Flamengo vence Vasco de virada e vai à final do Carioca

 

 

O Flamengo não venceu o Vasco de virada, por 2 a 1, apenas pela superioridade financeira do clube e técnica do seu elenco. Foi também bem superior na parte física, sobretudo no segundo tempo. O que marca outra grande diferença positiva entre o jovem e promissor técnico Filipe Luís e seu antecessor, Tite, treinador do Brasil nas duas últimas Copas do Mundo.

O Vasco abriu o placar aos 22 minutos, com gol de oportunismo do português Nuno Moreira, bom reforço do time. Mas Bruno Henrique, sempre ele, empatou ainda no 1º tempo, em lance que gerou reclamação sobre linha de impedimento. O fato é que foi o 11º gol que o veterano atacante, com saúde de garoto e sempre decisivo nos clássicos, marcou no Cruzmaltino.

O gol que definiu a partida, aos 24 do 2º tempo, foi um belo lance individual de Luiz Araújo. Que driblou três marcadores vascaínos antes de vencer o goleiro Léo Jardim. Ele e outros jovens valores do Flamengo, como o equatoriano Plata, que fez outro bom jogo, mostra como o time passa a depender menos dos seus remanescentes de 2019.

Agora, se der a lógica amanhã, no Fluminense e Volta Redonda que goleou por 4 a 0 no 1º jogo da outra semifinal, teremos outro Fla-Flu na final do Carioca. E o Tricolor das Laranjeiras é o time para quem o da Gávea é freguês em finais, mesmo que tenha mais títulos, dinheiro, elenco, torcida e vitórias em jogos normais. A ver.

 

 

“Ainda Estou Aqui” fez história ao cinema e cultura do Brasil

 

Walter Salles, no Oscar, e Fernanda Torres, no Globo de Ouro, ganharam prêmios até então inéditos ao cinema brasileiro com “Ainda Estou Aqui” (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

“Ainda Estou Aqui” desde a estreia

“Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, foi lançado nos cinemas brasileiros em 7 de novembro. Nos dias 13, 16 e 20 daquele mês, o filme foi analisado, respectivamente, por três críticos de cinema na Folha da Manhã: Felipe Fernandes (aqui), Aluysio Abreu Barbosa (aqui) e Arthur Soffiati (aqui).

 

Produtora de Campos

Os três críticos reconheceram na Folha, de cara, as virtudes do filme brasileiro. Que tem entre seus produtores a campista Maria Carlota Fernandes Bruno, parceira antiga de Walter. Em entrevista publicada na Folha (aqui) em 30 de novembro, ela projetou as chances ao Oscar.

 

Ineditismo no Globo de Ouro e Oscar

Em 6 de janeiro, Fernanda Torres ganhou (aqui) o Globo de Ouro de melhor atriz dramática — até então inédito ao cinema brasileiro. E, em 23 de janeiro, foram confirmadas as indicações (aqui) de “Ainda Estou Aqui” ao Oscar. Nas categorias filme — até então inédita ao cinema da América do Sul —, filme internacional e atriz, com Fernanda.

 

No domingo de carnaval

No final da noite do último dia 2, em pleno domingo de carnaval, veio o Oscar de filme internacional. Desejado e frustrado desde a indicação na mesma categoria de “O Pagador de Promessas”, de Anselmo Duarte, em 1963. Para ser celebrado em 2025, por todas as cidades do país, em meio à folia. Onírico, como tinha que ser em se tratando de arte e Brasil.

 

 

Frustração por Fernanda

Já na madrugada de segunda (3), ficou também a frustração pelo Oscar não levado por Fernanda. Que, além de uma soberba atuação no filme, fez tudo que tinha que fazer na campanha. Fluente ao dar entrevistas em inglês, espanhol, francês e italiano, levou ao mundo seu carisma já tão conhecido dos brasileiros.

 

Etarismo?

Para filme, não. Quem entende algo de cinema e Oscar, sabia que a indicação já era o prêmio. Mas a frustração a atriz foi maior porque a vencedora não foi Demi Moore, mulher madura como Fernanda, por sua atuação em “A Substância”, de Coralie Fargeat. Mas para Mikey Madison, de 25 anos, por seu papel em “Anora”, de Sean Baker, grande vencedor da noite.

 

Festa brasileira no México

Não foi a maior injustiça do Oscar, marcado por vencedores e perdedores imerecidos em seus 96 anos. Mas foi a primeira vez que o Brasil levou a estatueta. Que foi também comemorada no México. Porque o principal concorrente de “Ainda Estou Aqui” em filme internacional era “Emilia Pérez”, ambientação francesa do México bastante criticada pelos mexicanos.

 

Transmissão da TV Azteca, do México, faz festa para a vitória de “Ainda Estou Aqui” no Oscar de filme internacional

 

Do Brasil à Letônia 

Também derrotado por “Ainda Estou Aqui” em filme internacional, “Flow”, de Gints Zilbalodis, levou o Oscar de longa de animação. No qual bateu gigantes dos EUA na categoria, como Disney e Pixar. E, no poder mundial do cinema, também virou celebração popular na Letônia.

 

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Bacellar busca Bolsonaro contra Paes favorito a governador

 

Rodrigo Bacellar e Jair Bolsonaro, Eduardo Paes e Lula (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Bacellar com Bolsonaro

Se quer mesmo ser candidato a governador do RJ contra o prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) em 2026, o deputado estadual campista Rodrigo Bacellar (União), presidente da Alerj, deu um passo significativo na Quarta-Feira de Cinzas. Quando foi (confira aqui e aqui) a Angra dos Reis se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em busca do seu apoio.

 

Paes favorito a governador

A 1 ano e 7 meses da urna de 6 de outubro de 2026, Paes é favorito em todas as pesquisas até aqui a governador. Na última, divulgada no dia 27 e feita pelo instituto Quaest, entre os mais conceituados do país, o prefeito do Rio liderou a governador com 29% de intenção de voto.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Os demais na corrida

Fora da margem de erro de 3 pontos para mais ou menos, o senador Flávio Bolsonaro (PL) ficou em 2º a governador, com 20%. Foi seguido da deputada federal Benedita da Silva (PT), com 7%; do secretário estadual de Transporte e ex-prefeito de Caxias, Washington Reis (MDB), com 5%; e de Bacellar, com 2%. À frente da vereadora carioca Monica Benicio (Psol), com 1%.

 

Bolsonaro x Lula no RJ

A distância entre Paes e Bacellar a governador, hoje, é imensa: 27 pontos. Para tentar diminuí-la, o apoio de Bolsonaro seria fundamental ao político de Campos. Não só pelo que poderia herdar dos 20% de intenção de Flávio, filho do capitão. Mas porque o prefeito do Rio é aliado do presidente Lula (PT), em queda livre em todas as pesquisas nacionais.

 

Lula mal no RJ (I)

Lula teve 43,47% dos votos válidos do Estado do Rio no 2º turno presidencial de 2022, contra 56,53% de Bolsonaro. Dois anos e dois meses depois, Lula ampliou essa desvantagem regional. Na mesma Quaest de fevereiro, o atual Governo Federal teve entre os fluminenses apenas 35% de aprovação, contra expressivos 64% de desaprovação.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Lula mal no RJ (II)

Comparado o resultado eleitoral de outubro de 2022 no RJ com a pesquisa Quaest de fevereiro de 2025, Lula caiu 8,47 pontos entre voto e aprovação de governo. Como cresceu 7,47 pontos de rejeição entre o eleitor fluminense. Para cima e para baixo, são quase os mesmos números.

 

Esconde e mostra

Se essa tendência se mantiver ou agravar, a despeito dos 7% na Quaest que poderia herdar da petista Benedita, Paes precisará esconder Lula na sua campanha a governador. Enquanto Bacellar teria no possível apoio de Bolsonaro, e na tentativa de espelhar a polarização política nacional no RJ de 2026, seu maior cabo eleitoral.

 

Bolsonaro preso?

Inelegível, se Bolsonaro for condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e preso por tentativa de golpe de Estado, isso pode tirar o peso eleitoral do seu apoio em 2026? Pode! Como pode, a exemplo de Lula preso em 2018 para se eleger presidente em 2024, aumentar a popularidade pela martirização.

 

Castro mal no RJ

Conhecido pela capacidade de articulação, Bacellar precisará de todo apoio que conseguir. Não só para tentar tirar a grande vantagem de Paes, como para superar outro obstáculo apontado na Quaest: 52% dos fluminenses acham que o governador Cláudio Castro (PL), aliado do presidente da Alerj, não merece eleger seu sucessor. Apenas 39% acham que merece.

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

“Ainda Estou Aqui” após o Oscar no Folha no Ar desta 2ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

O historiador e crítico de cinema Arthur Soffiati, o cineasta e crítico Felipe Fernandes e o cineasta Carlos Alberto Bisogno são os convidados do Folha no Ar desta segunda (3), após a entrega do Oscar na noite de hoje (2), no domingo de carnaval.

Eles falarão sobre o projeto do Festival Internacional de Cinema de Campos (confira aqui) programado para agosto e a possibilidade (confira aqui) da criação de um curso de cinema na Uenf, que constava do projeto inicial da universidade nos anos 1990 e foi depois abandonado.

Soffiati, Felipe e Bisogno também analisarão os resultados do Oscar nas principais categorias. Sobretudo as três que o longa brasileiro “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, concorrem: filme,  filme internacional e Fernanda Torres como atriz principal.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta sexta pode fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Brasil em clima de Copa do Mundo com “Ainda Estou Aqui”

 

Filme de Walter Salles baseado em romance homônimo de Marcelo Rubens Paiva, “Ainda Estou Aqui” disputa neste domingo o Oscar de filme, filme internacional e atriz, com Fernanda Torres

 

Desde 23 de janeiro, quando foram divulgados os indicados ao Oscar, com “Ainda Estou Aqui”, de Walter Salles, concorrendo a filme, filme internacional e atriz com Fernanda Torres, o clima no Brasil é de Copa do Mundo. A indicação a melhor filme, junto aos de língua inglesa, é a primeira do cinema da América do Sul nos 96 anos de história do Oscar. Mas onde “Ainda Estou Aqui”, que tem como produtora a campista Maria Carlota Fernandes Bruno, estará na entrega do maior prêmio de Hollywood, na noite deste domingo (2) de carnaval?

A maior chance do longa brasileiro, baseado em uma história real que revela a crueldade homicida da nossa última ditadura militar (1964/1985), é na categoria de filme internacional. Onde seu principal concorrente, o filme francês “Emilia Pérez”, em ambientação no México bastante criticada pelos mexicanos, tem sofrido reveses com declarações xenófobas do seu diretor, Jacques Audiard, e da sua protagonista, a atriz espanhola trans Karla Sofía Gáscon. Que também concorre com Fernanda Torres como atriz, categoria que tem a estadunidense Demi Moore, por sua atuação em “A Substância”, de Coralie Fargeat, apontada como favorita.

Fernanda Torres com seu Globo de Ouro de melhor atriz dramática

Entre torcida e projeções realistas, com base em todas as premiações mais importantes anteriores ao Oscar, incluindo o Globo de Ouro de Fernanda como atriz dramática, o que se pode esperar da premiação na noite de amanhã? No maior prêmio da indústria cinematográfica que tem como característica a surpresa, com injustiças históricas entre vencedores e perdedores?

Para tentar responder a essas perguntas, o programa Folha no Ar de ontem (28), na Folha FM 98,3, ouviu o cineasta, produtor e doutorando em sociologia da Uenf, Fernando Sousa; a médica e cinéfila Bárbara Gazineu; e o estudante de letras e crítico de cinema Lucas Barbosa. Como entrevistará no programa de segunda (3), já com os resultados do Oscar, o historiador e crítico de cinema Arthur Soffiati, o cineasta e crítico de cinema Felipe Fernandes e o cineasta Carlos Alberto Bisogno. À Folha Dois, estes três últimos anteciparam seus palpites:

Arthur Soffiati

— Como os festivais dos Estados Unidos são muito contaminados por formas de compensação e de ficar bem com todos, temo que se entenda Fernanda Torres como já contemplada como melhor atriz (dramática) no Globo de Ouro. Chance real, ela tem, mas, pelo sistema de compensação, o Oscar de melhor atriz pode ir para Karla Sofía Gáscon, de “Emilia Pérez”, ou para Demi Moore, de “A Substância”. “Ainda Estou Aqui” pode ser compensado como o melhor filme internacional — projetou Arthur Soffiati.

Felipe Fernandes

— Com suas 13 indicações ao Oscar e prêmios em outras competições importantes, era esperado que “Emilia Pérez” fosse o grande favorito na categoria filme internacional, situação que vem caindo pelas polêmicas envolvendo alguns de seus realizadores. Com seu lançamento em diversos mercados ao redor do mundo, obtendo números excelentes, “Ainda Estou Aqui” chega forte na briga e para muitos, inclusive, para mim, se tornou o favorito da categoria. O Brasil nunca esteve tão perto do seu primeiro Oscar. Na categoria de atriz, a movimentação pelo prêmio de Fernanda Torres é imensa. Elogiada mundo afora, sua impressionante atuação chega com justiça entre as indicadas, mas não deve levar o prêmio. Hollywood adora histórias de atores/atrizes que passam anos no segundo escalão e ressurgem em alguma obra com destaque no Oscar. Foi assim com Brendan Fraser em 2023 e muito provavelmente será com Demi Moore em 2025 — comparou Felipe Fernandes.

Carlos Alberto Bisogno

— “Ainda Estou Aqui” tem boas chances na categoria filme internacional, mas enfrenta forte concorrência, especialmente do francês “Emilia Pérez”, que venceu o Globo de Ouro e outros prêmios importantes. No entanto, as controvérsias em torno desse filme podem favorecer o longa brasileiro. Outros concorrentes, como “Flow”, da Letônia, e “A Semente do Fruto Sagrado”, da Alemanha, também são bem cotados. Para atriz, Fernanda Torres é uma das favoritas. Sua performance foi amplamente elogiada, e ela já venceu o Globo de Ouro e o Satellite Award. No entanto, enfrenta forte concorrência de Demi Moore, por “A Substância”, cuja atuação também tem sido muito destacada — antecipou Carlos Alberto Bisogno.

Lucas Barbosa

— Estou otimista em relação ao Brasil no Oscar. Nas três categorias (em que “Ainda Estou Aqui” foi indicado), a mais provável de ganhar é filme internacional. Eu boto minha mão no fogo que a gente vai levar esse Oscar. O outro grande candidato, que era “Emilia Pérez”, perdeu muita força. Não só por conta dos tuítes da Karla Sofía Gáscon sobre questões delicadas (islamofobia, xenofobia e racismo), mas pelos tuítes que ela fez sobre a Academia, sobre a própria premiação do Oscar (criticando sua diversidade). Isso pegou mal entre os votantes. Quando “Ainda Estou Aqui” foi indicado a melhor filme, acendeu uma luz: o Brasil vai levar o prêmio de melhor filme internacional. O prêmio de melhor atriz, realmente, é mais difícil. Demi Moore é a franca favorita — disse Lucas Barbosa ontem no Folha no Ar.

Bárbara Gazineu

— Assisto ao Oscar há muitos anos e ele é sempre imprevisível, mas este de 2025 é especial. A Academia, depois de muita crítica, ampliou muito o quadro de votantes e a ala internacional desses votantes. Acho que o Brasil já fez história. A última indicação (a filme internacional) do país foi em “Central do Brasil”, em 1999. E nunca um filme brasileiro (e sul-americano) foi indicado a melhor filme. Das três indicações (de “Ainda Estou Aqui”), acho que a mais provável é filme internacional. Embora esses incêndios em Los Angeles tenham ampliado o tempo de votação e a Fernanda Torres apareceu. Até dezembro, ela não era nem conhecida. E ela foi aparecendo, ganhou o Globo de Ouro (de atriz dramática), que deu muita visibilidade. Ela tem dado muita entrevista, é muito carismática. Mas acho que este é o ano da Demi Moore, ela é a superfavorita, ganhou a maior parte dos prêmios — lembrou Bárbara Gazineu na Folha FM.

Fernando Sousa

— Sou otimista e acredito na força de Fernanda Torres, na força dela no filme. Essa cena da sorveteria (sem diálogos, só com a expressão facial e corporal da atriz, após a personagem saber que seu marido foi assassinado pela ditadura), ela pega. É a câmera, a narrativa está na câmera, na fotografia, no olhar, nas sutilezas dos gestos; está tudo ali. Por essa cena “Ainda Estou Aqui” já merece o prêmio. O filme tem um apelo muito contemporâneo, é um drama que não é somente brasileiro, é o drama das eleições da Alemanha (do último da 23, onde a extrema direita teve sua maior votação naquele país desde as eleições de 1932, que levaram os nazistas e Adolf Hitler ao poder), do recrudescimento desse autoritarismo. E “Ainda Estou Aqui” tem uma sacada sobre isso com a história de uma família. Que é uma família brasileira, mas poderia ser de qualquer outro lugar sob regime autoritário. Acredito muito no (Oscar de) filme internacional. E acho que Fernanda Torres pode surpreender muito positivamente. Estamos na briga. Estamos muito bem na briga — apostou Fernando Sousa no Folha no Ar.

 

Capa da Folha Dois da edição de hoje da Folha da Manhã