À frente de Washington Reis, Wladimir Garotinho, Frederico Paes e o empresário Renato Abreu, presidente do Grupo MPE, o governador Cláudio Castro discursou após a missa de abertura de safra da Coagro (Foto: Genilson Pessanha/Folha da Manhã)
“Eu sou amigo do Rodrigo (Bacellar, PL) e do Wladimir (Garotinho, sem partido). Eles que se entendam. A questão das disputas políticas de Campos não tem nada a ver comigo. Eu sou governador do estado e tenho que trabalhar com os dois. Se tiver um terceiro, que brigue com os dois, eu vou trabalhar com ele também. Assim como se tiver um quarto. Eu sou governador e não me meto nessas questões municipais”. À reportagem da Folha, foi o que disse hoje de manhã o governador Cláudio Castro (PL), na missa de abertura de safra da Usina Sapucaia. Que pertence ao Grupo MPE e é arrendada a Coagro, presidida por Frederico Paes (MDB), vice-prefeito de Campos.
Wladimir Garotinho marcou presença no evento, não Rodrigo Bacellar, que deixou a poderosa secretaria estadual de Governo para tocar sua pré-candidatura à reeleição como deputado estadual em outubro. Mas, irmão de Rodrigo e vereador eleito presidente da Câmara de Campos em 15 de fevereiro, no pleito anulado pela atual Mesa Diretora governista, Marquinho Bacellar (SD) também esteve lá. Como vários edis da oposição, entre eles Helinho Nahim (PTC), Bruno Vianna (PSD), Raphael Thuin (PTB), Igor Pereira (SD) e Anderson de Matos (Republicanos). Quem veio junto com Cláudio Castro, como adiantado pelo blog em 5 de maio, foi Washington Reis (MDB). Ex-prefeito de Duque de Caxias, ele é considerado o nome mais cotado para ser o vice na chapa da tentativa de reeleição do governador.
Entre os vereadores de oposição Helinho Nahim, Igor Pereira, Raphael Thuin, Marquinho Bacellar, Anderson de Matos e Bruno Vianna, Cláudio Castro posou fora do palanque oficial (Foto: Divulgação)
Leia a cobertura completa da visita de Castro a Campos e região na edição desta quarta (11) da Folha da Manhã.
Por Aluysio Abreu Barbosa, Cláudio Nogueira e Matheus Berriel
A semana em que o Folha no Ar trouxe só entrevistadas mulheres ao programa matinal do Folha FM 98,3, se encerrou na sexta (06) com quatro delas. Mais acostumadas a fazer perguntas do que a dar respostas, as jornalistas Dora Paula Paes, Flávia Ribeiro, Júlia Maria Assis e Suzy Monteiro, em ordem alfabética, foram da política da planície goitacá em disputa pelos Garotinhos e os Bacellar, refletida numa Câmara Municipal só de homens, ao Planalto Central ainda mais polarizado entres as pré-candidaturas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL). No meio, passaram ainda pela eleição ao Palácio Guanabara, que teve tantos dos seus últimos ocupantes presos e hoje as pesquisas projetam em outra polarização, entre o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) e o governador Cláudio Castro (PL). A presidente e governador, analisaram também algumas opções da chamada terceira via, incluindo a única presidenciável mulher até aqui, a senadora Simone Tebet (MDB). Entre tantas disputas eleitorais que se desenham encarniçadas, Dora, Flávia, Júlia e Suzy confessaram o temor comum pelo destino da democracia no Brasil. Como a fé que as quatro depositam nessa forma feminina de governo.
Jornalistas Dora Paula Paes, Flávia Ribeiro, Júlia Maria Assis e Suzy Monteiro (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Folha da Manhã – Qual sua visão da crise na Câmara de Campos composta só de homens na disputa de poder entre os grupos políticos dos Garotinho e dos Bacellar?
Dora Paula Paes – Observar a Câmara de Campos, hoje, não é uma coisa muito fácil. Não tem mulheres. Então, a coisa não tem sensibilidade nenhuma. Pelo contrário, é uma vergonha pura assistir a uma sessão. Tenho um filho de 13 anos, ele não vota, mas acompanha o meu trabalho, porque está em casa e eu estou em casa ouvindo a sessão. Esses dias, assistindo a uma sessão comigo, ele falou assim: “Mãe, essa Câmara parece com a novela ‘Poliana’”. É uma novela de criança, de dona de casa, que tem 900 capítulos. E ele frisou uma coisa que me chamou a atenção: “Ela (a Câmara) tem muita enrolação, como a novela”. E ele está certo. Tem muita enrolação, tem muita briga. O Executivo é um poder, o Legislativo é outro, e o Judiciário é outro. Desde a eleição de 2004, a política de Campos perdeu a vergonha de ir para a Justiça. E, quando você perde a vergonha de ir para a Justiça, é muito sério. Tudo vira uma batalha de oposição e situação. E é uma vergonha assistir a isso, seja presencialmente, seja pela internet. Para mim, o Legislativo perdeu a vergonha. Eu acho que a Justiça também fez o papel dela nessa situação, porque querer caçar 13 (vereadores) é uma situação complicada.
Flávia Ribeiro – Não é uma situação de a gente se orgulhar. Dora falando, eu fico me lembrando: já acompanhei confusão na Câmara; sai prefeito, tira prefeito eleito, prefeito assume na Câmara. Parece que não é uma coisa séria. E aí eu fico olhando a política como um todo no Estado do Rio. O que nós estamos fazendo, enquanto sociedade, que a gente não consegue eleger ninguém que tenha decência para terminar um mandato no Executivo? No Legislativo, até que a gente encontra algumas pessoas, mas o nosso histórico moral é muito ruim. Se você é eleito para representar o povo, você tem que ter decência em representar. Você não pode legislar só para o seu grupo, governar só para o seu grupo. E é isso que eu tenho visto. Sinceramente, fico olhando de longe, e campista se espalha para o mundo inteiro. Em todo lugar que eu vou tem um campista aqui em Niterói. Mas, quando não tem campista, se fala: “Você é de Campos? E a política?”, e já dá aquele risinho. Eu falo: “Olha, sou campista com todo orgulho do mundo, mas não sou dessa laia de quem está representando mal a cidade”. Sinceramente, acho vergonhoso. Parece que é uma brincadeira.
Júlia Maria Assis – O Legislativo é um espaço de representatividade, o embate é normal. A calmaria absoluta no Legislativo nunca é um bom sinal. Só que esse caso específico da Câmara de Campos, infelizmente, é a eleição de 2022. Desde fevereiro, não se tem as sessões, e a população precisa que o Legislativo atue para votar seus projetos de lei, para fiscalizar o Executivo, para debater as coisas da cidade. E há um embate por poder, por Mesa Diretora. O Legislativo com essa hegemonia de apoio ou oposição nunca é um bom sinal. A situação é lamentável porque não tem as sessões. Óbvio que não podia ser de outro jeito, esse afastamento dos vereadores era uma coisa realmente bastante complicada. Judicializou, a Justiça está fazendo o papel dela. Mas isso faz com que o cidadão passe a detestar e a desprezar a política cada vez mais. A negação da política já nos fez muito mal. Falta mulher na Câmara, sim, mas sobretudo falta comprometimento com o cidadão. Ninguém está trancando pauta lá para defender interesse de projeto, defender interesse do cidadão; está para uma disputa de poder, para uma eleição que acontece este ano. É lamentável.
Suzy Monteiro – Dora lembrou a eleição de 2004, e eu digo que é a eleição que nunca acabou. Desde 2004, já vinha essa questão de recorrer à Justiça, que é um direito. Isso vem se prolongando, de uma certa forma, desde então. Neste caso, também não é diferente. Acho que o presidente da Câmara (Fábio Ribeiro, PSD) errou ao antecipar uma eleição que podia ser feita depois. Ele sabia que não tinha ampla vantagem. Ele apostou e perdeu. Tem essa questão de Nildo (Cardoso, União), mas, com certeza, se a vitória tivesse sido da atual Mesa Diretora, isso não teria nem sido levantado por eles. Isso é fato. Os vereadores da oposição estão unidos. E isso está se fortalecendo. De vez em quando eu entro, leio a Folha e vejo alguma coisa que está acontecendo. De vez em quando, para matar a saudade, ouço até sessão da Câmara. Minha filha fica falando: “Mãe, você é doida, fica ouvindo isso”. Eu vi ontem que teve mais um vereador (Dandinho Rio Preto, PSD) que disse que está na base do prefeito, mas que vai apoiar o Rodrigo (Bacellar, PL, na reeleição a deputado estadual), enfim. Não se pode servir a dois senhores. Mas, acho que procurar a Justiça foi importante, era necessário.
Folha – Como projeta a eleição ao Governo do Estado, que as pesquisas apontam polarizada entre o deputado federal Marcelo Freixo e o governador Cláudio Castro? Ex-prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT) ou algum outro nome da terceira via tem chances?
Dora – Sobre a eleição para governador, eu vejo o Freixo com pautas fortes, pautas sociais muito fortes. Tem um discurso muito bom. O mesmo eu considero sobre o Rodrigo Neves (PDT). Já entrevistei os dois. O Rodrigo Neves tem a seu favor a questão de ter feito um ótimo governo em Niterói, bem avaliado. E, em relação ao Cláudio Castro, eu o conheço desde criança, brincando na vila onde eu morava com os meus irmãos. Foi uma surpresa encontrá-lo na política. Percebo o lado positivo do governo dele, com uma menor experiência em relação aos outros dois. Mas ele estava nas tragédias; estava naquele caso da BR 356 aqui em São João da Barra, quando rompeu o dique, veio e, diferente de outros, fez um gabinete ali, no meio daquela água. A ex-prefeita Carla Machado (hoje, PT) foi lá, passou o problema, com medo de Barcelos ser toda invadida, e ele chamou todos os secretários e falou: “Vamos fazer. O que cada um tem que fazer?”. Foi uma grata surpresa, porque o vice é sempre escondido. O que a gente espera dessa eleição é que tenhamos um governador e um vice que a gente não precise assistir na TV sendo levados num camburão, sendo transferidos de um presídio para outro.
Flávia – Eu já falei da vergonha que é a gente ter esse histórico de governadores. O Rodrigo Neves tem, sim, uma avaliação boa aqui em Niterói. O governo dele foi bom, ele se comportou super-bem na pandemia, ele seguiu a ciência, ele fez tudo o que a UFF disse que era para fazer. Não conheço nem o Freixo nem o Cláudio Castro como as meninas conhecem, mas tem uma tia do Freixo aqui no meu prédio. Mas, o que eu acho que a gente tem que prestar atenção é na internet. A eleição, embora polarizada, vai ser cada vez mais na internet como um campo de busca por muito voto, de virada de muita coisa. E a gente tem que ficar muito ligado também nas fake news. A gente já viu conterrâneo (o ex-governador Anthony Garotinho, hoje União) sendo preso, gritando na ambulância. Mas a gente precisa pensar também que eles não perdem a regalia. Eles vão presos, mas vão continuar comendo banquete de comidinha árabe, ar-condicionado, revestimento para não esquentar muito na cela. É o nosso papel de cidadão, enquanto comunicador, combater a mentira. Ser honesto e fazer as coisas direito não é uma vantagem, é uma obrigação. Não está fazendo nenhum favor.
Júlia – Se a gente estava falando aqui sobre o problema que a gente tem da crise de confiança do eleitor no voto que ele, as últimas eleições do Estado do Rio de Janeiro simbolizam isso melhor do que qualquer outro cenário no país inteiro, porque a gente tem um histórico de problemas sérios envolvendo vários ex-governadores. A pesquisa da Datafolha de abril dá um empate técnico, com vantagem para o Freixo. São dois candidatos que têm um desafio especial para o interior. O Cláudio Castro era desconhecido até pouco tempo. Mas, com a máquina, sendo governador, tem aproveitado essas condições para fazer as incursões no interior e se fazer conhecer. O Freixo é mais capital, mas com uma estrutura de esquerda, com a vantagem do Lula no cenário nacional. Tudo indica um segundo turno entre essas duas forças. Mas se a gente volta e vê a eleição do (Wilson) Witzel (em 2018), a gente não pode prever nada. Rodrigo Neves é um bom quadro, tem o Felipe (Santa Cruz, PSD) também despontando. É uma eleição que tende ao segundo turno, e aí vão ocorrer as alianças, que são válidas. Historicamente, precisa se resgatar a confiança do eleitor.
Suzy – Como Júlia falou, o cenário se está se desenhando para Freixo e Cláudio Castro. Acho que a falta de uma terceira via é muito ruim, tanto a nível estadual quanto nacional. Não que a gente não tenha (pré-)candidatos bons, mas, por uma série de razões, não estão decolando. Amo o Freixo de paixão, o conheço pessoalmente desde que ele era assessor do Chico Alencar (Psol) e vinha para Campos sábado de manhã, eu pau da vida para ir para porta de presídio para ele fazer vistoria. O pessoal que é mais de direita fala que ele defendia bandido e não sei o quê. As pessoas não entendem que isso é importante também. As prisões são necessárias, as leis são necessárias; precisa prender e precisa punir; mas, precisa também dar uma chance a quem pode ser recuperado. Quem é a população carcerária hoje? É negro, é pobre, são meninos jovens na maioria, que, quando não morrem aqui fora, vão presos e ficam numa escola do crime. E aí, fazendo justiça a Cláudio Castro, ele tem feito um trabalho que eu identifico como muito bom. O Segurança Presente tem dado um resultado excelente. Tem outras coisas, essa articulação com prefeitos, de qualquer ramificação que seja.
Folha – E a eleição presidencial, ainda mais polarizada entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro? Ciro Gomes (PDT) tem chance? E Simone Tebet (MDB), única mulher entre os presidenciáveis? Preocupam os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral?
Dora – Que hoje a política nacional está polarizada entre Lula e Bolsonaro, é inegável. Em relação ao Bolsonaro, eu acho que os militares vão precisar tomar cuidado se pensarem em mexer no resultado de uma eleição. As Forças Armadas já têm muito a responder pelo passado. Então, ter mais essa mancha não seria bom para uma instituição tão forte e que nos representa. Em relação à terceira via, foi citada a Simone Tebet. Mas, o próprio MDB já está começando a minar a (pré-)candidatura dela. Recentemente, fizeram um jantar para o Lula, porque o MDB quer estar onde o poder está. Acho que a eleição vai continuar polarizada entre Lula e Bolsonaro. A gente só espera que, indo para um segundo turno, o Brasil esteja forte, que o eleitor esteja ciente e que não seja tão danoso fazer uma escolha. Vamos votar. Que as instituições mantenham o seu papel firme. A população está carente. Não saímos ainda de uma pandemia, a economia está em frangalhos. A situação não está boa para ninguém. Hoje, a renda do brasileiro não dá para nada. A situação está cada vez mais miserável. A gente não precisa ir muito longe: Campos tem uma parcela grande na miséria. A Folha já mostrou isso.
Flávia – Acho que é um ano perigoso até. Sinceramente, eu tenho medo dessa polarização, desses lados tão duros assim: ou você é uma coisa ou você é outra. Tem coisa que é muito perigosa. Tem coisa que não é o bom senso, que é uma retomada, um caminho que parece que é para o vale das trevas. É a Caverna do Dragão. Parece que você está lá dentro e não vai sair nunca de lá; que o Mestre dos Magos nunca vai te apresentar a porta para sair. Mas, eu acredito também na democracia. Tenho fé. Fico pensando que somos tantas mulheres, que somos 53% de eleitoras, estamos comemorando 90 anos que podemos votar. Eu conheço muitas senhoras e senhores de 90 anos. Quando essas mulheres nasceram, elas não tinham direito ao voto. O que eu vejo é um carrinho de compras cada vez menor. Cada vez a gente deixa mais dinheiro no supermercado e traz menos comida. Isso a gente, que está numa parcela da população, digamos, privilegiada. E quem é menos ainda? E, mulheres, prestem atenção: o voto de vocês é o que vai decidir. Nós estamos sofrendo toda essa leva de violência porque a violência está validada. É direito agora bater? Estamos caminhando para trás.
Júlia – Bolsonaro subiu um pouco com a desistência do Moro. Começa a se desenhar talvez a possibilidade de segundo turno. É polarizada, mas não quer dizer que a gente deva fazer essa equivalência de dois extremos. Estão subindo o tom, colocando em dúvida a validade da eleição. Em qualquer processo democrático decente, termina a eleição, a vitória é anunciada, quem perde a eleição agradece os votos, deseja boa sorte ao vencedor e vai para o campo democrático fazer oposição. É assim que funciona. Quando você questiona, quando você começa a colocar dúvida no resultado da eleição porque está vendo a pesquisa desfavorável, você infla uma parte do eleitorado, que não é tão expressiva, mas é barulhenta e passional, para fazer um estrago. Você tem uma estrutura organizada de disparo de fake news. E, por outro lado, um esforço permanente de desacreditar as instituições, de enfraquecer o Supremo Tribunal Federal, enfraquecer o Poder Legislativo, criminalizar a oposição e a imprensa. A Simone Tebet tem um espaço, vai ser importante no debate. O Ciro tem o espaço dele, é importante no debate. Mas não é um processo eleitoral normal. É pior do que em 2018.
Suzy – Se a gente chegar ao final do segundo turno, havendo segundo turno, ainda vivendo numa democracia, com as instituições de pé e todo mundo por aqui, a gente já vai estar numa grande vantagem. Dizendo isso, acho que a pré-campanha de Lula precisa entender o que está acontecendo no Brasil. Não entendeu quatro anos atrás. Lula governou este país, está aí desde a década de 1970, 1980. Lembro de mim, pequenininha, assistindo televisão e vendo Lula discursando no meio dos metalúrgicos. O que me despertou para a política foi isso. Mas, (precisa) parar de brincar. É alguém segurar o Lula, porque ele tem entrado numas coisas que não têm nada a ver. Vai falar de aborto, ele sabe que não vai passar. Ficou 16 anos no poder. Botou o aborto na pauta? Então, vai falar isso para quê? Não sou de direita, não sou conservadora, mas quando Lula falou de aborto, eu falei: Para quê? Arrumou briga de Big Brother. É absolutamente sem noção. O Brasil ainda é um país conservador, que ainda pensa de uma determinada forma. É errada? Talvez sim, talvez não. Mas, existem coisas muito mais importantes que precisam ser faladas: desemprego, violência contra a mulher.
Elaine Leão, Wladimir Garotinho e acampamento dos servidores diante da Prefeitura (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Siprosep dá prazo: reajuste ou greve
Dia 30 deste mês. É o limite dado pelo Siprosep ao governo Wladimir Garotinho (sem partido) para promover a reposição salarial aos servidores de Campos. O que, se não acontecer, levará a categoria a declarar greve por tempo indeterminado. Foi o que afirmou na manhã de quarta (04), no programa Folha no Ar, da Folha FM 98,3, a presidente do Siprosep e servidora municipal da Saúde, Elaine Leão. “Em ano de eleição, nós temos limite (de tempo) para passar pela Câmara. Nós temos até 8 de julho para (o reajuste) estar aprovado e sancionado. Nós vamos na negociação até 30 de maio. Se não, é greve por tempo indeterminado”.
Falta de diálogo
Elaine se preocupou em dizer à Folha FM que vem tentando o diálogo. E acusou o prefeito Wladimir de a estar evitando como presidente do Siprosep: “O que está adoecendo a gente é não ver o respeito. Quando você (Wladimir) não atende o sindicato, fala para uma presidente de sindicato eleita: ‘Com você eu não converso’. Quando você vira as costas dentro do Ferreira Machado, você está desrespeitando 20 mil servidores. ‘Com ela eu não converso’? Por quê? Por que a gente quer abrir a caixa preta? Por que nós não estamos deixando o rombo do Previcampos (deixado pelo governo Rosinha Garotinho) ser pago pelo servidor?”.
Transparência?
Elaine lembrou que, em 16 de março, o Siprosep entregou ao governo municipal um pedido de informações, com 15 pontos para esclarecer as contas da Prefeitura com pessoal. Sem resposta, gerou paralisação de 24h na segunda-feira (02) e passeata dos servidores pela avenida Nilo Peçanha, até a frente da Prefeitura, onde montaram acampamento. Após 30 horas, eles foram recebidos na terça (03) pelo secretário de Administração e Recursos Humanos, Wainer Teixeira. E o governo divulgou nota dizendo que as informações pedidas estariam no Portal da Transparência do município. O que os servidores contestam.
Frederico Paes, Wladimir Garotinho, Cláudio Castro e Washington Reis
A previsão para a safra 2022/2023 é moer 1 milhão de toneladas de cana, para produzir 65 milhões de litros de álcool e 300 mil sacas de açúcar. Com o arrendamento da Usina Paraíso pelo Grupo MPE o seu subarrendamento pela Coagro, a previsão é que ela vá moer 300 mil toneladas de cana na safra 2023/2024, para produzir 21 milhões de litros de álcool. Na parceria entre MPE, Coagro e a família Coutinho, proprietária de Paraíso, foram investidos R$ 50 milhões na modernização de equipamentos e recuperação de lavouras, para que a usina da Baixada Campista volte a moer no próximo ano.
“A Bienal vai acontecer em novembro. A gente preferiu deixar para depois da eleição. Este ano, como queremos uma Bienal de todos, vai ser em Guarus. Um dos projetos do plano de governo é a descentralização da cultura. Para que a gente possa ter todas as escolas do lado de lá e do lado de cá participando”, disse Auxiliadora. Em relação aos concursos de contos e poesia, tão importante quanto sua retomada, será a qualificação dos jurados. Que tem que ser composto de literatos e/ou produtores de prosa, para julgar prosa, e de poesia, para julgar poesia. Não um júri de junta amigos diletantes que já corrompeu outros festivais do passado.
Natália Soares, Maicon Cruz e Leon Gomes (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Frederico Paes, vice de Wladimir Garotinho e presidente da Coagro, aguarda Cláudio Castro e Washington Reis para a missa de abertura de safra da Sapucaia/MPE/Coagro às 10 da manhã desta terça (Montagem: Joseli Mathias)
O governador Cláudio Castro (PL) e o nome mais cotado a vice na sua chapa para tentar a reeleição, o ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis (MDB), são esperados em Campos nesta terça (10), às 10h da manhã, para a missa da abertura de safra da Usina Sapucaia. Segundo o vice-prefeito de Campos e presidente da Coagro, Frederico Paes (MDB), o convite ao governador e a Washington foi feito e confirmado. A Coagro é arrendatária da Sapucaia, que pertence ao Grupo MPE do empresário Renato Abreu, que também estará no evento. Assim como o prefeito Wladimir Garotinho (sem partido).
A previsão de Sapucaia para a safra 2022/2023 é moer 1 milhão de toneladas de cana, com 500 mil, ou metade, de lavoura da usina e dos produtores cooperados. Para produzir 65 milhões de litros de álcool e 300 mil sacas de açúcar. Com o arrendamento da Usina Paraíso pelo Grupo MPE o seu subarrendamento pela Coagro, a previsão é que ela vá moer 300 mil toneladas de cana na próxima safra, produzindo 21 milhões de litros de álcool. Na parceria entre MPE, Coagro e a família Coutinho, proprietária de Paraíso, foram investidos R$ 50 milhões na modernização de equipamentos e recuperação de lavouras, para que a usina volte a moer em 2023.
As jornalistas Dora Paula Paes, Flávia Ribeiro, Júlia Maria Assis e Suzy Monteiro, em ordem alfabética e todas com larga experiência em jornalismo político, são as convidadas para fechar a semana do Folha no Ar, ao vivo a partir das 7h da manhã desta sexta (06), na Folha FM 98,3. Elas analisarão a crise na Câmara de Campos e as eleições de outubro a deputado estadual e federal na região.
Dora, Flávia, Júlia e Suzy também falarão da eleição ao Governo do Estado do Rio, que as pesquisas apontam polarizadas entre o deputado federal Marcelo Freixo (PSD) e o governador Cláudio Castro (PL). Por fim, analisarão outra polarização ainda mais indicada por todas as pesquisas, às urnas que definirão o Brasil daqui a cinco meses: entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Revelação das eleições a prefeito de Campos em 2020 e pré-candidata do Psol goitacá a deputada federal em 2022, Natália Soares analisou o caos produzido por uma Câmara Municipal só de homens (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Campos fatiada?
“Como a Folha tem noticiado, é uma disputa de poder (na Câmara de Campos). Parece um feudo, com dois grupos tentando fatiar a cidade. O que está por trás disso, a gente vê na exoneração dos cargos, em quem é nomeado. Os equipamentos públicos estão sendo fatiados por conta de interesses políticos e promoção pessoal”. Foi o que a professora Natália Soares denunciou no Folha no Ar da manhã de segunda (02), na Folha FM 98,3. Pré-candidata do Psol de Campos a deputada federal, ela foi a grande revelação da eleição a prefeito em 2020, numa campanha sem recursos que ficou em 5º lugar no primeiro turno, com 11.622 votos.
Feudo entre Garotinhos e Bacellar?
“O que hoje aparece como crise da Câmara é, na verdade, o fatiamento da coisa pública visando as eleições de 2022 e 2024, pelo grupo dos Bacellar e o grupo dos Garotinhos. E é horrível! Como é que a gente pode deixar que a nossa cidade fique entregue a esses grupos, como se Campos fosse um feudo, ou o quintal da sua casa? O que está por trás disso é o que na verdade nos indigna mais. São os trabalhos legislativos paralisados. Mas quais são as intenções?”, indagou Natália, sem nenhuma resposta concreta dos 25 vereadores desde que a crise na Câmara estourou de vez, na eleição a presidente da Casa de 15 de fevereiro.
Cidade refém de dois grupos?
“A gente tem o Fábio (Ribeiro, PSD, presidente da Câmara) que coloca a votação (da eleição a presidente no próximo biênio), mesmo podendo fazer até o final do ano, porque ele acredita que tem uma base, que vai ganhar. No final das contas, perde e judicializa a questão, tentando impugnar o processo que ele próprio disse que havia perdido. A res publica (em latim, “coisa pública”, origem da palavra república) se transforma no quintal da casa, ao bel prazer daqueles que ocupam cargo público. Isso é muito triste! E muito sintomático de uma cidade que fica refém na mão desses grupos. E não consegue escapar!”, lamentou a psolista.
Ingovernabilidade?
Natália fez a historiografia da crise da Câmara e do governo: “Desde maio de ano passado, no Código Tributário que Wladimir (Garotinho, hoje sem partido) tentou aprovar na Câmara, teve o racha. Agora (em 15 de fevereiro), quando Maicon Cruz (PSC), que era da base e estava cotado para votar em Fábio, mas votou em Marquinho Bacellar (SD), isso foi a derrocada. O governo, que tinha (até maio de 2021) uma base forte, de 22 vereadores, hoje não consegue ter nem uma maioria simples (13 vereadores). É uma situação de ingovernabilidade. Isso atrapalhou o salário dos professores, que poderia ser reajustado antes e só foi agora”.
Poder pelo poder?
“Quem está ali (na disputa pelo poder na Câmara), não está pensando na população, não está pensando no bem comum. E quando você percebe que o que está acontecendo é espúrio, isso causa muita revolta. Na verdade, é patrimonialismo, é clientelismo, os equipamentos fatiados entre os vereadores. Você percebe uma enxurrada de gente que vai ser demitida porque uma decisão não foi acatada, ou porque um grupo se colocou diferente. Que autonomia para representar os interesses do povo que essas pessoas têm? Não têm! Está cada um ali pensando em si, no cargo político, no poder que quer alcançar. É poder!”, definiu Natália.
Erros gigantescos dos dois lados
Para a pré-candidata a deputada federal pelo Psol, entre os grupos dos Garotinho e dos Bacellar que enfrentou na eleição a prefeito, não há lado sem erros na crise da Câmara: “Ambos os grupos são patrimonialistas. Ambos os grupos utilizam o que deveria ser público para promoção pessoal, se utilizam da própria população. Que está sofrendo com as mazelas do que não anda na Câmara, porque não há pensamento coletivo. O tempo inteiro são os seus próprios interesses (dos vereadores). Os equívocos dos dois grupos, que disputam como feudos, são gigantescos. Se pensassem na população, não agiriam como agem”.
A presidente e governador
Na política nacional, Natália fez crítica à chapa do ex-presidente Lula com o ex-tucano Geraldo Alckmin (PSB). Mas defendeu o voto a presidente no petista, que terá apoio do Psol, na contraposição entre civilização e a barbárie que vê representada no presidente Jair Bolsonaro (PL). Na eleição ao Palácio Guanabara, ela projetou outro afunilamento, entre o governador Cláudio Castro (PL), com apoio de Bolsonaro, dos Bacellar e dos Garotinho, e o ex-psolita Marcelo Freixo, que migrou ao PSB na mesma tentativa de Lula de se aproximar do centro. O apoio formal do Psol a governador do RJ, que tende a Freixo, será definido em 14 de maio.
Carla Machado e Elaine Leão, entrevistadas do Folha no Ar, respectivamente, ontem e hoje (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)
Carla Machado e Elaine Leão
Ex-prefeita de São João da Barra, Carla Machado foi a convidada de ontem na semana feminina do Folha no Ar. Que segue na manhã de hoje com a presidente do Siprosep, Elaine Leão, para falar das reivindicações do servidor municipal e do pedido de informação ignorado pelo governo Wladimir. Sobre a política de SJB e sua pré-candidatura de deputada estadual, o que Carla falou está na reprodução da sua entrevista nas páginas 2 e 3 desta edição. Na eleição presidencial, quis evitar polêmica com o bolsonarismo, mas admitiu “o coração vermelho” no voto em Lula. Certeza que não teve a governador, admitindo não ser próxima a Freixo.
Por fim, Elaine tentará projetar as eleições de outubro, a deputados estadual e federal, a governador do RJ e a presidente da República. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta quarta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.
Por fim, Carla tentará projetar as eleições de outubro a governador do RJ e a presidente da República. Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, na página da Folha FM 98,3 no Facebook.