Por Ricardo André Vasconcelos, em 18-03-2015 – 18h54
Cid Gomes foi demitido agora há pouco pela presidente Dilma Rouseff, minutos depois de ser sabatinado na Câmara dos Deputados. Cid foi à Câmara, como convocado, para prestar esclarecimentos sobre uma declaração sua, feita a estudantes no Pará, de que no Congresso teria “400 ou 300 achacadores”. O então ministro, numa sessão tensa, se desculpou alegando que falara em como “pessoa física”, num contexto privado e sem elaborar a frase, mas durante toda a sessão, manteve suas críticas à base aliada do governo e terminou apontando diretamente para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha:
— Eu fui acusado de ser mal educado. O ministro da Educação é mal educado. Eu prefiro ser acusado por ele [Eduardo Cunha] do que ser como ele, acusado de achaque.”
A notícia da demissão de Gomes, foi dada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que disse ter recebido telefonema do ministro da Casa Civil, Aluizio Mercadante.
Do Portal da Câmara dos Deputados:
18/03/2015 – 18h05 (atualizado às 18h11)
Eduardo Cunha diz que foi comunicado da demissão do ministro Cid Gomes
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, acaba de anunciar que foi comunicado pela Casa Civil da Presidência da República sobre a demissão do ministro da Educação, Cid Gomes. O ministro estava há pouco no Plenário da Câmara, onde foi chamado para explicar declaração de que haveria “300 ou 400 achacadores no Congresso”.
O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que o ministro vai conversar com a presidente Dilma Rousseff no Palácio do Planalto. Muitos líderes cobraram a saída do ministro do cargo, depois que ele manteve as declarações de que alguns deputados seriam “achacadores”.
Explicando-se aos deputados, Cid Gomes disse que há deputados que “criam dificuldades para obter facilidades”, pediu desculpas a quem se sentiu ofendido, mas partiu para o ataque, cobrando lealdade dos deputados da base e apontando ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha.Atualização correção de título – Oficialmente foi Cid que pediu demissão.
Governo fraco!!!
CID GOMES O FALSO “OUTSIDER” DEIXA MINISTÉRIO, MAS OLIGARQUIA DOS FERREIRA GOMES CONTINUA MUITO BEM NO GOVERNO DILMA
O script já estava todo armado pelo próprio Cid no sentido de provocar sua renúncia do Ministério da Educação, sob holofotes foi a Câmara dos Deputados para desafiar Eduardo Cunha e depois no Planalto entregar seu cargo a Dilma.
Sua saída do governo não está relacionada as declarações feitas anteriormente sobre a maioria de deputados achacadores no parlamento e tampouco ao bate-boca de hoje, mas sim ao naufrágio das pretensões de criação de um novo partido para dar um “apoio mais sólido” ao governo Dilma, em substituição a hegemonia do PMDB.
A robusta eleição de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara sepultou definitivamente as pretensões de “vazar” o PMDB com a formação do Partido Liberal, que seria oficializado com a fusão de várias legendas de aluguel e a adesão de parlamentares fisiológicos. Somada a esta questão veio a própria crise do governo, acelerada com o ajuste neoliberal contra o povo trabalhador, deixando Dilma ainda mais refém da corja corrupta comandada por Cunha. A oligarquia dos Ferreira Gomes saiu vitoriosa das eleições estaduais para o governo do Ceará, praticando um entrismo oportunista no PT, porém não conseguiu eleger uma bancada federal para a Câmara. Os Ferreira não conseguem sequer controlar nacionalmente a estrutura do PROS, que também possui um número muito pequeno de parlamentares, dos quais a maioria não vê com simpatia a presença da oligarquia cearense em seu partido.
No ano passado a executiva do PROS chegou a chantagear os Gomes ameaçando não ceder a legenda partidária aos seus “correligionários”. Diante do achaque do PROS e sob pressão do PMDB, os Ferreira acharam mais seguro lançar sua candidatura ao governo estadual pelo PT, alterando regionalmente a cor vermelha da bandeira petista para o amarelo. Sem bancada nacional o peso político dos Gomes para barganhar “benesses” com o Planalto se restringe ao governo cearense e a prefeitura da capital, ambos sob sua órbita.
Outro elemento importante para o “desconforto ” de Cid no Ministério foi o fato de Dilma não liberar os cargos do segundo escalão da pasta para a oligarquia poder “usufruir” das transações comerciais que envolvem a educação pública e privada no país. Como “enfeite de bolo” e sem poder gozar das “comissões” cobradas por seus subalternos no Ministério, Cid armou o cenário para “sair bem na foto” pulando fora de um governo em profunda crise e ainda por cima atirando contra o vilão número 1 da bandalheira parlamentar. Os Ferreira são “profissionais” da política burguesa, acumularam grande fortuna tornando-se hoje talvez a oligarquia mais poderosa do Nordeste.
Porém estão aferrados aos negócios da República e não pensam em largar o “osso” do Ministério da Integração Nacional. O chefe do clã, Ciro, praticou a mesma demagogia que hoje tanto crítica, ou seja, achacar Dilma enquanto usufrui muito bem da máquina do governo federal. Cid agora está muito vontade junto aos “seus”, levou toda a anturragem para o aplaudir em Brasília, incluindo até o governador Camilo seu “office boy”.
Por sua vez Eduardo Cunha promete “vingança” e já anunciou que a quadrilha do PMDB vai exigir as pasta da Educação e Integração Nacional, além de um processo inócuo de difamação e calúnia contra Cid.