Já fui ao Maracanã com mais de 100 mil pessoas. Foi o caso, por exemplo, da final do Campeonato Brasileiro de 1992, em 19 de julho daquele ano. Nele, o Flamengo conquistou o título após o empate de 2 a 2 com o Botafogo, que tinha chegado como favorito aos dois jogos da decisão.
Mais que a conquista do quinto dos sete Brasileiros do Flamengo, aquele jogo se marcou por uma tragédia. Pouco antes do apito inicial, com o velho Maracanã apinhado de gente, parte da grade da arquibancada do estádio cedeu. E provocou a queda de dezenas de pessoas ao anel inferior, matando três delas.
Agora, já imaginou o que seria se todo o Maracanã tivesse ido abaixo? Matando as mais de 100 mil pessoas que abrigava, entre jogadores, equipes técnicas, arbitragem, policiais, jornalistas e torcedores?
Pois é. É o que você deveria sentir hoje, quando o Brasil foi o segundo país do mundo a ultrapassar a vergonhosa marca dos 100 mil mortos pela Covid-19. São mais vidas humanas do que perdemos na Gripe Espanhola (1918/1920) ou na Guerra do Paraguai (1864/1870).
E a quem acha normal que o presidente Jair Bolsonaro tenha dito na quinta, “vamos chegar a 100 mil mortos, mas vamos tocar a vida”, desculpe o meu francês: você não vale a merda que caga!