Aluysio e a nova Folha
Por Orávio de Campos(*)
Ao tecer qualquer comentário sobre o jornal Folha da Manhã, em especial quando este importante periódico completa quatro décadas de existência, sempre a serviço dos interesses das classes produtivas e da memória cultural da cidade, seria um grande pecado se não lembrássemos do seu criador intelectual, o pranteado Aluysio Cardoso Barbosa, com o qual tivemos o prazer de compartilhar os nobres espaços da primeira redação.
Aliás, antes nos conhecíamos como profissionais, atuando em jornais diferentes – ele em “A Notícia”, de Hervé Salgado Rodrigues; e nós na edição de “A Cidade”, de Vivaldo Belido de Almeida. Embora não fôssemos assíduos no estreitamente da amizade, eventualmente trocávamos idéias sobre o jornalismo da cidade, quando as novas tecnologias da informação já estavam a nos indicar modernas ações para o futuro.
E “Barbosão”, no espaço do Monte Líbano, entre um café e outro, ainda num ano 77 em seus estertores, falava em compor uma grande equipe. Confessamos, na época, ficamos felizes pelo convite e, juntos, acompanhamos as céleres modificações e as tendências pós-modernas do chamado new journalism que, entre outras novidades, preconizavam a formação de novos repórteres.
Interessante é que o jornal já nasceu sob a égide de um tempo novo, não só no adiantamento das tecnologias gráficas, através do offset, mas, sobretudo, na mudança dos paradigmas que romperam, não de estalo, com os carcomidos vícios herdados do chamado jornalismo romântico produzido em Campos, quando os centros metropolitanos, do eixo Rio-São Paulo há muito tinham aderido ao sistema profissional.
O curso de jornalismo, da Faculdade de Filosofia de Campos, instalado pela saudosa professora Maria Thereza Venâncio, em 1964, com o assessoramento de Hervé, de Dr. Mário Ferraz Sampaio e do próprio Aluysio, permitiu, através de um programa pedagógico adequado ao contexto, essa profissionalização tão almejada e, infelizmente, não seguida por todos os que competiam no difícil mundo da produção de informação.
As atuais tecnologias, como havíamos imaginado, garantem hoje uma velocidade maior na produção e difusão das notícias, enriquecendo as pesquisas através da internet, das redes sociais, com suas variadas possibilidades, e de outras plataformas quase impensáveis naquele instante.
Apesar das ranzinzas — Aluysio queria continuar a bater nas “pretinhas” e custou a se acostumar com o computador —, ele tinha a percepção clara de que a Folha da Manhã seria hoje o que é, inclusive evoluindo em suas edições onlines.
(*) Jornalista e ex-chefe de redação da Folha
Publicado hoje (07) na Folha da Manhã