Da última viagem feita por meu pai, Aluysio Cardoso Barbosa, a Belém do Pará, entre o final de maio e o início de junho, um pouco antes de descobrirmos sua doença, meu irmão Christiano tirou e publicou no fa-cebook uma foto, por ele carinhosamente batizada de “O rei da Amazônia”. Na ocasião, republiquei-a em meu próprio mural nas redes sociais, acompanhada de um empréstimo dos versos do nosso grande modernista Mário de Andrade (1893/1945), em diálogo próprio e franco com “Vou-me embora para Passárgada”, poema mais conhecido de Manuel Bandeira (1886/1968).
Grande amigo de Manuel, Mário atuou com brilho em quase todas as áreas da cultura brasileira, embora tenha ficado mais conhecido pela face do prosista, exposta sobretudo em “Macunaíma”, romance publicado em 1928 e considerado sua obra prima, que escreveu só após buscar e encontrar seu país e seu povo, em viagens ao Norte e Nordeste brasileiros…
Poema XIV
Vou-me embora, vou-me embora
Vou-me embora pra Belém
Vou colher cravos e rosas
Volto a semana que vem
Vou-me embora paz na terra
Paz na terra repartida
Uns têm terra, muita terra
Outros nem pra uma dormida
Não tenho onde cair morto
Fiz gorar a inteligência
Vou reentrar no meu povo
Reprincipiar minha ciência
Vou-me embora, vou-me embora
Volto a semana que vem
Quando eu voltar, minha terra
Será dela ou de ninguém
Publicado hoje, na edição da Folha Letras, na contracapa da Folha Dois.
A sensibilidade está no ar…
Saudade doi e dói muito,imagino ,mas vai passar,lembranças boas só fazem bem,né?
Esta foto está perfeita.
E o texto veio a calhar.Perfeito…..