Erros do servidor e do governo diante da nova realidade de Campos

 

 

 

Assembleia dos médicos

Em tese, a assembleia marcada para às 19h de hoje, no sindicato dos Médicos, tem cinco itens na pauta: A) reposição de insumos e equipamentos, B) condições de trabalho, C) corte da gratificação da emergência, D) segurança e E) assuntos gerais. Na prática, os médicos decidirão se aderem ou não ao estado de greve definido na noite de quarta pelos demais servidores da Saúde Pública do município.

 

Casuísmo?

Pela importância do serviço que prestam, os médicos formam uma categoria de liderança natural no seio de qualquer comunidade. E ninguém que já tenha passado por uma unidade pública de Saúde em Campos ignora que os itens A e B da pauta teórica são sofríveis na prática. E não é de hoje. Justamente por ser uma situação que se arrasta há anos, pode parecer casuísmo passar a trabalhar com a possibilidade de greve só no dia seguinte à Câmara Municipal aprovar o ponto biométrico e a regulamentação das substituições no serviço público goitacá.

 

Exemplo

Na manifestação que os servidores da Saúde fizeram, na subida da ponte Gal. Dutra, na manhã da última segunda-feira (07), deram um indicativo de que não é nos usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) que estão pensando quando protestam. Afinal, além de fecharem o trânsito no trecho de ligação da BR 101, cerceando o direito de ir e vir de quem não tem nada a ver com isso, ninguém pareceu pensar nos pacientes do Hospital Ferreira Machado (HFM), maior de Campos, a poucos metros da fumaça negra gerada pelo protesto.

 

Poderia ser pior

Que o governo Rafael Diniz (PPS) herdou uma Prefeitura em estado falimentar da gestão Rosinha Garotinho (PR), não é novidade. De tanto a atual administração repetir o fato, já ficou até cansativo. E a coisa seria muito mais grave se as procuradorias do município e da Câmara não tivessem restituído, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF 2), a liminar que impede a Caixa Econômica Federal (CEF) de cobrar os R$ 1,3 bilhão da “venda do futuro” nos termos pactuados pelos Garotinho. Se não fosse isso, faltaria dinheiro, literalmente, até para pagar o servidor. Campos poderia ficar ainda pior do que o Estado do Rio.

 

Sangramento

O orçamento de Campos para 2017 é de R$ 1,6 bilhão. Embora tenha sido o mesmo de 2016, Rosinha teve uma execução orçamentária de quase R$ 3 bilhões, com o aporte das duas “vendas do futuro” e os saques ao PreviCampos. A necessidade financeira tem empurrado Rafael à tomada de medidas antipáticas, ao custo do sangramento do capital político de quem conquistou a Prefeitura em turno único, vencendo em todas as sete Zonas Eleitorais (ZEs) do município.

 

Sem mágica

Numa municipalidade que precisa manter seus serviços básicos, não dá para fazer mágica com menos dinheiro e gente. Dos quase 4 mil RPAs que hoje tem o governo, por exemplo, a previsão é da redução de 50% até setembro. Diante deste vácuo de pessoal, não há solução que não seja chamar à realidade o servidor que passou em concurso público para trabalhar 40 horas semanais, mas protesta quando se vê obrigado a ir além das 30 horas de labuta a cada sete dias.

 

Solução, não problema

A certeza do que precisa ser feito tem que ser apresentada com didatismo e paciência, sem tropeço no salto alto da arrogância. O servidor tem que ser encarado (e se ver) como solução, não parte do problema. Uma administração que se elegeu pela fluidez da comunicação com a população, inclusive os servidores, que votaram em peso em Rafael, mais do que nunca precisa de diálogo. Caso contrário, como adverte Daniel Day Lewis como protagonista do filme “Lincoln”, para quem sabe onde quer chegar, mas ignora haver um pântano no meio do caminho, só saber a direção correta pode significar um mergulho no lodo.

 

Publicado hoje (11) na Folha da Manhã

 

fb-share-icon0
Tweet 20
Pin Share20

Este post tem 24 comentários

  1. cesar peixoto

    nao interessa se tem dinheiro ou nao, para que promete o que nao pode cumprir, o servidor estar no seu direito legitimo de fazer GREVE caso os seus direitos seja derespeitados, Se juntar todos os problemas que esta nesse governo, ja podemos montar varios filmes de longa metragem

  2. nildo

    Quando Rafael entrou achou a prefeitura com 3800 terceirizados. Pelo jeito ele quase que duplicou esse numero, pois em todos setores da prefeitura sempre tem caras novas.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Nildo,

      Seus números não estão corretos. Assim como parecem equivocados os meios com que parece querer aferi-los. Por favor, releia o texto, com especial atenção ao tópico “Sem mágica”, sobretudo ao trecho inicial: “Numa municipalidade que precisa manter seus serviços básicos, não dá para fazer mágica com menos dinheiro e gente. Dos quase 4 mil RPAs que hoje tem o governo, por exemplo, a previsão é da redução de 50% até setembro”.

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  3. Lúcia

    Causas casuísticas não faltam na política campista, assim como no Brasil.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Cara Lúcia,

      Sim, não faltam. Como um erro não se justifica pela existência de outros.

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  4. Claudio

    Entendo q os médicos e diversos setores tem passado por maus bocados com atrasos de pagamentos, mas sou a favor do ponto, pois assim como diversas pessoas, eu ja necessitei de atendimento médico e quando vamos por diversas vezes não comparecem ou estao “descansando”, provavelmente por trabalhar em diversos locais, até entendo, mas o paciente não tem q ser punido por conta do cansaço da jornado repetitiva, tao pouco por suas faltas para dar consulta em clinicas particulares.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Claudio,

      Concordo. O plantão de 24h imposto aos profissionais na saúde pública brasileira, pelo desgaste inevitável causado em quem de fato o cumpre, é proibido em diversos outros países.

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  5. Lúcia

    Poderá ser o fim, se o STF decidir pela partilha dos recursos dos Royalties para todos os entes da Federação. Apesar de todas as violações que tais recursos vem sofrendo ao longo dos anos, temos um orçamento superior há milhares de municípios brasileiros. Nosso problema, continua sendo de GESTÃO. Aprisionado ao velho modelo de colisão, que alimenta o toma lá dá cá. Não há quem governe sob tais premisas.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Cara Lúcia,

      Sim, a partilha dos recursos dos royalties está pendurado por uma liminar no STF, que pode cair a qualquer momento. Sempre é importante lembrar. Como pendurado por uma liminar, restituída no TRF 2 aos 45 do segundo tempo, está o único impedimento à Caixa Econômica Federal de cobrar a “venda do futuro” de Campos nos termos pactuados por Garotinho, como o texto destaca. Qt à crítica ao modelo de coalisão e à capitulação do governo Rafael Diniz a ele, vc está certa. Se fosse de colisão, é que a coisa seria um pouco diferente. Se para melhor, é difícil saber.

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  6. ARIANA FEITOSA DA ROCHA

    Agora já falou o que quis, dá o direito de resposta ao servidor. Digo ao trabalhador, pois a categoria que está sendo mais pisoteada ganha entre 1100 e 1300 reais.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Cara Ariana,

      Não se falou o que se quis, mas o que se pensa ser verdade. Como ninguém dela é dono, o espaço está aberto para vc e qualquer outro servidor que discorde. Sobretudo, por óbvio, para fazê-lo com argumentos.

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  7. Emerson

    Um meio de comunicação, formadora de opinião, deveria ser imparcial nas suas matérias. Ou será que está tendo algum benefício próprio?

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Emerson,

      Embora quimera, a imparcialidade tem que ser sempre buscada no jornalismo. Mas no noticiário, qd se narra impessoalmente um fato. Não em opinião, quando, por óbvio, se opina sobre um fato ou mais fatos. De qualquer maneira, como a coluna de opinião do jornal teceu críticas tanto ao comportamento do servidor, qt ao do governo, para qual dos dois lados teria sido o “benefício próprio”?

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  8. Ricardo

    (Trecho excluído pela moderação) Que a prefeitura está sem dinheiro não se pode negar, mas não se pode esquecer que o atual governo que diz que não tem dinheiro acaba de assumir o aeroporto ao custo de milhões. qual a real necessidade disso? ou seriam prioridades?

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Ricardo,

      Sim, sobretudo na hora de cortar gastos, é preciso eleger prioridades. E manter um aeroporto funcionando numa cidade do porte de Campos pode ser encarado como uma delas. Assim como querer que servidores aprovados em concurso público para trabalharem 40 horas/semanais não trabalhem apenas 30 horas.

      Grato pela participação!

      Aluysio

  9. Mario

    Este assunto que tudo eatá ruim por causa da administração anterior já está virando novela da pior espécie. Será que alguém achava que a condição financeira da prefeitura seria outra? O de está a competência tão apregoada? Chega de desculpa!!

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Mario,

      Por favor, releia o texto, com especial atenção ao tópico “Poderia ser pior”, sobretudo seu trecho inicial: “Que o governo Rafael Diniz (PPS) herdou uma Prefeitura em estado falimentar da gestão Rosinha Garotinho (PR), não é novidade. De tanto a atual administração repetir o fato, já ficou até cansativo”.

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  10. Bragança

    Prezado Aluísio, chamo de prezado pois, de como leio suas opniões a tempos já guardo intimidade com o senhor. Respeito sua opinião porém, creio ser importante pontuar que queremos dos nossos governantes em todos as esferas de governo (federal estadual e municipal) propostas viáveis com os recursos disponíveis. Pra cada problema complexo existem várias soluções simples e erradas. Ao longo dos anos tem se colocado a culpa do caos na saúde no mais vulnerável a críticas, que são os Servidores públicos (em especial o médico). Estes servidores que se doa em condições não raras vezes precárias com falta de estrutura e insumos. A pratica de culpar o médico pelas mazelas na Saúde foi bem utilizado em recentes declarações pelo Ministro da saúde (Ricardo Barros)fato veementemente rechaçado pelo Conselho Federal de Medicina. quanto a linha editorial do jornal, seria importante pro crescimento da nossa cidade uma isenção por parte da imprensa, sem clima de fla-flu, pois uma imprensa imparcial é uma das principais armas da sociedade para manter o bom funcionamento das instituições. Pra finalizar, mesmo quando discordamos devemos manter o respeito mútuo e a mente aberta para novas ideias

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Bragança,

      Como dito ao comentarista Emerson, embora quimera, a imparcialidade tem que ser sempre buscada no jornalismo. Não por outro motivo, o texto contém, a começar do título da postagem, críticas às posturas do servidor e do governo. Mas vc e os demais servidores/comentaristas parecem só ter olhos às primeiras. Ainda assim, nelas, em nenhum momento foi sequer sugerido que a culpa do quadro caótico da Saúde Pública de Campos é dos médicos, ou de nenhum outro profissional do setor.

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  11. Servidora Marcia

    Mais uma tentativa de colocar a população contra o servidor, então, vamos lá. Ninguém discute o ponto biométrico, quer colocar, coloque. O que se discute é: por que só para concursados? Gastar milhões com isso se falta gaze, papel higiênico, insumos, estrutura para o trabalho? Sim, os servidores pensam no paciente,no aluno, no usuário em geral quando pede melhorias, não pensa só nele. Uma boa estrutura de trabalho vai se refletir num melhor atendimento, até porque, teremos como atender. Me diz como atender a odontologia por exemplo, ter produção como é cobrado, sem material estéril pois a autoclave está quebrada e não tem previsão de conserto, a prefeitura alega que não tem peça, nem dinheiro para comprar, mas para ponto biométrico tem. Ok. Tudo bem, de novo, coloque. Mas isso é mesmo prioridade? Só para concursados? Os rpa podem ficar na bagunça que ficam, como sempre? Claro que não são todos, mas uma grande parte, por ter ” costas quentes” não cumprem seu horário. Como fazer curativo sem gaze, como dar aula sem papel, como alimentar crianças sem gás? Há mas isso não pode ser mostrado para a população. O que tem que ser mostrado são os ” erros dos servidores”. Da gestão não pode, são inatingíveis. Me digam se ainda vivemos num regime de trabalho escravocrata, onde o plantonista não pode sair da sua sala, consultório para descansar sim, pq muitos são sós nos seus plantões e não é por isso que não atendem ou não produzem, se estiver numa hora de nenhum atendimento ocorrendo. Eles não podem ir ao banheiro, comer, tomar banho? Muitos dessas pessoas que reclamam disso, nem em situação de emergência ou urgência estão, pois quando uma situação de emergência ou urgência de verdade acontece, pratos são largados na metade e urina cortada ao meio para o pronto atendimento. Paciente também mente, usuário também quer usar o sistema para ter atestado para faltar o emprego sem ter um caso de doença ou urgência real e acha que engana o médico ou dentista. Quer colocar ponto biométrico, coloque, mas não deixe a população pensar que a greve, estado de greve e manifestação é por conta disso, a coisa é muito mais complexa do que a mídia e a prefeitura está querendo fazer o povo acreditar. Ah! Mesmo não sendo casos de urgência, todos são atendidos, ninguém é dispensado, mas quando não é real, a pessoa pode esperar um pouco o servidor acabar de comer por exemplo. O senho não espera na sala de um consultório? Não espera na sala de emergência do hospital da Unimed, por exemplo? Eu espero quando vou lá, pagamento plano de saúde e sendo usuária desse sistema. As nossas reivindicações são legítimas, nosso direito de lutar por melhorias, é legítimo. Não me venha com essa história de que tudo acontece por culpa de funcionários.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Cara servidora Marcia,

      Essa história de que “tudo acontece por culpa dos funcionários” é sua. Assuma-a.

      Abç e grato pela participação!

      Aluysio

  12. Edilson

    (Trecho excluído pela moderação), jornais de Campos poderiam ser imparciais.

    1. Aluysio Abreu Barbosa

      Caro Edilson,

      Imparcial como um estado de greve decretado no dia seguinte à Câmara Municipal aprovar o ponto biométrico e a regulamentação das substituições, que agora só podem ser feitas por outro servidor?

      Grato pela oportunidade da dúvida!

      Aluysio

  13. cesar peixoto

    Faca logo um servico completo colocam algumas camaras de monitoramento, com a sala de controle dentro da prefeitura

Deixe um comentário