Ponto final — Pezão na quase certeza, Dilma e Aécio na dúvida até a urna

Ponto final

 

 

Ou Pezão, ou adeus, Ibope e Datafolha!

No lugar do passeio pelos números, muitas vezes indecifrável não só ao leitor comum, como mesmo para quem tem que se debruçar sobre as várias nuances das pesquisas eleitorais na tentativa de interpretá-las, simplifiquemos a questão: se Luiz Fernando Pezão (PMDB) não for eleito governador hoje, Datafolha e Ibope terão que procurar outra coisa para fazer. Ambos os institutos confirmaram a vantagem de dois dígitos do governador sobre o concorrente Marcelo Crivella (PRB): 12 pontos nos votos válidos do Ibope (56% a 44%) e 10, no Datafolha (55% a 45%).

 

E o Brasil?

Como se os dois institutos de maior credibilidade do país querem manter alguma após o segundo turno, as favas parecem contadas para saber quem governará o Estado do Rio nos próximos quatro anos. Daí, a pergunta que advém é: e o Brasil? Tudo parece indicar que Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) disputarão voto a voto a eleição presidencial mais acirrada da história do país, não só a partir da sua redemocratização, em 1985, mas talvez de todos os seus 125 anos como República. Da campanha, pelo menos, poucos duvidam que esta não tenha sido a mais sórdida.

 

Eleições diferentes

Se formos analisar Ibope e Datafolha, como já ressalvou o jornalista Merval Pereira, temos duas eleições presidenciais diferentes, à véspera da real que ocorre hoje. Comparadas as duas últimas pesquisa de cada instituto, no Ibope Dilma caiu um ponto (de 54% a 53% dos votos válidos) e Aécio cresceu um (46% a 47%), mas ainda assim a presidente teria seis de vantagem, fora da margem de erro de dois pontos para mais ou menos. Já no Datafolha, a queda da petista (de 53% a 52%) e a subida do tucano (47% a 48%) colocam ambos em empate técnico, no qual ambos podem ter exatamente 50%.

 

Vantagens de Dilma

Dentro das projeções do Datafolha, mesmo com o empate técnico ou quase exato, Dilma teria uma vantagem teórica, conquistada nos detalhes. Enquanto 46% afirmam a certeza do voto nela, 38% do eleitorado não votaria na presidente sob nenhuma circunstância. Já Aécio tem apenas 41% do seu voto consolidado, cinco pontos a menos que Dilma. E o tucano repete os mesmos 41% nos que afirmam não votar nele de jeito nenhum, três pontos acima da presidente na tão temida rejeição.

 

Aécio na frente

Mas isso é para Datafolha e Ibope, pois para a pesquisa CNT/MDA, também divulgada ontem, Aécio não só voltou a subir, como já passou Dilma. No empate técnico dentro da margem de erro de 2,2 pontos para mais ou menos, o tucano hoje teria 50,3% dos votos válidos, contra 49,7% da presidente. No relatório da pesquisa consta: “Provavelmente, o debate da Rede Globo definiu as eleições, com grandes possibilidades de Aécio ser eleito presidente da República neste domingo”.

 

Aécio sobe, Dilma desce

Com o Ibope apostando na reeleição de Dilma, Datafolha em cima do muro e CNT/MDA cravando quase certa a vitória de Aécio, como as três pesquisas ainda puderam refletir o debate da noite de sexta na Rede Globo, que bateu recordes de audiência, só há uma certeza: depois dele, Aécio cresceu e Dilma caiu. Como esta coluna afirmou na edição de ontem, se o tucano não conseguiu impor à presidente um nocaute, com os eleitores por jurados, ele parece ter obtido uma vitória por pontos. O fato é que sua tendência de subida e de queda de Dilma apareceu em todas as pesquisas.

 

“Petrolão” na Veja

Essa reação de Aécio na reta final pode ser ainda influenciada pelo episódio pós-debate envolvendo a revista Veja. Não apenas por sua edição especial que trouxe o depoimento do doleiro Alberto Youssef à Polícia Federal, no qual ele teria dito que Dilma e o ex-presidente Lula “sabiam de tudo” nos desvios bilionários da Petrobras, no episódio conhecido como “Petrolão”. Até porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concedeu à presidente, ainda ontem, um direito de resposta publicado no site da revista.

 

Tentativa de suicídio?

Mas aos olhos do eleitor comum, pode haver coisa pior do que pendengas judiciais entre um governo e um veículo de mídia, ou mesmo do que o desvio de R$ 10 bilhões da principal estatal brasileira para partidos ou campanhas eleitorais. Tomada por base a ojeriza que os protestos de rua causaram, a partir da violência dos black blocs, a reação de cerca de 200 integrantes da União da Juventude Socialista (UJS), na noite de sexta, em São Paulo, ao picharem e depredarem a sede da editora Abril em apoio à candidatura de Dilma, só pode ser encarada como tentativa de suicídio eleitoral.

 

Rumo ignorado

Como já observou o cineasta Cacá Dieguez, foi esse mesmo tipo de estupidez que fez os protestos de junho de 2013 perderem o apoio popular e o rumo. Não seria coincidência se o mesmo ocorresse com Dilma, ganhe ou perca a eleição, ao final de uma campanha com direito a surtos de Lula em comícios nesta última semana, quando comparou ele, a presidente e o PT a “Jesus Cristo”, assim como os tucanos a “nazistas” e ao “rei Herodes”. Internado ontem numa UTI de Curitiba, se Youssef sobreviver e puder provar tudo que já disse à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal, a eleição de hoje estará longe de ser o último capítulo desta novela Brasil.

 

 

Publicado hoje na Folha

 

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Este post tem 2 comentários

  1. celso belem de souza

    KKK (trecho excluído pela moderação) DILMA TEM 10 PONTOS NA FRENTE. QUERO VER A DESCULPA DEPOIS DAS URNAS CONTADAS

  2. alberto luis c a

    Vamos de pt denovo e depois vamos para ruas ver nossos jovens conflotos com policia e morrendo e (trecho excluído pela moderação) etc…

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