Bacellar com Bolsonaro
Se quer mesmo ser candidato a governador do RJ contra o prefeito carioca Eduardo Paes (PSD) em 2026, o deputado estadual campista Rodrigo Bacellar (União), presidente da Alerj, deu um passo significativo na Quarta-Feira de Cinzas. Quando foi (confira aqui e aqui) a Angra dos Reis se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em busca do seu apoio.
Paes favorito a governador
A 1 ano e 7 meses da urna de 6 de outubro de 2026, Paes é favorito em todas as pesquisas até aqui a governador. Na última, divulgada no dia 27 e feita pelo instituto Quaest, entre os mais conceituados do país, o prefeito do Rio liderou a governador com 29% de intenção de voto.
Os demais na corrida
Fora da margem de erro de 3 pontos para mais ou menos, o senador Flávio Bolsonaro (PL) ficou em 2º a governador, com 20%. Foi seguido da deputada federal Benedita da Silva (PT), com 7%; do secretário estadual de Transporte e ex-prefeito de Caxias, Washington Reis (MDB), com 5%; e de Bacellar, com 2%. À frente da vereadora carioca Monica Benicio (Psol), com 1%.
Bolsonaro x Lula no RJ
A distância entre Paes e Bacellar a governador, hoje, é imensa: 27 pontos. Para tentar diminuí-la, o apoio de Bolsonaro seria fundamental ao político de Campos. Não só pelo que poderia herdar dos 20% de intenção de Flávio, filho do capitão. Mas porque o prefeito do Rio é aliado do presidente Lula (PT), em queda livre em todas as pesquisas nacionais.
Lula mal no RJ (I)
Lula teve 43,47% dos votos válidos do Estado do Rio no 2º turno presidencial de 2022, contra 56,53% de Bolsonaro. Dois anos e dois meses depois, Lula ampliou essa desvantagem regional. Na mesma Quaest de fevereiro, o atual Governo Federal teve entre os fluminenses apenas 35% de aprovação, contra expressivos 64% de desaprovação.
Lula mal no RJ (II)
Comparado o resultado eleitoral de outubro de 2022 no RJ com a pesquisa Quaest de fevereiro de 2025, Lula caiu 8,47 pontos entre voto e aprovação de governo. Como cresceu 7,47 pontos de rejeição entre o eleitor fluminense. Para cima e para baixo, são quase os mesmos números.
Esconde e mostra
Se essa tendência se mantiver ou agravar, a despeito dos 7% na Quaest que poderia herdar da petista Benedita, Paes precisará esconder Lula na sua campanha a governador. Enquanto Bacellar teria no possível apoio de Bolsonaro, e na tentativa de espelhar a polarização política nacional no RJ de 2026, seu maior cabo eleitoral.
Bolsonaro preso?
Inelegível, se Bolsonaro for condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e preso por tentativa de golpe de Estado, isso pode tirar o peso eleitoral do seu apoio em 2026? Pode! Como pode, a exemplo de Lula preso em 2018 para se eleger presidente em 2024, aumentar a popularidade pela martirização.
Castro mal no RJ
Conhecido pela capacidade de articulação, Bacellar precisará de todo apoio que conseguir. Não só para tentar tirar a grande vantagem de Paes, como para superar outro obstáculo apontado na Quaest: 52% dos fluminenses acham que o governador Cláudio Castro (PL), aliado do presidente da Alerj, não merece eleger seu sucessor. Apenas 39% acham que merece.
Publicado hoje na Folha da Manhã.