De Rosinha a Working, a lição de Moro e a lição de Rubens

 

 

 

Rosinha é abraçada pelos filhos Clarissa e Wladimir, logo após deixar a cadeia em Benfica (Foto: Paulo Nicolella – Agência O Globo)

 

 

Pontos para Rosinha

Se já tinha obtido uma vitória parcial, com sua liberdade com medidas cautelares decidida na quarta (22) pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), Rosinha Garotinho (PR) voltou a marcar outro ponto ontem, contra o juiz da 98ª Zona Eleitoral (ZE) de Campos, Ralph Manhães. Quando saiu do Presídio de Benfica à 0h de ontem, visivelmente abatida após uma semana de prisão preventiva, a ex-prefeita foi para o apartamento no Flamengo, bairro da Zona Sul carioca, mesmo sem colocar a tornozeleira eletrônica determinada. Às 15h13, o juiz da 98ª ZE mandou que ela viesse para Campos. Mas, às 19h31, o TRE desmandou e ela ficou no Rio.

 

Parte boa

Como a coluna lembrou ontem (aqui), desde que conquistou a Prefeitura de Campos a primeira vez, em 2008, Rosinha é encarada por parcela da população como a parte boa do casal Garotinho. E as imagens do seu abatimento na prisão, desde que saiu do Presídio Feminino de Campos ao de Benfica, no dia 22, reforçadas pelas do “Fantástico” do último domingo (26), incomodaram quem enxergou a mãe e avó. Mesmo a quem condena as práticas dos Garotinho, tampouco caiu bem a nota na coluna do Ancelmo Gois, em O Globo da última terça (28): “Rosinha (…) não vem se alimentando direito. Passa parte do tempo encoberta por um lençol branco”.

 

Novidade alvissareira

Ninguém que conhece um pouco da vida pública do município nas três últimas décadas pode questionar a novidade alvissareira da coragem, da capacidade jurídica e do empenho de magistrados locais como Ralph Manhães ou Glaucenir Oliveira, que decretou no dia 22 a prisão do casal Garotinho, mais sete outros acusados de envolvimento no suposto esquema de extorsão de empreiteiros para caixa eleitoral. Como são inquestionáveis os predicados do juiz Eron Simas. Pelo juízo da 76ª de Campos, nas 38 Ações de Investigação Judicial Eleitoral (Aijes) da operação “Chequinho”, ele condenou 37 acusados.

 

Raiz na Lava Jato

Da “Chequinho” para cá, inegável que a destacada atuação dos três relativamente jovens magistrados é fruto dos méritos dos promotores eleitorais da comarca, além da Polícia Federal (PF) do município. Como nenhum de seus integrantes negará que todo o trabalho feito em Campos tem raiz na operação Lava Jato, em sua luta nacional contra legislativos e executivos corruptos que simplesmente se recusam a virar honestos. E dão impressão de contar com a condescendência de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Alexandre Moraes, Ricardo Lewandowski e Marco Aurélio Melo.

 

“Estava tudo lá”

Símbolo maior dessa tentativa de saneamento, o juiz federal Sérgio Moro se tornou conhecido mundialmente pela Lava Jato, que teve início em 2014. Dez anos antes, publicou na revista CEJ, do Conselho da Justiça Federal, um artigo intitulado “Considerações sobre a Operação Mani Pulite”. Ele tomou como exemplo a operação “Mãos Limpas” (Mani Pulite) na Itália, entre 1992 e 96, que levou ao fim a Primeira República Italiana (1948/94) e resultou na extinção de vários partidos políticos. Como já observou o jornalista Elio Gaspari sobre aquele artigo, do que Moro faria uma década após na Lava Jato: “Estava tudo lá”.

 

Lição de Moro

No artigo de 2004, Moro mostrou como a implosão de políticos e empresários levou à “deslegitimação” do sistema corrupto: “As investigações judiciais dos crimes contra a administração pública espalharam-se (…) desnudando a compra e venda de votos e as relações orgânicas entre certos políticos e o crime organizado”. Mas ressalvou: “Talvez a lição mais importante (…) seja a de que a ação judicial contra a corrupção só se mostra eficaz com o apoio da democracia (…) Enquanto ela contar com o apoio da opinião pública, tem condições de avançar”. Querer deixar uma esposa longe do marido que continua preso em Bangu 8, numa queda de braço desnecessária e perdida, não parece ser avanço.

 

Lição de Rubens

Desnecessária também foi a inação do governo Rafael Diniz (PPS) em relação à empresa Working, favorita nos recebimentos na gestão Rosinha, que continuava a atuar no município. Seu proprietário, o empresário André Luiz da Silva Rodrigues, o “Deca”, fez a denúncia que gerou a prisão do casal Garotinho. Na terça (28), o juiz Rubens Soares Viana Junior, da 4ª Vara Cível de Campos, suspendeu liminarmente o aditivo de R$ 2,6 milhões entre a Working e a Prefeitura. O autor da ação popular é Fabrício Ribeiro Batista. Por quem anunciou ontem (30) se tratar de um “eletricista desempregado”, ficam indeléveis as impressões do garotismo. Mas o juiz agiu corretamente ao fazer o que o novo governo não fez.

 

Publicado hoje (01) na Folha da Manhã

 

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Este post tem 6 comentários

  1. ALE

    VEJAM SO COMO AS COISAS SAO…

    ROSINHA E GAROTINHO MAMARAM GOSTOSO COM A WORKING… E AGORA O PREFEITO E (trecho excluído pela moderação) TAMBEM MAMAM LEITE QUENTINHO E FARTO…. PQ OBVIO QUE A WORKING DENUNCIA GAROTINHO PRA ENTRAR NO ESQUEMA E ASSIM CONTINUAR A ROUBAR OS COFRES PUBLICOS !

    TODOS SABEM QUE A TAL WORKING É UMA EMPRESINHA DE NADA.. E QUE SO ENTROU PQ PARTICIPOU DO ESQUEMA DO GAROTINHO E AGORA TAMBEM PARTICIPA COM O RAFAEL DINIZ !

    VERGONHA ESSE BANDO DE POLITICO (trecho excluído pela moderação)… E AINDA FICAM DE MIMIMI DIZENDO QUE SAO MELHORES… MELHOR DA ONDE ? TUDO UMA (trecho excluído pela moderação)

  2. Jose Maria R do E Santo

    Fabrício Ribeiro Batista é um eletricista desempregado, morador no bairro da Penha, na periferia de Campos dos Goytacazes, interior do Estado do Rio. Ele é autor da uma Ação Popular com pedido de tutela antecipada na 4ª Vara Cível da cidade, que melou o aditivo de R$ 2,630 milhões no contrato celebrado entre a empresa Working Empreendimentos e a Prefeitura local.

  3. Marcelo Gato

    Esse juiz está de perseguição com os Garotinho. E perde todas na segunda instância.

  4. manu

    Pena? Mãe e avó? Só brasileiro mesmo pra ter pena dessa aí. Pra conseguir a prefeitura mais uma vez, tirou o calçamento do parque Saraiva numa obra que começou deixou inacabafa. Deixou a populacao na poeira e na lama. Tenho pena dela não. Tenho pena de mim que nessa chuva toda está acabando com um carro comprado esse ano, por ter que aterrar na lama e nos buracos. , tenho pena de mim que depois de anos sem criar de asma, a poeira me fez parar três vezes no hospital. Caso de saúde pública a condição do bairro. E essa aí, lixando de limitares? Lençol branco seria o sonho. Mas, ela dentro do (trecho excluído pela moderação) pois é um absurdo depois de deixar a cidade na m… Ainda tenham compaixão dela. Aff. Vcs merecem isso aí, campistas.

  5. cesar peixoto

    Se for para fazer justica todos politicos tem que ser presos,qual partido que nunca teve caixa 2

  6. cesar peixoto

    A Globo foi citada em receber propina,ate agora eu nao vi ninguem ser intimado ou preso

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