Um estupro, um assassinato, quatro versões — Kurosawa nessa quarta no Cineclube

Rashomon 3

 

 

Um estupro, um assassinato. Quatro testemunhas, inclusive o próprio morto reencarnado, contam quatro versões diferentes dos mesmos fatos. Na primeira vez que o sol, fonte de toda a luz, foi filmado na história do cinema, a única verdade à luz real que se pode extrair, ao final da ficção de “Rashomon” (1950), é que entre todas as diferenças das nossas maneiras de olhar, no Japão feudal ou em qualquer outro lugar e tempo, a vida sempre acha uma maneira de prevalecer e nós de nos solidarizarmos com ela.

Obra prima do diretor Akira Kurosawa (1910/98), “Rashomon” foi o filme que lançou o grande mestre do cinema japonês ao público e crítica do Ocidente, onde seu filme seria agraciado com o Leão de Ouro no Festival Veneza, em 1951, e um Oscar honorário de melhor filme estrangeiro, em 52. É esse clássico que será apresentado e terá o debate mediado por mim, Aluysio Abreu Barbosa, a partir das 19h de amanhã, quarta-feira, 14 de outubro, no Cineclube Goitacá, à sala 507 do edifício Medical Center, no cruzamento da rua Conselheiro Otaviano com a avenida 13 de Maio. Como sempre a sessão e a discussão são inteiramente livres.

Considerado até pelos britânicos como pai das melhores adaptações ao cinema do teatro do inglês William Shakespeare (1564/1616), com “Trono manchado de sangue” (de 1957, versão japonesa da peça “Macbeth”) e “Ran” (1985, leitura nipônica da tragédia “Rei Lear”), Akira Kurosawa traz em “Rashomon” a talvez mais definitiva transposição às telas da resposta do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844/1900) à imposição dos fatos sobre o pensamento humano, como pretendeu no séc. 19 o positivismo do francês Auguste Comte (1798/1857): “Fatos não existem. Versões é o que há”.

 

 

Rashomon 2

 

 

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