Se a Suíça sempre soube se defender, hoje provou que pode também não apenas atacar, como se igualar no placar com o Brasil. Um dos favoritos ao título, o time de Neymar e Tite não foi além do empate de 1 a 1, em outra estreia decepcionante na Copa da Rússia. Ontem, a Argentina já havia empatado (aqui) de 1 a 1 com a Islândia. E hoje, um pouco mais cedo, a campeã Alemanha foi batida (aqui) pelo México por 1 a 0.
A Seleção Brasileira fez um bom primeiro tempo, quando abriu o placar aos 19 minutos, num belo chute de Phillipe Coutinho de fora da área. O arremate de categoria se deu após uma trama do lado esquerdo do ataque, entre o próprio Coutinho, Neymar e Marcelo. Mas, visivelmente, o time se acomodou a partir dos 35 minutos. E, após o intervalo, voltou ao segundo tempo com o mesmo (des)ânimo.
Aos 9 minutos da etapa final, o preço foi cobrado: em cobrança de escanteio do habilidoso meia canhoto Shaqiri, seu companheiro Zuber marcou de cabeça, numa falha do zagueiro Miranda, que marcava o jogador suíço, além de Thiago Silva e Danilo, que não marcaram ninguém. Bem verdade que os brasileiros reclamaram que Zuber teria empurrado Miranda. De fato, houve o contato, mas o juiz mexicano Cesar Ramos pode não ter errado ao interpretá-lo dentro dos limites da disputa na área em em lance de bola parada.
Depois de sofrer o empate, o Brasil sentiu o golpe e não reagiu de imediato. Shaqiri continuava a infernizar com sua perna esquerda pelo lado direito do campo. Ele deu bastante trabalho ao lateral-esquerdo Marcelo, desestabilizado também pelas provocações do suíço. Aos 28 minutos, em outro lance polêmico, o zagueiro Akanji envolveu com os braços o brasileiro Gabriel Jesus, que foi ao chão dentro da área e pediu o pênalti, não marcado. Na dúvida, o certo é que o jovem atacante do Manchester City pouco foi notado em campo. Cinco minutos depois, ele seria substituído por Firmino.
Com o relógio diminuindo suas chances de vitória no jogo de estreia na Rússia, o Brasil passou a pressionar a Suíça nos momentos finais, quando criou e desperdiçou boas oportunidades. Aos 42 minutos, Neymar forçou o goleiro Sommer a trabalhar, cabeceando uma bola cruzada na área por Willian. Dois minutos depois, foi Neymar que cruzou. E quem cabeceou foi Firmino, forçando Sommer a uma grande defesa.
No sufoco, até os zagueiros partiram para o ataque. Foi o caso de Miranda, que deu um chute forte de fora da área, aos 45 minutos, com a bola passando rente à trave esquerda. Aos 49, na última chance clara de conseguir a vitória, após cobrança de falta de Neymar, Renato Augusto — que havia entrado no lugar de Paulinho — acertou um chute dentro da área, mas a bola foi rebatida pela defesa suíça.
Eleito pela Fifa como melhor em campo, Phillipe Coutinho só mereceu por conta da sua atuação no primeiro tempo, coroada com um golaço. Mas na segunda etapa foi uma figura apagada em campo. Apesar de ter buscado o jogo, Neymar não estava em dia inspirado. Bem verdade que ele sofreu com a marcação forte e por vezes desleal dos suíços, sobretudo pelo volante Behrami, substituído por Zakaria após tomar um cartão amarelo que pode ter saído barato. Mas o fato é que, das 19 faltas cometidas pela Suíça no jogo, 10 foram sobre Neymar.
Para quem tem o cuidado de opinar em cima de dados estatísticos, o empate não foi uma supresa. Com o 1 a 1 de hoje, agora são quatro empates nos nove confrontos diretos entre as duas seleções, com três vitórias do Brasil e duas da Suíça. E, em todos esses jogos, uma equipe nunca conseguiu marcar mais de dois gols no adversário.
Como curiosidade, alguém poderia lembrar que quando a Espanha conquistou a Copa de 2010, na África do Sul, ela estreou naquele Mundial com uma inesperada derrota de 1 a 0 contra a Suíça. A Seleção Brasileira não perdeu e tem contra a Costa Rica, às 9h da próxima sexta-feira (22), uma boa oportunidade de (re)adquirir confiança. O empate na estreia, contra um adversário que sempre dificultou sua vida, não é uma tragédia. Mas também não foi o cartão de visita que se esperava de um candidato ao título.