Com Bolsonaro no STF, Tarcísio na cola de Lula para 2026

 

Jair Bolsonaro, Alexandre de Moraes, Luiz Inácio Lula da Silva e Tarcísio de Freitas (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

 

Bolsonaro será condenado no STF

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será condenado por tentativa de golpe de Estado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Possivelmente, em setembro deste ano, com pena que pode chegar a 40 anos de prisão. Provavelmente, pela unanimidade dos cinco ministros da 1ª Turma do STF. Talvez com o contraditório do ministro Luiz Fux vencido na dosimetria da pena.

 

Questionamentos jurídicos

É o que a maioria dos juristas projeta ao julgamento. Mesmo que muitos deles também façam restrições ao papel do ministro Alexandre de Moraes como juiz de instrução — com poderes de investigação alheios à magistratura na ordem jurídica do Brasil —, relator, julgador e vítima do caso. Como se questiona também o julgamento na 1ª Turma, não no plenário do STF.

 

Aposta em Rui Barbosa, não em César

Se há evidência da culpa de Bolsonaro, e a denúncia (confira aqui) da Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta várias, Moraes e o STF parecem ignorar o dito dos antigos romanos, que deram a base do Judiciário moderno: “À mulher de César não basta ser honesta, é preciso parecer honesta”. A aposta parece ser em Rui Barbosa: “O Supremo tem a prerrogativa de errar por último”.

 

Moraes com Bolsonaro, Moro com Lula

Na bipolaridade política do Brasil, boa parte da esquerda comemora a perspectiva de condenação e prisão de Bolsonaro. Não porque seria justa. Mas, sobretudo, para vingar a prisão do hoje presidente Lula (PT) pela Lava Jato. Mesmo que independa do zelo ao devido processo legal de Moraes com Bolsonaro. A exemplo da parcialidade de Moro com Lula.

 

Noção de ridículo e biruta moral

Ninguém, com noção de ridículo, embarca na narrativa de “velhinhas de Bíblia na mão” da extrema direita ao 8 de janeiro de 2023. Como ninguém, dotado da mesma noção, deixa de se espantar com o quanto dela carece a esquerda que varia sua biruta moral entre garantista e punitivista pelo sopro do oportunismo político/eleitoral.

 

Tiro pela culatra

Com o bolsonarismo, a sanha punitivista foi um tiro pela culatra. Lula foi preso em 2018 para tirá-lo da eleição presidencial daquele ano, em que liderava todas as pesquisas. Mas, mesmo da cadeia, pôs Fernando Haddad no 2º turno vencido por Bolsonaro. Liberto em 2019, Lula recuperou seus direitos políticos para derrotar Bolsonaro e se eleger presidente em 2022.

 

Sem bala de prata

Até aqui, nada indica que a eventual prisão de Bolsonaro será uma bala de prata à reeleição de Lula, na urna de daqui a pouco mais de 1 ano e 6 meses. Na quarta (26), no mesmo dia em que o STF transformou Bolsonaro e outros 7 acusados em réus, foi divulgada uma pesquisa da Futura Inteligência a presidente, que ouviu 1.000 pessoas entre 19 e 22 de março.

 

Tarcísio à frente de Lula

Na simulação do 2º turno, a pesquisa Futura deu o atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com 42,3% de intenção de voto a presidente. Ainda que em empate técnico na margem de erro de 3,1 pontos para mais ou menos, o ex-ministro de Bolsonaro ficou numericamente à frente de Lula, que teve 37,6%.

 

Maioria desaprova o governo

Na quinta (27), dia seguinte a Bolsonaro se tornar réu no STF, foi divulgada a pesquisa Ipespe. Feita com 2.500 eleitores entre 20 e 25 de março, ela deu ao governo Lula a aprovação de 41% dos brasileiros, enquanto a maioria de 54% desaprova. Na dúvida dos números até a urna de 6 de outubro de 2026, a certeza: o júri não será togado, mas popular.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

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