Escritora Carol Poesia no “Opiniões”, terça sim, terça não

Bem verdade que com a Paula Vigneron (aqui), este “Opiniões” já tinha garantido, em alto nível, sua voz feminina no time de escritores-colaboradores do blog — ao lado do Fabio Bottrel (aqui), do Guilherme Carvalhal (aqui) e do Ocinei Trindade (aqui). Mas, convenhamos, é pouco. Não por outro motivo, quem se integra ao time a partir de amanhã (14), escrevendo sempre quinzenalmente, é a escritora, atriz, cantora e professora da língua de Luís de Camões que fez da arte deste seu próprio nome: Carol Poesia.

Já havia externado aqui que “Geni e o Zepelim” é minha música preferida de Chico Buarque. E confesso que, após tê-la ouvido na iterpretação visceral da Carol, num sarau do Sinasefe, passei a considerar sua versão como referência da canção. Abaixo, na prosa de uma das tantas mulheres do Chico, o que aquela chamada Poesia pretende trazer a você, leitor, terça sim, terça não:

 

Carol nos tempos das duas chupetas (foto: arquivo pessoal)
Carol nos tempos das duas chupetas (foto: arquivo pessoal)

 

Minha memória não é boa, mas tenho pais atenciosos que se lembram bem de peculiaridades da infância. Segundo Josué e Ângela, eu costumava ficar calada no berço, com pernas cruzadas, barriga pra cima, olhando pro teto com duas chupetas na boca. Dizem que isso os intrigava — “o que será que ela está pensando?”.

Eu não sei se eu estava pensando, mas desconfio que a poesia já estava rondando… E me convidando para uma abstração tão “inútil” quanto preciosa aos tempos robóticos e materialistas da atualidade. Isso não me garantiu felicidade, e por mais contraditório que possa parecer, garantiu-me realidade; pois o afastar-se do real só é possível aos que o experimentaram de forma consciente.

Olhar pro teto já seria início desse afastamento? Não sei… Não posso saber. Mas arrisco dizer que mais de uma chupeta na boca deve amenizar o vazio de uma atitude tão solitária. Não sei… Talvez eu esteja “romanceando” meu início para que ele soe mais bonito.

O fato é que escrever é solitário. E não existiria melhor forma de reencontro comigo mesma do que um convite à escrita, quinzenalmente, em meio a textos de tantos que admiro. Agradeço ao jornalista Aluysio Abreu pelo convite e espero contribuir para manter o excelente nível que tem caracterizado este espaço. Obrigada!

Por falar em fatos:

Nasci em 1985, na cidade de Campos dos Goytacazes, morei boa parte em Niterói e estudei Letras na Universidade Federal de Ouro Preto, seguido de mestrado em Literatura na Universidade Federal Fluminense. Experimentei teatro, música e, desde sempre, poesia. Escrevi meu primeiro livrinho à mão aos 8 anos, chamava-se “A caneta” (rs) e vendi para minha tia Adelina, irmã mais velha e alfabetizadora do meu pai.

Tive poemas publicados nas coletâneas Mulheres em prosa e verso (Hoje Edições) e 8° Concurso de Poesias da Universidade Federal de São João Del-Rei; artigos nos jornais Aldrava (Mariana – MG), Mídia Participativa (Mariana – MG), Folha da Manhã (Campos dos Goytacazes – RJ) e revista Icarahy (Niterói – RJ). O texto dramático “Inquérito Poético” também veio a público, através dos festivais – Niterói em Cena (texto finalista em 2011), Festival de Esquetes de Cabo Frio (premiado Melhor Texto em 2011), Festival de Esquetes Elbe de Holanda (premiado Melhor Texto em 2011) e Festival Curta Teatro (premiado Melhor Texto em 2014, no Teatro de Bolso – Campos).

Como atriz nas peças Mulheres de Vermelho (SESC de Niterói, 2011), Entre deusas e bofetões, entre parangolés e patrões (Candido Mendes Campos, 2015) e na leitura dramática Gota D´água (SESI Campos, 2014). Como cantora nos shows Geleia Geral (2014), Noite Severina (2015), O fino da bossa (2016) e Som do Vale (2016).

Professora de Português na Universidade Candido Mendes Campos e leitora no projeto Para ler as meninas (2016).

Fã incondicional de Elis Regina e Ney Matogrosso; amor platônico por Leminski; e sensações ainda não nomeadas por Almodóvar. Faço reverência a um bom prato de feijão com arroz e deixo pra outra vida qualquer carne vermelha. Portadora de neuroses. Evito (quando posso) aquilo que me aprisiona. Acredito na arte. Acredito na arte como veículo de humanização, autoconhecimento e liberdade.

 

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Este post tem 2 comentários

  1. SÉRGIO PROVISANO

    Eu vou aguardar ansiosamente as inserções no Opiniões, da Carol Poesia, elas prometem ser imperdíveis, meu caro Aluysio Abreu Barbosa… E digo mais, o Opiniões está se consolidando como um espaço especial no fazer cultural, é inteligência na aridez de ideias que anda imperando nesses tempos digitais. Fabio Botrell, Guilherme Carvalhal, Paula Vigneron, Ocinei Trindade e agora Carol Poesia, se alguém duvidava da qualidade do Blog, eu creio que as dúvidas foram dirimidas. A Carol, apresentou suas armas, ela acredita nas Artes, e isso, por si só já me encantou, ela olhava, quando bebê, para o teto, mas eu ouso dizer que via além do teto, ela via as estrelas e como disse um Poeta, olhar estrelas é perder o juízo e assim, se faz Poesia e assim, se constrói Cultura.

  2. Sandra Machado

    Muito prazer ,Carol .Nós nos veremos sempre.

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