Arthur Soffiati e Elias Sader Neto
No último sábado (4), a Folha da Manhã trouxe duas entrevistas: com o historiador Arthur Soffiati e o juiz Elias Pedro Sader Neto. O primeiro, porque completava (confira aqui) 50 anos como articulista na imprensa de Campos. O segundo, porque se aposentou (confira aqui) após 27 anos na magistratura, os últimos 18 como titular da 3ª Vara da Família de Campos.
Entrevistas à Folha
A entrevista de Soffiati foi a reprodução da entrevista que ele concedeu no Folha no Ar, programa da Folha FM 98,3, na manhã da sexta anterior (3). A de Elias foi feita integralmente por escrito, como é muitas vezes a praxe de jornal impresso e virtual.
Carioca e niteroiense que Campos adotou
Cada um deles com grande contribuição a Campos nas suas áreas, uma curiosidade: Soffiati é carioca, enquanto Elias é niteroiense. E, embora tenham vindo ambos, já adultos, residir na planície goitacá, acabaram adotando esta como lar. Como foram por ela adotados.
Perspectivas do historiador e do juiz
Como historiador, Soffiati foi indagado sobre o ineditismo histórico de o Brasil ter um ex-presidente, três generais e um almirante julgados e condenados (confira aqui) por tentativa de golpe de Estado. Como juiz, Elias foi indagado sobre o papel protagonista que o Judiciário e, mais especificamente, o Supremo Tribunal Federal (STF) passaram a ter (confira aqui) no Brasil dos últimos anos.
“Moraes respaldado”
“Acho que se o Moraes extrapolou, ele foi respaldado por três juízes (ministros da 1ª Turma do STF também favoráveis à condenação de Bolsonaro: Flávio Dino, Cristiano Zanin e Carmén Lúcia). Acho que o voto de Fux foi bastante caótico. Eu, mesmo não sendo jurista, achei que foi uma coisa meio confusa, muito longo e muito contraditório”, analisou Soffiati.
“Não pode continuar assim”
“Não é possível que alguém pretenda ser o juiz do caso em que sua mãe é a ré e ainda pretender ser respeitado. É como vejo o STF hoje (…) Pessoas nomeadas para um cargo vitalício de ministro passaram a julgar, sem constrangimento algum, questões políticas do maior interesse daquele que as nomeou. Isso não pode continuar assim”, questionou Elias.
“Julgamento foi válido”
“Acho que mais três juízes referendando o que o Moraes falou, isso de alguma maneira dá um respaldo muito grande a ele. Se fosse para o pleno (do STF) eu acho que ele não contaria com mais dois votos, mas a maioria votaria com ele também. Não vou invalidar, acho que o julgamento existiu e foi válido”, endossou Soffiati.
“Imparcialidade para o ralo”
“O STF condenou o Bolsonaro pelo desejo do golpe, por uma realidade psíquica e não por um fato idôneo. A expressão ‘trama golpista’ só foi adotada em razão de desconhecimento jurídico daqueles que torciam pela condenação do Bolsonaro (…) Juiz não pode ter vontade de condenar. Quando isso acontece, a imparcialidade foi para o ralo”, sentenciou Elias.
Acima da acefalia das redes sociais
Pode-se concordar ou não com o historiador ou o juiz. Mas não se pode discordar que os dois, para além da mera opinião, trouxeram argumentos substantivos, opostos e complementares sobre o caso. Que a Folha ecoou ciente da sua condição de ágora da cidade. Na tentativa de nivelar o debate acima da acefalia bipolar do “direita boba” e “esquerda feia” das redes sociais.
Publicado hoje na Folha da Manhã.