Artigo do domingo

O “rolo” sem perdão

Por Rodrigo Gonçalves

É frustrante, mas vamos e venhamos que nem os mais otimistas achariam que fosse diferente. Na verdade nunca foi aqui e em qualquer contexto político. Quando se formou a Câmara Municipal de Campos com 19 vereadores eleitos pela situação e seis pela oposição já se imaginava que a minoria teria que gritar muito alto para ser ouvida. Mas o que já era difícil ficou aparentemente ainda pior quando dois dos “opositores”, José Carlos (PSDC) e Álvaro César (PMN) admitiram que eram mesmo da situação. Analisando bem, nem acho que foi negócio tão ruim assim. Não, melhor dizendo, acho que para os “ex-oposicionistas” nem foi tão bom, ao menos que justificável pela simpatia gratuita aos Garotinhos. Estão tão apagados. Afinal, não está fácil nem para os mais experientes da situação ter um minuto da palavra. Ouve-se falar mais da oposição do que de… Quem mesmo? São 21, na verdade 25, fica difícil até de lembrar dos nomes para muitos. E nem é exagero, quando se vive em uma cidade, onde seu voto tem um preço além de exercer a democracia.

E nem dá para dizer que certas situações vividas hoje na Câmara de Campos não fazem parte da democracia, já que só se tem uma Câmara com 21 contra 4, porque a população quis assim. Foi manobrada, pensa você. Penso eu também, mas quem mais deveria pensar assim não pensa. Fomos votos vencidos e olha que nem voto em Campos, porque sou cidadão sanjoanense. Porém, até que se prove o contrário, quem apostou na oposição de Campos não tem se decepcionado. Há muito tempo não se ouvia discussões tão consistentes na Câmara em tão pouco tempo de mandato, como se tem ouvido hoje. É como se cartas muito bem guardadas fossem tiradas da manga.

A palavra de ordem entre os vereadores da situação parece ser o silêncio, quebrado por esta ou aquele porta voz, escolhido a dedo a cada embate. Muitos se coçam a cada crítica à Saúde, Educação, Transporte e qualquer fruto do mau emprego dos royalties. Tem que engolir a seco para não correr até a tribuna. Mas como não falar besteira? Como não cavar a própria cova, a do governo, diante de matérias tão técnicas. Por isso, a ordem é definir quem responde e calar aos que talvez não tenham na própria situação uma situação tão confiável, não no sentido da traição, mas no despreparo mesmo.

O “rolo compressor” na Câmara não tem esmagado só a oposição. Ele tem passado por cima até daqueles da situação que não podem falar, porque são colocados como incapazes de se defender. Não que sejam, no entanto acabam sendo quando levantam o dedo a cada pedido de informação feito e negado. Por que se nega o que até o cidadão mais comum tem o direito de saber? Porém quem quer saber em Campos? A maioria hipoteticamente demonstrou que não quer ao eleger 21 vereadores governistas e 4 opositores. Resta respeitar a democracia destorcida, a mesma que elegeu a situação e a oposição também.

Uma vez eleito, seja esse ou aquele, tem o direito de fazer valer seu mandato. E é isso que se espera. Com o pedido ou a negação, o que se espera é só um trabalho bem feito, não agradar só ao patrão, mas ao cliente também. É dar voz a população, mesmo que parte dela representada por uma minoria. Mas, para isso, tem que se ter voz sem que se tenha o direito de falar cerceado. É desrespeitar a democracia, a mesma que elegeu quem cala e consente ou a quem diz não se calar.

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