Na certeza que hoje, às 17h, no Mineirão, o Brasil terá diante da Alemanha seu adversário mais poderoso até agora nesta Copa do Mundo, fica a dúvida: quem entrará em campo no lugar Neymar?
Se a presença de Dante para compor a zaga ao lado de David Luiz é também uma quase certeza, assim como a volta do volante de Luiz Gustavo, após cumprir suspensão automática como hoje terá que fazer o capitão Thiago Silva, a questão é: Felipão vai buscar no meia Willian o “Amarildo” (meia atacante que saiu do banco para substituir Pelé e ajudar a ganhar a Copa em 1962) ou o volante Paulinho será mantido, deixando o meio de campo brasileiro com três jogadores de marcação?
Embora a Seleção Brasileira tenha treinado no domingo com Willian no lugar de Neymar, além de também testar o meia Bernard, um relatório sobre a seleção alemã entregue ontem por Roque Júnior (zagueiro pentacampeão com Felipão em 2002 e hoje seu olheiro), parece ter feito o treinador brasileiro mudar de ideia. Pelo menos o suficiente para depois disso começar o treinamento de ontem com três volantes no meio de campo: Luiz Gustavo, na frente dos zagueiros, mais Fernandinho e Paulinho. Ainda que estes dois últimos também tenham que ajudar no apoio ao ataque, Oscar seria o único jogador original na função de criação, ainda que nesta Copa tenha se destacado mais como ladrão de bolas.
A se confirmar um meio de campo brasileiro tão defensivo, o motivo seria o tal relatório que indicou a escalação da Alemanha sem o veterano centroavante Klose, que começou o jogo nas quartas de final na vitória de 1 a 0 sobre França. No caso, Thomas Müller atuaria contra o Brasil como falso camisa 9, saindo da área para buscar jogo ou abrir espaços para outros jogadores alemães entre os volantes brasileiros.
Com quatro gols já marcados nesta Copa, Müller ocupa a vice-artilharia da competição, empatado com os craques Messi e Neymar, todos com dois a menos do que o colombiano James Rodríguez. Para se ter uma ideia, na comparação com Fred, que fez apenas um gol nos mesmo cinco jogos até aqui, o atacante alemão deu 139 passes certos e finalizou a gol 14 vezes, enquanto o brasileiro acertou 54 passes e teve 10 finalizações.
Outro destaque alemão é o volante Bastian Schweinsteiger, que chegou ao Mundial se recuperando de contusão, não jogou no primeiro jogo, na goleada de 4 a 1 sobre Portugal, mas foi entrando aos poucos e recuperando a forma durante a competição. Mesmo executando funções defensivas de volante, é o maestro do time. Com impressionante índice de 90% de passes certos nesta Copa, simboliza nela o último representante da clássica linhagem dos espanhóis Xavi Hernández e Andrés Iniesta, além do italiano Andrea Pirlo.
Mas também há dúvidas na escalação da Alemanha para daqui a pouco. Não na cabeça do técnico Joachim Löw, mas como Felipão admitiu que fará, o alemão também deve manter o suspense até a confirmação da escalação momentos antes do jogo. Se os habilidosos meias Mesut Özil e Toni Kroos são indiscutíveis, não está definido se jogará pela direita Mario Götze ou André Schürlle.
Na defesa, o grandalhão Per Mertesacker pode voltar à zaga, deslocando Jérôme Boateng à lateral. Mas como toda a imprensa alemã cobra a manutenção do capitão Philipp Lahm na lateral direita, não no lugar de Sami Khedira como volante, quem poderia perder a vaga é o lateral esquerdo Benedikt Höwedes, zagueiro de origem que não tem feito uma boa Copa na função adaptada. Se ele jogar, será o mapa da mina alemã que Felipão tentará explorar.
Caso o Brasil jogue com três volantes, vai liberar seu laterais para atacar, o que explica o fato de Daniel Alves também ter começado o treino de ontem como titular pela direita (para atacar do lado de Höwedes). Considerado melhor na defesa, Maicon só fica com a vaga se Paulinho der lugar a Willian. O entrosamento deste com Oscar no Chelsea, onde o primeiro joga mais pela direita e o segundo mais solto pelo meio, numa função próxima à desempenhada por Neymar na Seleção, seria uma vantagem dessa escalação mais ofensiva. No caso, seria Willian quem jogaria em cima de Höwedes, com Hulk caindo mais pela esquerda.
Em meio às possibilidades, as certezas dos números conferem à Alemanha a condição de time que mais toca a bola e valoriza sua posse nesta Copa. Até agora, em cinco jogos, os germânicos contabilizaram 2,9 mil passes, enquanto os brasileiros só deram 1,8 mil. Em contrapartida, o time de Felipão se desataca pela marcação por pressão, na qual a retomada da bola no ataque pode causar sérios problemas numa seleção que joga tão compactada e com a zaga tão avançada quanto a alemã, ao ponto de ter seu (excelente) goleiro Manuel Neuer muitas vezes atuando fora da área como líbero.
E são também os números que, nos confrontos diretos, dão ampla vantagem ao Brasil: em 21 jogos, foram 12 vitórias (39 gols marcados), com apenas quatro alemães (24 gols) e cinco empates. Mesmo sem Neymar, a Alemanha respeitará isso. Se não for por mais nada, pela memória ainda relativamente fresca da única vez em que as duas seleções se cruzaram em Copa do Mundo: na final de 2002, quando um time melhor de Felipão fez 2 a 0 para levar o título.
Para todos com mais de 25 anos, idade suficiente para acompanharem futebol pelo menos desde aquela Copa, só não deixa de ser irônico perceber que num jogo entre Brasil e Alemanha, independente do placar final, será o primeiro que dependerá da sua pegada para tentar suplantar a qualidade técnica do segundo. De fato, as coisas parecem tão mudadas, mas tão mudadas, que mesmo jogando no Brasil, para quem quiser saber quem são os alemães, bastará buscar em campo aqueles vestindo a camisa do Flamengo.
E se nem isso despertar Fred nesta Copa, nada mais o fará!
Publicado hoje na edição impressa da Folha
Resumindo ,o jogo dependerá exclusivamente do talento de seus jogadores. A tática ,a estratégia neste caso, pouco importa.Tenho certeza que vai ser um jogaço.
Cara Sandra,
Se acha que tática não vai importar, aconselho a retornar ao texto sem pretensão de resumo à leitura.
Abç e grato pela participação!
Aluysio
O que quero dizer é que o talento e a improvisação de cada jogador nosso poderá vencer a tecnica alemã.
Cara Sandra,
Qualquer analista medianamente informar vai constatar que a técnica, o talento hoje pendem mais para o lado alemão, sobretudo na ausência de Neymar. Lógico que o Brasil pode ganhar assim mesmo, mas tudo indica que se isso acontecer, será pela aplicação tática. Qt à improvisação, ela está aberta aos dois lados.
Grato pela participação e boa noite!
Aluysio
Bom dia.Vamos ver…
Aposto na garra.
Dando a mão à palmatória .
Jogadores amarelaram,tal qual Ronaldo “Fenômeno”