.

Para que este Processo pudesse transcorrer da melhor forma possível e conforme estabelecido pelos princípios democráticos e republicanos que sempre nortearam esta instituição de ensino, foram seguidos todos os trâmites legais necessários.

A nossa candidatura à Reitoria para dar continuidade a um processo por nós iniciado de implantação do Instituto foi sempre com o apoio das comunidades de todos os nossos câmpus que reconheciam a condução de nosso trabalho e a nossa luta tão grande pela igualdade de tratamento e pelo fortalecimento de todos os nossos câmpus a favor de um Instituto cada vez mais reconhecido e melhor.

No entanto, após estas semanas que culminaram com os resultados que hoje serão homologados é minha obrigação esclarecer a este Conselho Superior, que é o Conselho Máximo desta instituição os fatos graves e de profundo desrespeito ao trabalho sério e comprometido com a democracia que sempre desempenhamos no cargo de Diretora Geral e Reitora e também como servidora pública.

O Processo Eleitoral do IFF teve a sua condução definida sempre junto a este Conselho Superior e assim, cabe a mim como candidata, em meu nome e em nome da professora Guiomar Valdez, Pró-Reitora de Desenvolvimento Institucional, candidata à Diretora Geral do câmpus Campos-Centro, prestar esclarecimentos necessários à correta interpretação de fatos ocorridos no decorrer do Processo Eleitoral e que demonstraram o quanto a disputa acirrada por poder tem colocado a nossa instituição refém de interpretações que não condizem com o trabalho aqui desenvolvido.

Por isso acho muito importante esclarecer estes fatos ocorridos durante o processo, e, em especial o último deles, a questão da impugnação da urna que continha votos de estudantes do campus Campos Centro do IFF.

Algumas ações que vivenciamos neste processo eleitoral muito incomodaram a toda a comunidade do IFF, e os momentos de agressividade e de condução pela candidatura contrária foram, a todo momento, questionados pelos diversos câmpus de nosso Instituto e ao longo do processo, acreditando na lisura e na condução da Comissão Eleitoral eleita para este fim, evitamos fazer questionamentos. A nossa preocupação enquanto candidata ao pleito foi a de defender da melhor maneira possível as nossas idéias perante a comunidade do IFF.

Mas não há como não registrar acontecimentos que passamos agora a relatar e que gostaríamos que este Conselho Superior tivesse conhecimento e também que ficassem registrados na Ata de homologação do resultado das eleições, sobre a eleição de Reitor, em especial.

1 – Durante todo o processo eleitoral foi ostensiva a utilização pela candidatura contrária de pessoas de fora da instituição, “alunos profissionais” que na campanha em todos os câmpus e também no último dia durante a ação de boca de urna, de forma agressiva acuavam os estudantes e servidores da própria instituição;

2 – Na data do pleito, dia 14 de dezembro,permanecemos no câmpus Centro junto à candidata Guiomar Valdez, quando fomos alertados por fiscais da professora Guiomar Valdez de que havia mais de uma lista de alunos, com indícios de votação em duplicidade, uma vez que as listagens de alunos da responsabilidade do câmpus Centro não tinham sido apresentadas por ordem alfabética, o que garantiria que todos os alunos aparecessem numa única lista.

3 – Diante disso, enviamos à Comissão Eleitoral um requerimento solicitando providências ainda na tarde de 14 de dezembro mas não recebemos nenhuma resposta. Tivemos também várias denúncias de que as listagens de estudantes do câmpus Centro teriam sido disponibilizadas ao vereador Kelinho, ligado ao ex-prefeito de Campos Garotinho, e que o mesmo teria feito contatos telefônicos com vários estudantes pedindo votos para a candidatura de Luis Augusto a Reitor e Jefferson a Diretor e também encaminhamos documentos a Comissão Eleitoral para que fossem apuradas estas denúncias, uma vez que o regulamento proibe isto.Não recebemos qualquer comunicação da Comissão Eleitoral sobre a questão.

4 – Uma vez finalizado o pleito, fomos acompanhar as apurações no Ginásio de Esportes do câmpus Centro do IFF que primeiro teve a apuração para Diretor Geral de câmpus e na qual foi eleito o professor Jefferson Manhães de Azevedo, sendo que logo depois após terem chegado as urnas dos demais câmpus do IFF foi iniciada a apuração para Reitor/a.

5 – Já pela madrugada, acompanhamos o trabalho de apuração pela Comissão Eleitoral Central, que deciciu que ela mesma faria a apuração, e já neste momento, foi anunciado pela Comissão Eleitoral que havia um problema com os votos de urnas dos estudantes do câmpus Centro, sendo que havia um acréscimo de 50 votos que não estavam presentes nas listas apresentadas. Estes 50 votos passaram a 70 votos, depois a 90 votos e também foram detectados que havia acréscimos na listagem a mão e sem a autorização da mesa receptora, de sete pessoas.

6 – Diante da demora na apuração e do cansaço de todos os presentes fizemos uma sugestão por meio de nossos fiscais de que fossem apuradas então as urnas de servidores técnico-administrativos e de docentes e que se deixasse a apuração dos estudantes para depois já que havia o problema que não tinha ainda sido resolvido.

7 – Apuradas as urnas de servidores e de docentes chegou-se a um número que poderia ser lido como um empate técnico, com a vantagem de um pequeno percentual para a nossa candidatura.

8 – Ao se voltarem à resolução do problema das urnas do câmpus Centro de discentes, dois problemas aconteceram: um porque a Comissão Eleitoral surpreendentemente juntou todos os votos destas urnas, que eram em número de três, sem fazer a verificação de cédulas com as listagens; outro porque uma vez isto feito, ao detectarem que havia discrepância primeiro de 50 votos, depois de 70 votos, depois de 90 votos não havia mais condições de se detectar em qual das urnas estava localizado o problema, o que gerou também um outro impasse, a se anular teria que ser todos os votos e não apenas aqueles da urna comprometida.

9 – O procedimento determinado pela Comissão Eleitoral foi o de conferir a listagem toda de novo, em presença de fiscais das duas candidaturas, e aí se chegou à conclusão que o número de cédulas batia com a listagem, que o problema era da listagem mal feita e sem espaço para a verificação;

10 – Não compreendendo como antes, no início da apuração se proclamou que havia uma diferença de 50 votos, depois de 70 votos, constatação que foi feita pela própria Comissão Eleitoral o que depois se transformou em apenas sete votos que não constavam na lista e que nem foram autorizados pela mesa receptora, fizemos mais uma vez um recurso solicitando que a Comissão Eleitoral impugnasse a urna com problemas;

11 – A Comissão Eleitoral se reuniu, e decidiu por unanimidade que iria impugnar a urna de votos de estudantes do câmpus Centro e que procederia à contagem de votos das demais urnas dos outros câmpus.

12 – Em ato contínuo, o professor Jefferson Manhães de Azevedo em todos os momentos atuando como representante de Luiz Augusto incitou todos os estudantes do câmpus Centro ali presentes a invadirem a Reitoria do IFF porque a Reitora estava contra os estudantes e não queria que os votos deles fossem contados.

13 – Mais uma vez, com a participação dos “estudantes profissionais”, a Reitoria foi invadida, desrespeitada, arrombaram portas, roubaram a pasta que lá estava com cópias de todos os recursos que entregamos à Comissão Eleitoral e apoiados pelo professor Jefferson Azevedo, os estudantes impuseram à Comissão Eleitoral a contagem destes votos, mesmo depois de a Comissão Eleitoral ter sido unânime de que isto não seria possível por causa das discrepâncias e indícios de fraudes com a votação.

14 – Foram então chamados pela Reitoria com o obejtivo de apoiar a Comissão Eleitoral o Procurador Federal e o professor Hélio Gomes representando o Conselho Superior, que por sua vez decidiram acionar a Polícia Federal para se tentar resolver o impasse da invasão da Reitoria e, também para se fazer a conclusão da apuração, e, como parte da negociação, uma mesa foi estabelecida com a participação da Polícia Federal, do Presidente da Comissão Eleitoral, de membro do Conselho Superior, do Presidente em exercício do Conselho Superior, do Procurador Federal, do Presidente do Grêmio Estudantil e de representação jurídica do SINASEFE, para com a participação dos dois candidatos se fizesse um Acordo para que a urna, antes impugnada pela Comissão Eleitoral, fosse apurada. E concordamos com a apuração dela apesar de tudo o que relatamos. Também foi acordado pelos estudantes que caso não se apurasse, novamente e Reitoria seria invadida até que isto acontecesse.

Bem, concluindo, quero apenas reiterar junto a este Conselho Superior que desejo que o resultado das eleições seja homologado. O que rogo à Presidência da Comissão Eleitoral eleita e de posse das prerrogativas que a legislação lhe impõe e também a este Conselho Superior é que façam constar em Ata todo o ocorrido neste pleito eleitoral. Esta é a verdade dos fatos e que solicitamos que seja tornada pública. Não podemos continuar a ser acusados de golpe quando na verdade, as ações ocorridas é que demonstram a truculência de nossos adversários.

Repito, assim como o fizemos em vários de nossos debates que em nossa trajetória de serviço público, de 35 anos, 34 foram dedicados a esta instituição de ensino, e como tal, sempre tivemos compromisso com a verdade e com a lisura e por isso não podemos admitir que aqueles que me sucederão por um desejo de apagarem a minha história de educadora e de implantação deste instituto federal, queiram inverter a lógica dos fatos e atribuir a mim ofensas pessoais que não condizem com a verdade.

Aproveito ainda para dizer a este Conselho Superior que tenho tido a honra de ter inúmeras manifestações de solidariedade de inúmeras pessoas de todos os câmpus do IFF e também da sociedade que sei que torciam pela nossa eleição. E que também represento com este documento os servidores e estudantes de todos os câmpus do Instituto Federal que nos apoiaram (1934 estudantes, 265 técnico-administrativos e 251 docentes de todos os nossos câmpus) e que esperam de nós uma condução firme e corajosa neste momento e que precisam seguir em frente, certos de que mesmo com os percalços a luta vale a pena e que não devemos nunca desistir dos princípios e dos sonhos que temos.

 

Cibele Daher Botelho Monteiro – Reitora do IF Fluminense

 

Atualização às 16h01: No meio de tantas versões, para que o paciente leitor que conseguiu chegar até aqui não se confunda, suas publicações no post obedeceram à ordem na qual elas foram enviadas ao blogueiro. No entanto, em cronologia inversa na linha real do tempo, a carta da atual reitora foi escrita antes, na sexta-feira, gerando as duas notas de esclarecimentos das Comissões Eleitoriais Central e do campus Campos-Centro, divulgadas ontem. Espera-se que, a despeito do jus esperniandi (direito de espernear) dos derrotados, as confusões cessem a partir do próximo ano, quando a democracia reconquistada nas eleições da semana passada poderá finalmente voltar a dar as cartas no comando da principal instituição de ensino de Campos e da região.

IFF e democracia, o reencontro

Por Aluysio Cardoso Barbosa

Em 1986, com o Brasil saindo de 21 anos de ditadura militar, a então Escola Técnica Federal de Campos fez história ao ser a primeira em todo o país a eleger democraticamente seu diretor. Escolhido pelo voto, o professor Luciano D’Ângelo fez uma administração de destaque, que depois, despojado de projetos megalômanos de poder, naturalmente o credenciou ao ingresso na política partidária. Aquele foi um momento muito bonito, não só da escola, mas de toda Campos enquanto coletividade na qual aquela estava inserida, prova inconteste de que, para o bem e para o mal, os muros que separam uma da outra devem ser transpostos sempre que a necessidade se impuser.

Duas décadas depois, por motivos reais inconfessos, essa história marcada pela vanguarda democrática começou a ser manchada justo quando a mais importante instituição de ensino de Campos e região deveria alcançar seu maior esplendor, com a passagem para Instituto Federal Fluminense (IFF), a partir da lei federal 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Antes disso, sabendo da elaboração da nova lei, o grupo da direção geral que seria transformado em reitoria começou a revelar o caráter de um plano arquitetado com muita ambição e pouco talento, visando à perpetuação no poder. Na primeira manifestação dessa psicopatia política, a vítima foi o campus de Macaé, privado de eleger democraticamente seu diretor, como estava previsto para fazer em julho de 2008 e a exemplo do que vinha fazendo desde 1994.

Infelizmente, esse retrocesso democrático não seria o único a brotar da mesma fonte e pelos mesmos motivos. Em 30 de março de 2009, numa reunião da reitora com seus pró-reitores, ela teria anunciado a intenção de manter sua indicação ao diretor do campus Campos-Centro por nada menos que três anos, período no qual a comunidade acadêmica do mais importante campus do IFF seria também privada do direito ao voto. A denúncia foi feita em carta aberta pelo professor Jefferson Azevedo, eleito como vice da diretora geral feita reitora, que entregou seu cargo de pró-reitor naquela mesma reunião e rachou o grupo.

Ainda em 2009, a 28 de dezembro, a vocação antidemocrática do grupo da reitoria perdeu qualquer vergonha para descer ao nível mais baixo da mesquinhez. Diretor do campus de Cabo Frio, o professor César Dias foi não apenas exonerado do cargo, como obrigado pela reitoria a voltar a lecionar em Campos, depois de já instalado com toda sua família no outro município. O motivo: o professor “ousou” não se alinhar aos donos do poder do IFF, preferindo ficar ao lado da comunidade acadêmica que dirigia e tinha opinião própria para a eleição do Conselho Superior. Para continuar em Cabo Frio, ao lado da sua família, César Dias teve que recorrer à Justiça.

Mudou o ano, mas não o caráter das ações daquele grupo. Em fevereiro de 2010, o IFF voltou a macular sua história democrática ao ser um dos últimos no Brasil a dar posse ao mesmo Conselho Superior, numa tentativa até infantil de se adiar as eleições para diretores dos campi Campos-Centro e Macaé, cujas campanhas ficaram reduzidas a apenas cinco dias. O objetivo, em outra mostra de mesquinhez infantil, era diminuir ao máximo o contato eleitoral dos candidatos da oposição e suas propostas com estudantes, professores e servidores.

Foi também em 2010 que o caráter despótico do comando do IFF aparentemente rompeu os limites da legalidade. Pelo menos este foi o entendimento do Ministério Público Federal, que recomendou a anulação de um concurso público para jornalista gabaritado e vencido pela noiva do diretor responsável pelo mesmo concurso. Como a denúncia do MPF ainda espera julgamento da Justiça, não se cabe condenar ninguém previamente, embora aqui caiba como luva o velho ditado sobre a mulher de César, aquela a quem não basta ser honesta, é preciso também parecer.

Como cedo ou tarde os julgamentos ocorrem, quem tanto atentou contra a democracia não mereceria melhor sorte em seu exercício. Mesmo com todas as facilidades dos que estão no poder, os donos dele no IFF foram humilhantemente desapropriados nas eleições da última quarta-feira, em todos os quatro cargos disputados, para diretor dos campi Campos-Centro, de Macaé e de Bom Jesus do Itabapoana, além da própria reitoria. Na iminência daquele fim trágico e melancólico, ainda que previsível, o grupo da reitoria ainda deu seu último suspiro autocrático ao tentar impugnar os votos de mais de dois mil estudantes pela alegação de irregularidade em apenas sete deles.

Para garantir a vontade expressa dos alunos nas urnas, a apuração da eleição demandou a presença da Polícia Federal. Lição por certo severa, mas de um didatismo a toda prova para todos, dentro e fora da escola, sobre o tipo de política que seus dirigentes vinham praticando.

Reeleito para o campus Campos-Centro, o professor Jefferson, em meio às comemorações da vitória, não escondeu seu lamento: “Triste que uma escola marcada por ter sido a primeira no Brasil a escolher democraticamente seu diretor, hoje seja obrigada a ter a Polícia Federal como mediadora da sua eleição”.

Com as medidas anunciadas pelo reitor eleito Luiz Augusto Caldas, de abrir mão da sua prerrogativa de indicar para permitir a eleição dos diretores dos campi Guarus, Cabo Frio, Quissamã e Itaperuna, coisa que a atual reitoria nunca pensou em fazer, e com a transferência desta para sede própria, visando dar autonomia ao campus Campos-Centro, coisa que a atual reitoria se negou a fazer, o IFF parece destinado a reencontrar sua natureza libertária. Muito embora essa retomada possivelmente vá enfrentar a oposição biliar dos que foram destronados pelo voto, responsáveis em tempos idos pelo famigerado e apócrifo jornal “A Tocha”, com os mais baixos ataques pessoais e caluniosos a todos seus adversários, cujos grunhidos ainda ecoam, hoje dublados virtualmente, isso não pode ou deve obstar quem conta com a luz da democracia para espargir as sombras de um despotismo mal disfarçado em sua arrogância, condenado pelo voto à aposentadoria.

Dentro e fora dos muros da escola, esse reencontro do IFF com a democracia, mais que desejo, é exigência.

Democracia vence prova de fogo no IFF

Foto feita hoje no IFF por Antonio Cruz
Foto feita hoje no IFF por Antonio Cruz

 

Em 26 de abril de 2009, a Folha publicou uma entrevista de página inteira, feita por este jornalista e blogueiro, com o então diretor de Políticas da secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, Luiz Augusto Caldas. Motivada pela tentativa do grupo da reitoria do Insituto Federal Fluminense (IFF) de adiar a eleição nos campi Campos-Centro e Macaé, bem como pela reação nos protestos dos estudantes e na ruptura do professor Jefferson Azevedo, aquela entrevista cumpriu seu papel democrático ao tornar pública uma discussão eivada de denúncias e polêmicas, até então restrita aos muros da principal instituição de ensino de Campos e região, com um orçamento de R$ 160 milhões, superior ao de muitas cidades, previsto para o ano que vem.

Os estudantes do IFF hoje comemoraram muitas vitórias: a de Jefferson, a de Luiz Augusto e a da validação dos seus votos (foto de Phillipe Moacyr)
Os estudantes do IFF hoje comemoraram muitas vitórias: a de Jefferson, a de Luiz Augusto e a da validação dos seus votos (foto de Phillipe Moacyr)

Hoje, com a vitória da oposição consolidada na eleição à diretoria de três campi (Campos-Centro, Macaé e Bom Jesus do Itabapoana) e, sobretudo, na própria reitoria do IFF, a despeito de mais uma tentativa de manobra por parte da situação, que demandou a presença da Polícia Federal na escola para garantir os votos dos estudantes, este jornalista e blogueiro, assim como a Folha, se orgulham por terem cumprido seu papel em defesa da democracia. E o sentimento se robustece pelo fato da questão ter sido solene e premeditadamente igonorada, de abril de 2009 a este dezembro de 2011, por todo o excedente da mídia local, inclusive aquela desprovida de senso de ridículo ao bravatear sua… “independência”. 

Sempre que a democracia constituir um embaraçoso paradoxo entre discurso e prática, qualquer projeto de poder é natimorto. Que os vencedores e vencidos, dentro e fora do IFF, saibam seguir em frente sem nunca deixar para trás essa certidão mista, de nascimento e óbito, lavrada hoje pelo poder soberano do voto. 

 

Reitora Cibele Daher recebe no IFF a Polícia Federal para garantir os votos dos estudantes na eleição em que seu grupo foi apeado do poder (foto de Antonio Cruz)
Reitora Cibele Daher recebe no IFF a Polícia Federal para garantir os votos dos estudantes na eleição em que seu grupo foi apeado do poder (foto de Antonio Cruz)

 

Quem quiser saber como toda essa história começou a vir à tona, basta clicar abaixo sobre a página…