Racha no PT da Bahia vetou semiárido ao Norte e Noroeste Fluminense

 

Rui Costa, Lula e Jaques Wagner (Foto: Facebook)

 

 

PT da Bahia veta Norte Fluminense

Uma disputa interna no PT na Bahia é a verdadeira causa do veto do Lula 3 (confira aqui) ao projeto do semiárido do Norte e Noroeste Fluminense, aprovado por unanimidade (confira aqui) em todas as comissões em que passou no Congresso Nacional. Inclusive no Senado, onde o acordo fechado pelo líder baiano do PT, Jaques Wagner, foi vetado pelo petista baiano Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil.

 

Reduto nacional de Lula

Wagner e Rui já foram aliados e governadores da Bahia, estado mais populoso do Nordeste, região que é tradicional reduto eleitoral do PT. Mas, como ocorre muitas vezes na história entre “criador” e “criatura”, romperam. Hoje, ambos disputam e lideram as pesquisas para a eleição de duas cadeiras ao Senado que os baianos elegerão em 2026.

 

A cobrança de Portinho

Foi pelo acordo entre oposição e governo que gerou a aprovação unânime do projeto do semiárido ao Norte e Noroeste Fluminense no Senado, que o senador do RJ Carlos Portinho (PL) cobrou na CDL-Campos (confira aqui) em 14 de agosto: “A gente quer que o governo cumpra o compromisso que fez. Palavra dada é palavra cumprida”.

 

Palavra do PT descumprida pelo PT

Só que a palavra do PT, dada por Jaques Wagner na aprovação do semiárido no Senado em 15 de julho, acabaria descumprida pelo PT de Rui Costa na Casa Civil em 8 de agosto, com a assinatura de Lula. Não por vontade deste. Mas porque, desde as eleições municipais de 2024, o PT da Bahia se divide (confira aqui) em dois grupos: os “Wagnistas” e os “Ruizistas”.

 

Maiorias de lá e de cá

Diferente da Bahia de maioria lulopetista, mas com a capital Salvador governada por Bruno Reis (União), prefeito conservador reeleito em 2024, todas as eleições e pesquisas de 2018 em diante evidenciam: Norte e Noroeste Fluminense têm (confira aqui) ampla maioria bolsonarista. Dos seus 22 municípios, só seis deram a maioria dos votos a Lula no 2º turno presidencial de 2022.

 

NF contra o NF pelo PT da Bahia

A realidade eleitoral aos petistas do Norte e Noroeste Fluminense tem se tornado semiárida como a climática à agropecuária. O que levou alguns a posarem até de “geógrafos” e “climatologistas” nas redes sociais (confira aqui) contra um projeto que beneficiaria sua própria região. Por quê? Acham que é por Lula. Mas é por uma disputa de caciques no PT da Bahia.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Semiárido e recursos hídricos da região no Folha no Ar desta 4ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Diretor do Comitê da Bacia Hidrográfica do Baixo Paraíba, João Gomes Siqueira é o convidado do Folha no Ar nesta quarta (20), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3. Ele analisará o veto (confira aqui e aqui) do presidente Lula (PT) ao projeto de mudança climática do Norte e Noroeste Fluminense ao semiárido, aprovado (confira aqui) pelo Congresso Nacional.

João também falará sobre o VI Simpósio de Recursos Hídricos, marcado (confira aqui) para o dia 27 na Uenf, com tema Segurança Hídrica da Baixada Campista, onde será anunciado será anunciado o investimento de R$ 75 milhões na revitalização do sistema de comportas da região. Por fim, tentará projetar as eleições de 4 de outubro de 2026, daqui a pouco mais de 13 meses, a presidente, governador, senador e deputados.

Quem quiser participar do Folha no Ar desta quarta poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Sul do Brasil, Norte e Noroeste do RJ e eleições no Folha no Ar desta 3ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

As missões jesuítas e a imigração alemão e italiana no Sul do Brasil, o projeto do semiárido ao Norte e Noroeste Fluminense vetado por Lula e eleições de 2026 a presidente, governador, senador e deputados. Estes serão os temas do Folha no Ar desta terça (19), ao vivo, a partir das 7h, com o radialista Cláudio Nogueira e o jornalista Aluysio Abreu Barbosa, na Folha FM 98,3.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta terça poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Prefab a governador: Paes lidera, Wladimir em 2º e Bacellar em 4º

 

(Infográfico: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Prefeito carioca, Eduardo Paes (PSD) lidera a corrida a governador do RJ à urna de 4 de outubro de 2026, daqui a pouco mais de 13 meses. Na pesquisa Prefab Future, feita de 12 a 16 de agosto e divulgada hoje, Paes teve 35,5% de intenção de voto na consulta estimulada — com a apresentação dos possíveis candidatos ao eleitor. E, entre eles, o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PP), ficou em 2º lugar, com 5,5%. Outro campista, o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), ficou na 4ª posição a governador, com 4,0%.

Estimulada a governador do RJ — Na margem de erro de 3,1 pontos da pesquisa Prefab, para mais ou menos, todos os demais nomes a governador testados, atrás e distantes de Paes, ficaram em empate técnico. Numericamente, atrás de Wladimir (5,5%), o ex-prefeito de Duque de Caxias Washington Reis (MDB) ficou na 3ª posição, com 4,7% de intenção de voto. Ele foi seguido de Bacellar (4,0%), do ex-prefeito de Maricá Fabiano Horta (PT), com 2,5%; do ex-governador Wilson Witzel (PMB), com 2,3%; e da vereadora carioca Monica Benicio (Psol), com 1,8%.

Rejeição a governador — Ainda na consulta estimulada a governador do RJ, 22,7% se mostraram indecisos diante dos sete nomes apresentados pela Prefab, enquanto 21,0% disseram que votariam branco ou nulo. Já na rejeição, é Witzel que lidera, com 21,1% dos eleitores fluminenses dizendo que nunca votariam nele a governador. Foi seguido no índice negativo por Paes (18,6%), Wladimir (8,5%), Washington (7,7%), Bacellar (5,0%), Horta (2,7%) e Monica (2,5%). Outros 5,8% se revelaram indecisos, enquanto 8,0% disseram não rejeitar nenhum dos nomes.

Ressalva do especialista à metodologia Prefab — Quando revela a proporção das fatias dos 1.001 eleitores fluminenses que ouviu em agosto, a pesquisa Prefab traz um problema já conhecido na metodologia adotada pelo instituto:

William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE

— Os números da Prefab precisam ser observados com cautela. A pesquisa foi construída com amostragem diferente da determinada pelo IBGE. Que contabiliza a população do RJ com 39% de católicos e 32% de evangélicos. No entanto, dos 1.001 entrevistados, 41,8% são evangélicos, com somente 28,1% de católicos. O IBGE também aponta 51% da população fluminense com renda até 1 salário mínimo e 35% recebendo de 1 a 3 salários.  E, na estratificação por renda, 18,1% dos entrevistados da pesquisa recebem até 1 salário-mínimo, com 51,7% de 1 a 3 salários. Ou seja, a sondagem conferiu maior peso ao voto do eleitor evangélico e de classe média baixa — esclareceu William Passos, geógrafo com especialização doutoral em estatística no IBGE.

 

Festival Internacional Goitacá de Cinema no Folha no Ar desta 2ª

 

(Arte: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

Diretor de cinema e da produtora carioca Quiprocó Filmes, além de idealizador e organizador do Festival Internacional Goitacá de Cinema, que se inicia (confira aqui) nesta terça (19), Fernando Sousa é o convidado do Folha no Ar desta segunda (18), ao vivo, a partir das 7h da manhã, na Folha FM 98,3.

Fernando dará detalhes do (confira aqui) I Festival Internacional Goitacá de Cinema, que acontece em Campos entre 19 e 24 de agosto, com 65 filmes nacionais e internacionais. Doutorando em sociologia política na Uenf, ele também falará da perspectiva de resgate (confira aqui) do projeto da Escola Brasileira de Cinema e Televisão (EBCTV), elaborado pelo antropólogo Darcy Ribeiro na criação da universidade.

Quem quiser participar ao vivo do Folha no Ar desta segunda poderá fazê-lo com comentários em tempo real, no streaming do programa. Seu link será disponibilizado alguns minutos antes do início, nos domínios da Folha FM 98,3 no Facebook e no YouTube.

 

Região se une para derrubar no Congresso veto de Lula ao semiárido

 

Wladimir e Lula na inauguração do novo prédio da UFF em Campos, em 14 de abril, cuja conclusão só foi possível através de emenda de bancada liderada pelo primeiro na Câmara de Deputados (Foto: Secom)

 

Pelo Norte e Noroeste Fluminense

São 22 os municípios do Norte e Noroeste Fluminense que teriam a agropecuária beneficiada pelo projeto de Wladimir Garotinho, quando ainda era deputado federal, com a mudança da classificação climática da região ao semiárido. E, mesmo com o ex-deputado eleito e reeleito prefeito de Campos, o projeto foi aprovado pelo Congresso Nacional em 15 de julho.

 

Os nove do Norte

Além de Campos, teriam acesso facilitado a crédito os produtores rurais dos outros oito municípios do Norte Fluminense. A saber: São João da Barra, São Francisco de Itabapoana, Cardoso Moreira, São Fidélis, Macaé, Quissamã e Conceição de Macabu.

 

Os 13 do Noroeste

Já no Noroeste Fluminense, seriam 13 os municípios cujo setor agropecuário seria beneficiado pelo projeto. A saber: Itaperuna, Italva, Bom Jesus do Itabapoana, Laje do Muriaé, Natividade, Porciúncula, Varre-Sai, Santo Antônio de Pádua, Aperibé, Cambuci, Itaocara, Miracema e São José de Ubá.

 

No Congresso, unânime com o PT

Nenhum questionamento técnico vingou diante da aprovação do projeto, unânime em todas as comissões pelas quais passou na Câmara dos Deputados e Senado Federal. Inclusive, com deputados e senadores do PT — e de outros partidos de esquerda. Os questionamentos só passaram a existir quando o projeto foi vetado pelo presidente Lula (PT), em 8 de agosto.

 

Wladimir na direita x esquerda

A partir do veto de Lula, a questão entrou na esquizofrenia política brasileira entre esquerda e direita. Wladimir caiu nessa armadilha bipolar. No mesmo dia 8, em reação ao veto de Lula, publicou em suas redes sociais: “Preferem (os petistas) incitar invasão de terras (via MST) a dar liberdade e crédito para que eles possam viver do seu trabalho”.

 

PT idem (I)

Na terça (12), o PT de Campos reagiu. Em nota nas redes sociais, também fulanizou o debate: “O PT e os petistas sempre estiveram na luta por uma Campos mais justa e desenvolvida, coisas que não são possíveis por conta da má administração das mesmas famílias que por décadas revezam o poder e usam a máquina pública para benefícios próprios”.

 

PT idem (II)

Não ficou por aí. Em convocação para uma videoconferência na quinta (14), Olavo Carneiro, do Coletivo Agrário Nacional do PT, e Victor Tinoco, secretário agrário do PT-RJ, disseram: “A direita e a extrema-direita fazem uma ofensiva na região contra o governo Lula em torno do veto ao PL do semiárido. Queremos ouvir as avaliações das lideranças de esquerda da região”.

 

Esquerda com esquerda, CDL com Portinho

Se a esquerda convocou a esquerda para debater, o comércio goitacá, tradicional parceiro do setor agrário, fez o mesmo. Também na quinta, o senador Carlos Portinho (PL) esteve na CDL-Campos. Na saída do Ciclo de Desenvolvimento Regional promovido pela entidade, o senador advertiu: “Espero que o representante do Governo Federal entenda que a região está unida”.

 

Bolsonarista com lulista em Italva

Bolsonarista e entre os parlamentares que mais trouxeram emendas a Campos e região, Portinho se referiu na CDL a André Ceciliano, ex-presidente da Alerj e secretário nacional de Assuntos Parlamentares do governo Lula. Com quem o senador, prefeitos e representantes do Norte e Noroeste Fluminense se reuniram na manhã de sexta (15), em Italva.

 

Região no Congresso contra veto de Lula

Político tão habilidoso quanto leal ao PT, Ceciliano tentou dar opções aos municípios reunidos no Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento do Norte e Noroeste Fluminense (Ciddenf). Cuja resposta ao Lula 3 foi uma carta em que todos se comprometeram a mobilizar deputados e senadores para derrubarem o veto presidencial no Congresso.

 

Se judicializar…

Há possibilidade de a questão acabar judicializada. Numa eventual arguição de inconstitucionalidade do projeto do semiárido. Que o Congresso não viu ao aprová-lo por unanimidade nas duas Casas. Foi acordo no mínimo tácito entre o Lula 3 e a maioria do Supremo Tribunal Federal (STF), nada indica que a agropecuária da região sairia vencedora.

 

Paralelo do Nosso Guia ao Mito

Mas, a quem vive em algum dos 22 municípios que seriam beneficiados e se coloca contra a região por subserviência acrítica a Lula, alcunhado de “Nosso Guia” pelo jornalista Elio Gaspari, há paralelo. Nos “patriotas” travestidos de verde e amarelo que apoiam a taxação dos EUA de Donald Trump ao Brasil por conta do julgamento do “Mito” Jair Bolsonaro no STF.

 

Em 2018, Haddad só em Muriaé

Em 2018, quando Bolsonaro foi eleito presidente, e em 2022, quando foi apeado do poder por apenas 1,8 ponto, Norte e Noroeste Fluminense se demonstraram antilulopetistas. Dos seus 22 municípios, Fernando Haddad (PT) venceu localmente o 2º turno presidencial contra o capitão em apenas um: Laje do Muriaé, por 53,32% a 46,88% dos votos válidos.

 

Em 2022, Lula em seis dos 22

Em 2022, Lula pôde ser candidato outra vez a presidente. Venceu nacionalmente o 2º turno contra Bolsonaro, mas confirmou isso em só seis dos 22 municípios da região: além de Muriaé (59,50% a 40,50%), Conceição de Macabu (52,04% a 47,96%), Quissamã (52,13% a 47,87%), Porciúncula (53,91% a 46,09%), Cambuci (50,43% a 49,57%) e Miracema (53,61% a 46,39%).

 

São Fidélis e Francisco: “deus, pátria e família”

A tônica em 2018 foi o massacre de Bolsonaro em 21 dos 22 municípios do Norte e Noroeste Fluminense. Onde sua maior vantagem foi em São Fidélis, por 74,85% a 25,55% no 2º turno sobre Haddad. Já em 2002, quando perdeu nacionalmente e venceu em 16 dos 22 municípios da região, o capitão teve a maior dianteira em São Francisco: 66,95% a 33,05% de Lula.

 

Após o veto, e 2026?  

Com o incremento que os governos do PT sempre deram à Petrobras e à educação federal, regiões petrorrentistas em que se espraiam unidades do IFF, Norte e Noroeste Fluminense nunca tiveram motivo real para serem tão antilulopetistas nas urnas presidenciais. Como, de fato, foram em 2018 e 2022. Para 2026, depois do veto de Lula ao semiárido, elas têm!

 

Publicado hoje na Folha da Manhã.

 

Semiárido: Wladimir promete luta da região contra veto de Lula

 

Prefeito Wladimir Garotinho, secretário André Ceciliano e presidente Lula (Montagem: Eliabe de Souza, o Cássio Jr.)

 

“Tenho muito respeito e amizade ao André Ceciliano (secretário de Relações Institucionais da Presidência), mas as informações dele (confira aqui) estão erradas. Entendo que ele tenha que fazer o jogo político do PT e do governo (Lula 3) que faz parte, mas não vamos ser entubados com inverdades. Teremos uma reunião em Italva nesta sexta (15), mas ele (Ceciliano) vai encontrar uma região unida (confira aqui) e preparada para lutar junta”.

Foi o que disse hoje o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PP), sobre o seu projeto enquanto deputado federal, de mudança da classificação climática do Norte e Noroeste Fluminense para semiárido. Que, na prática, abriria novas linhas de crédito para os produtores rurais de 22 municípios da região. E foi aprovado (confira aqui) pelo Congresso Nacional, mas vetado (confira aqui) pelo presidente Lula (PT).

— Não estamos inventando a roda. Ela já existe e já girou em outras oportunidades. Querem nos propor um novo projeto, de um deputado do PT para auxílio safra? Por quê? Esse projeto deles é muito inferior ao já aprovado e, não altera, por exemplo a classificação climática que é essencial para abertura de linhas de crédito mais baratas — questionou o prefeito.

— O projeto passou por todas as comissões e foi aprovado em todas. Portanto, não tem nenhum vício de constitucionalidade. Um ponto muito discutido é o auxílio safra, que é sazonal e só para período de calamidade comprovada, sem necessidade de previsão orçamentária anual. Já tivemos leis específicas aprovadas para pagamento desse auxílio na nossa região várias vezes. Como sempre foi sazonal, se abre crédito extra — explicou Wladimir.