“Há muitas maneiras sérias de não dizer nada,
mas só a poesia é verdadeira”. (Manoel de Barros)
Diferente do que comumente se pensa, a poesia não está no papel, nem na tela do computador ou do celular. A poesia está no olhar, por isso pode estar em todo lugar. Por isso, há poetas que escrevem e outros que não escrevem. Assim como também há quem olha e olha de novo e há quem não tenha tempo para olhar.
Vivemos o fenômeno do flash, da selfie, o tão citado culto à imagem — instantânea e rapidamente obsoleta, a imagem sem precedentes ou consequências. Sofremos da falência do que se pretende eterno (palavra que foi ressignificada tendendo à cafonice) e experienciamos, todos os dias (dias? que dias? minutos!), o fortuito.
Onde fica a poesia no meio desse trânsito? Pois não paramos! Transitamos. E poesia exige mergulho, exige disposição para a imersão. Não damos conta de poesia com braçadas na superfície, movimentos repetitivos, mecânicos ou automáticos. E, nesse sentido, a arte existe para desautomatizar. Por isso é ela que nos devolve a humanidade. Por isso ela, talvez, nos devolva a saúde que perdemos no cotidiano apressado cheio de pragmatismo.
Não por acaso, o site poeme-se vende poemas em pílulas. Não por acaso, autores como Ella Berthoud & Susan Elderkin “receitam” literatura contra melancolia, depressão e excesso de peso. Não por acaso, cada vez mais neurologistas e psiquiatras receitam yoga contra os mesmos males: para desautomatizar, estabilizar a respiração, os batimentos cardíacos e nos livrar de certas ansiedades e medos.
O poeta Manoel de Barros, que neste ano de 2016 faria um século de vida, declarou que usa “entulho” e “desutensílios” para a “confecção” de seus poemas. Afinal, o mundo já está cheio de coisas úteis. Sob este ponto de vista, a poesia seria — hoje — realmente inútil; e por isso desprezada por muitos.
Mas é esta “inutilidade”, ironicamente, que a faz tão necessária e que garante a ela, frente à modernidade que nos atravessa, todo o sentido e importância. Nunca fomos tão carentes de “desutensílios”. Nunca fomos tão carentes de poesia. Por um mundo mais subjetivo!
A POESIA É INVIÁVEL
Poesia é paulada do alívio
é balada terrível sem pegação
poesia NÃO É SURUBA
NÃO É CARETICE
NEM É FIDELIDADE
poesia é madura liberdade
cara-metade da inadequação.
A poesia não cala. Não simula. Ela é.
É toda prosa, embora não carinhosa.
Incomoda, incomoda, incomoda…
Às vezes fico na dúvida se o que pensei a vida inteira
— poesia é o sustenta, e tenta, sedenta, não-ser —
dá lugar ao seu contrário
— algo panfletário, receita, clichê —
…
Eu sei que poesia nem é isso tudo.
Mas tudo com poesia perde o “pra quê”.
E essa é a vingança dos perdidos.
Em tempos de modernidade líquida, quem ler uma poesia sobreviverá.
A Poesia, está morta, viva a Poesia! Aquela que o Poeta permite “uma só forma, a precisão, a concisão das fórmulas matemáticas”.sim, foi ele, Maiakviski quem disse e eu nem me atrevo a divergir, eu não divirjo de Poetas, eu os amo, e respeito… mas que respeito, idolatro, mas ao contrário do que pode afirmar é que e sempre será fundamental no existir do ser a Poesia, ela será sempre essencial… E invisível para os olhos, Carol Poesia.
Usarmos coisas que têm utilidade ou não. é mais mais que válido, pois num mundo tão diverso, tão plural, tão desuniforme
qualquer utensílo. qualquer palavra sempre terá que existirpara a que a possamos existir.