De Drummond a Mundinho

Dos vários espaços dedicados a humor nas redes sociais, um dos melhores, sobretudo entre aqueles que buscam ser universais ao refletirem sua tribo, é o “Campista Cabrunco”. Se todos nós somos faces da mesma humanidade, um dos rostos goitacá mais conhecidos, pelo menos para quem tem mais de 25 anos, o saudoso Mundinho, morador de rua referencial com seus gritos estridentes e inconfundíveis, não chegou a ser conhecido por Carlos Drummond de Andrade. Pelo menos, não nas aventuras de existência análogas entre o louco e o poeta, que ambos viveram, inundados de luz própria.

Mas quase certamente, onde quer que os dois estejam agora, o poeta gauche de Itabira autorizaria de pronto a adaptação, ao lírico louco de Campos,  de um trecho bastante específico do seu “Poema de sete faces”…

Mundo mundo vasto mundo
se eu me chamasse Raimundo
mais que rima, seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto era seu coração.

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Este post tem 5 comentários

  1. Savio

    Bacana, isto!É incrível, mas acabamos sentindo saudades dos “tipos populares”! Ainda hoje, me dirigindo para o trabalho, passei nas proximidades da 28 de Março com a “Rua das Palmeiras” e me perguntei sobre um rapaz que ficava todas as manhãs olhando o movimento na janela. Ele tinha problemas psiquiátricos, mas era sempre de uma grande gentileza!
    Eu passava por ali todos os dias e o cumprimentava:

    __Bom dia, Fernandinho!

    E ele sempre respondia alguma frase, que ainda com palavras emboladas, sempre acompanhadas de um vasto sorriso!

    Quanto ao “Mundinho”, embora soltasse palavrões e desse verdadeiros urros perante à “chacota” provocativa, se tratado com respeito, ele jamais importunava.
    O fato é que tais “tipos populares” fazem parte da paisagem urbana, da paisagem social. De alguma forma, mesmo sem querer, eles estiveram ou estão conosco, e sempre à revelia do que convencionamos chamar de “Ordem”.
    Às vezes, fico me perguntando, quem são “de fato” os alienados!
    Parabéns pela postagem!

  2. Maria

    Lembro-me bem dele…

  3. Luis Cesar

    “Mundinho sua mãe morreu!!”

    A molecada não prestava (eu inclusive).

  4. Rodrigues

    Esse era realmente uma “figura”,ingênuo, divertido, uma pessoa que alegrava o nosso dia-a-dia.
    Deu saudades dessa época!

  5. Erivelton

    Ele morava na Lacerda Filho, com a mãe dele falecida dona Ana. Tempos após a morte de Mundinho, veio um outro filho que ela tinha, e a levou pra morar com ele e a família dele.
    Já fui em alguns aniversários de Mundinho, ele convidava todo mundo, o pessoal q tinha um padrão de vida mais elevado da cidade gastavam pra fazer uma festa pra ele, apesar dele receber uma ajuda do governo por problemas psiquiátricos, ele era uma criança no corpo d um adulto, via ele saindo de casa pela manhã cantando e indo pro centro, e retornando d tardezinha pra casa, uma vez ele quebrou a perna, e as mulheres indo na casa dele ajuda ele e a mãe dele q já era idosa.

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