Pesquisas a presidente indicam 2º turno
Por Edvar de Freitas Chagas Júnior
Como presidente de uma entidade representativa de classe, fico muito à vontade para tecer comentários sobre as atuais pesquisas de intenção de voto, sem necessariamente declarar algum, quer para Presidência da República, governo do Estado, Senado, Câmara ou Assembleia Legislativa.
Com o foco no crescimento do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, nas recentes pesquisas, creio que como todos, que acompanham atentamente a cena política, essa performance já era esperada. E não atribuo isso apenas a consequência do aumento do valor do Auxilio Brasil.
As pesquisas, nos seus mais variados recortes, obviamente mostram o efeito do Auxílio Brasil que passou de R$ 400 para R$ 600. Mas o crescimento de Bolsonaro aconteceria de uma maneira ou de outra, como consequência do início da campanha e do inevitável acirramento entre duas correntes políticas antagônicas em agendas e discursos.
A redução do distanciamento entre Bolsonaro e Lula nas pesquisas, mostra que, à medida em que vamos nos aproximando das eleições, aumenta a pressão na panela, onde ambos prometem colocar mais comida com menos preço.
Falei em agendas e discursos antagônicos, que em comum têm um certo tempero de ocasião. Infelizmente o país vive um período de prato raso por conta de fatores extremos, como a pandemia da Covid e a Guerra da Ucrânia, dentre outros, que formam um ambiente de insegurança que os americanos chamam de tempestade perfeita.
Não tenho dúvidas de que pleitos acirrados se definem nos detalhes. O crescimento de Bolsonaro nas pesquisas apenas reforça a máxima de que o resultado final é imprevisível. Pode-se concluir que certamente, teremos eleições em dois turnos. Este é o principal recorte das pesquisas atuais.
A campanha que está em curso será rápida, mas com tempo suficiente para oscilações de intenções de votos para a presidência, com candidatos ganhando e perdendo pontos, mas observando sempre a prudência das margens de erro expostas por esses institutos de pesquisas.
Então, é possível antever que estamos diante de um teste — historicamente falando — para a jovem democracia brasileira. O crescimento do presidente Bolsonaro nessas pesquisas não é um ponto fora da curva. E o mesmo aplica-se à consolidação do eleitorado de seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
As ideias de ambos estão colocadas fartamente em pratos limpos. Vale destacar que os extremos muitas vezes se convergem. Volto a observar que os dois têm seus ativos políticos consolidados e vão disputar com fome de voto a fatia disponível, alimentada por promessas de uma bonança após a tempestade.
É praticamente certo que Bolsonaro e Lula irão disputar o 2º turno. Não é possível lacrar — como se diz na gíria das redes sociais — quais dos dois será o mais votado neste1º turno. A tendência é de que o resultado do 1ª turno tenha um distanciamento de dígitos curtos.
Já não se fala mais em eventual 2ª turno. As pesquisas mostram que ele é inevitável, exceto que ocorra o que se chama de um fato novo. Pelos fatos conhecidos, o eleitor prefere até o momento se colocar dividido. Esse acirramento tem sido presenciado em eleições recentes de outros países, não sendo uma reserva de mercado dos brasileiros.
Partindo da premissa que no 2ª turno são zerados os dígitos, e se parte do zero para uma nova eleição, os dois candidatos vão à cata dos votos que não tiveram no 1ª. Então, se estão sentindo a temperatura da panela, saibam que a pressão vai aumentar.
Assim como em toda empresa de capital aberto, o controlador é quem tem 50% mais 1%. Obviamente os cotistas que retém 49% terão influência na governança.
O que se espera é exatamente isso. Não só o respeito a quem tiver um capital de metade mais um, assim como não pode tornar desprezível os outros 49%. Faço essa analogia para afirmar que é possível conviver com as diferenças e isso pode fazer toda.
Os dois candidatos já sinalizaram em teoria e prática como pretende administrar a empresa. Cabem aos acionistas, neste caso os eleitores, escolherem quais dos dois. Essa escolha ultrapassa os limites da economia e se espalha por agendas diversas, mas todas regidas pela mesma regra que é a democracia.
Retomando a linha de raciocínio de que esse será um teste definitivo para a democracia brasileira, espero que ela saia maior deste pleito.
Publicado hoje na Folha da Manhã.
Li o comentário do presidente da CDL Edvar Júnior se ele fosse candidato a um cargo político já teria conquistado o meu voto´.