Tempos estranhos
Ainda não estamos nos “tempos interessantes” da maldição atribuída a Confúcio, tempos em que os riscos e os sofrimentos não cessam, impedindo a tranquilidade. Mas, pelo andar da carruagem, chegaremos lá.
Bastaria o caso da controvérsia causada pela declaração do ministro Gilberto Carvalho a um grupo de índios, revelando que a presidente havia dito que a ordem judicial de reintegração de posse da fazenda Buriti, em Mato Grosso do Sul, não deveria ter sido cumprida, para exemplificar os tempos estranhos que vivemos.
Dilma, evidentemente, garantiu em público que o governo brasileiro cumpre as leis. Carvalho soltou uma nota dizendo que fora um equívoco dele, que queria apenas demonstrar o sentimento da presidente pela morte de um índio no conflito.
Das duas, uma: ou Carvalho disse a verdade inconveniente, que não podia ser revelada, ou mentiu para os índios na tentativa de acalmá-los. Nas duas hipóteses, seria um auxiliar ineficiente, mas em Brasília acredita-se mais na primeira, o que desvenda mais uma vez a alma autoritária da presidente Dilma.
E é essa índole autoritária que vem sendo posta à prova nestes tempos conturbados que vivemos. Quando afirmou, por exemplo, que não sacrificaria o desenvolvimento para conter a inflação, deixou no mercado a certeza de que aceitaria um pouquinho de inflação para aumentar o PIB, o que colocou todo mundo em alerta, com efeitos óbvios.
Mais adiante, disse que o país não tinha meios de controlar a subida do dólar, e mais uma vez o mercado se alterou.
A confusão em torno dos saques antecipados do Bolsa Família é mais um exemplo de como um governo descoordenado pode se machucar por conta própria. Diante do tumulto provocado por um suposto boato de que o programa iria acabar, Dilma disse que aquele era um ato “desumano”.
O ex-presidente Lula lamentou a existência de pessoas “capazes de fazer tanto mal” aos mais pobres. E a ministra Maria do Rosário apressou-se pelo Twitter a insinuar que a origem dos boatos era a oposição.
Logo ficou claro que o erro fora cometido pela própria Caixa Econômica Federal, que liberou o pagamento do Bolsa Família sem obedecer ao calendário que ela própria estabelecera desde sempre.
Com isso, pessoas que foram ao banco fazer outras transações descobriram que o dinheiro já estava lá, e começou o boca a boca sobre a liberação antecipada.
Muitos entenderam que aquele era um sinal de que o programa iria acabar, outros acharam que era um bônus pelo Dia das Mães, o que marca bem o maternalismo que domina nossa política.
Não se fala mais do tal call center do Rio de Janeiro que supostamente espalhara o boato. O presidente da Caixa teve de admitir o erro depois de tentar escondê-lo, e só o fez porque a “Folha de S. Paulo” denunciou que os pagamentos haviam sido antecipados.
Junto a essas trapalhadas, vêm as notícias ruins da economia, que resultam em advertência da agência Standard & Poor’s de que o grau de investimento que o Brasil ganhou no governo Lula pode ser cassado se nos próximos dois anos a economia continuar demonstrando tamanha fraqueza e, sobretudo, problemas de inconsistência como inflação alta e déficits.
Já há quem mais uma vez sugira tirar o B do acrônimo Brics.
Nenhum dos programas oficiais está com seu cronograma em dia, seja o PAC, seja o Telefone Para Todos, seja o Minha Casa Minha Vida, ou as obras para a Copa do Mundo. Ou a queda forçada dos juros, que agora está tendo que ser revertida, ou a redução do custo da energia elétrica, que não chega aos 20% prometidos na televisão.
Todos têm a mesma característica: saem mais caro do que o anunciado e atingem menos pessoas. Simplesmente porque não correspondem a nenhum planejamento, são fruto de um voluntarismo que não se baseia na realidade.
Algo assim como querer tirar da rota do avião presidencial as nuvens turbulentas.
Publicado hoje, na edição impressa de O Globo.
Mesmo com toda a máquina,
Dilma cai 8 pontos no
Datafolha.
A popularidade da presidente Dilma
Rousseff caiu pela primeira vez desde
o início de seu mandato, há dois anos.
Pesquisa feita pelo Datafolha na quinta
e na sexta-feira mostra que 57% da
população avalia seu governo como
bom ou ótimo. São 8 pontos a menos
que no levantamento anterior, feito em
março. A presidente perdeu
popularidade entre homens e
mulheres, em todas as regiões do país,
em todas as faixas de renda e em
todas as faixas etárias, segundo o
Datafolha.
Os números do Datafolha indicam que
a deterioração da imagem de Dilma é
um reflexo do aumento do pessimismo
dos brasileiros com a situação
econômica do país e mostram que a
população está mais preocupada com
a inflação e o desemprego. Para 51%,
a inflação vai subir. Em março, esse
índice era de 45%. A mesma tendência
pode ser observada em questões sobre
desemprego, poder de compra do
salário, situação econômica do país e
do próprio entrevistado.
Apesar da queda de popularidade, a
presidente Dilma Rousseff continua
sendo a favorita para vencer a eleição
presidencial do ano que vem. No
cenário mais provável da disputa, em
que teria como adversários a ex-
senadora Marina Silva (Rede), o
senador Aécio Neves (PSDB) e o
governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB), Dilma teria 51% das
intenções de voto, segundo o
Datafolha.
São sete pontos a menos que o
verificado no levantamento anterior, de
março. Mas ainda assim é o suficiente
para liquidar a eleição já no primeiro
turno. Em segundo lugar, com os
mesmos 16% da última pesquisa,
aparece Marina, atualmente engajada
na criação de um novo partido político,
a Rede Sustentabilidade.
Aécio foi o único que cresceu em
relação ao levantamento de março. Ele
tem agora 14% das intenções de voto,
quatro pontos a mais que na pesquisa
anterior. Nessas oportunidades, Aécio
criticou o governo com muita ênfase
na inflação, objeto de crescente
preocupação da população, conforme a
mesma pesquisa.
Em quarto lugar na pesquisa, com 6%
das intenções de voto, aparece o
governador de Pernambuco, Eduardo
Campos (PSB). O índice é mesmo
obtido por ele no último levantamento.
A pesquisa foi realizada nos dias 6 e 7
de junho. Foram feitas 3.758
entrevistas. A margem de erro é de 2
pontos percentuais para mais ou para
menos.(Folha de São Paulo)
Alô, Dilma, escreva: vai cair ainda mais.
A marolinha do Lula chega à mesa dos cidadãos. O dragão está de volta, com remarcações em todos os supermercados. A população já reduz até a compra de alimentos. É só o começo. Lula, o grande responsável pela crise, e que ainda mantém um dos pés no palácio, deve estar se divertindo. Sonha com o retorno – o retorno que, pensa ele, os ignorantes lhe concederão.
Alô, Dilma, escreva: vai cair ainda mais.
A marolinha do Lula chega à mesa dos cidadãos. O dragão está de volta, com remarcações em todos os supermercados. A população já reduz até a compra de alimentos. É só o começo. Lula, o grande responsável pela crise, e que ainda mantém um dos pés no palácio, deve estar se divertindo. Sonha com o retorno – o retorno que, pensa ele, os ignorantes lhe concederão
Sai de baixo
Dilma recebeu em primeira mão a informação da queda de 4 a 8 pontos percentuais na aprovação do seu desempenho, dependendo da classe social, e o motivo é o retorno da inflação. Madame ficou nervosíssima
http://www.claudiohumberto.com.br/principal/
Caros Marcio Guimarães e Jaci Capistrano,
Grato pelos toques acerca da pesquisa, cuja matéria da Folha de São Paulo já foi postada três posts acima.
Abçs!
Aluysio
Nota 10 o post!
Aluysio,
Tendo dúvidas a respeito deste episódio envolvendo o Bolsa Família. Se você quiser te levo a pessoa que me passou as informações.
Esta pessoa é baiana e a família vive na Bahia. A irmã dela, na Bahia, recebeu várias informações desencontradas. A 1ª foi de que um determinado deputado havia feito um recadastramento e, a irmã dela que ganha X ele declarou que ela ganhava XXX e não teria mais direito a Bolsa Família. A outra foi de que por ser Maio haveria um pagamento extra por causa do dia das mães.
Se, minha memória não falha o último presidente da Caixa por indicação política foi Gil Macieira. Nos governos que sucederam e anteriores ao Governo Lula o cargo sempre foi ocupado por um funcionário da Caixa (antiga reivindicação até dos economiários). Depois de Lula, tudo mudou novamente.
Estamos em época de campanha eleitoral, depois desta trapalhada toda e de várias origens,cai bem escolher a Caixa como bode expiatório não?
Pergunta que não quer calar: se o dinheiro estava na conta por que houve quebra quebra em agências da Caixa? Ou o dinheiro só foi liberado por causa do quebra quebra?
Atenciosamente
Gianna Barcelos.
Grande dúvida,Gianna barcelos