Nem bem começaram, os novos blogs da Folha já têm gerado discussões bem interessantes. Tomo aqui a liberdade de reproduzir uma delas, mantida entre mim e o André Lacerda, do “Juventude a Atitude” (aqui), onde democraticamente discordamos dos rumos que o PT pretende dar à campanha de Dilma no segundo turno. O André, para quem não lembra, é um dos tantos estudantes e ex-estudantes do IFF que recentemente usaram este blog (aqui) como espaço à democracia que entendem não acontecer na escola, pelo menos por parte do grupo que (ainda) controla a reitoria.
Abaixo, nosso debate mais recente…
PT calça sandálias da humildade
Por André Lacerda, em 07-10-2010 – 1h28
É fato que apóio a Dilma por questões ideológicas e pragmáticas. Mas verdade há de ser dita: o PT resolveu calçar as sandálias da humildade. O horário eleitoral ainda não começou e nem a corrida presidencial esquentou, mas já é possível perceber algumas mudanças consideráveis na campanha de Dilma. O convite a Ciro Gomes (PSB) e a José Alencar (PRB) para coordenar a campanha, respectivamente, no Nordeste e em Minas Gerais, é a prova que o PT resolveu ceder espaço aos aliados e dar a eles maior poder de decisão. Em suas aparições públicas, Dilma agora procura sempre estampar um longo sorriso no rosto. A ordem é que a candidata conceda entrevista aos veículos de comunicação durante as atividades de campanha e envolta aos jornalistas, e não mais em um púlpito como feito no primeiro turno. O objetivo é quebrar a formalidade e passar a imagem de que Dilma é do povão. Nas fotos das recentes atividades de campanha já é possível perceber que o aparato de segurança da Dilma foi muito bem escondido, os poucos seguranças que a cercam abandonaram o terno e utilizam até adesivo da campanha no peito. Outra preocupação também é reverter os votos evangélicos que migraram por conta de boatos. No final da entrevista ao Jornal Nacional, na segunda, um dia após a votação, a petista agradeceu a Deus pelos milhões de votos obtidos. É, parece que o PT está trocando o salto alto pelas sandálias da humildade.
Aluysio
Caro André,
Serra está longe daquilo que considero ideal, mas não votarei em Dilma, sobretudo pelas sombras do fascismo que rondam seu possível governo, com José Dirceu dando novamente as cartas sob a mesa do PT, indicando a possível falta de freios aos “aloprados” do partido, seja em Brasília ou Campos. Perfil técnico, antipático e soberbo por perfil técnico, antipático e soberbo, minha tendência é migrar o voto em Marina para quem, no segundo turno, tem mais bagagem como técnico e menos possibilidade de tutela. Mas, literal e metaforicamente, concordo com a piada que vem rodando a net, onde se lê abaixo dos retratos de Dilma e Serra: Essa disputa vai ser feia!!!… (rs)
Falando sério, se a idéia do PT é calçar as sandálias da humildade, convenhamos que Ciro Gomes, em quem votei para presidente em 2002, está longe de ser o acréscimo mais indicado ao comando campanha. Por outro lado, depois da coça com umbigo de boi aplicada pelo Aécio em Minas, que já se comprometeu em mergulhar de cabeça na campanha tucana do segundo turno, José de Alencar tampouco parece capaz de fazer grande diferença.
Concordo que, além da migração de Marina, o que também pode definir a eleição são os votos religiosos, não apenas evangélicos, posto que, Frei Betto e Leonardo Boff à parte, muitos padres católicos orientaram abertamente seus fiéis a não votar em Dilma, por sua posição pró-aborto. Embora não tenha posição fechada no assunto e julgue indevida a interferência religiosa no estado laico, vc há de convir que o assunto trata de uma delicada questão moral, tanto terrena, quanto divina, não sendo descabida ou anti-democrática a postura de quem não vota em alguém que defende algo que julga ser um crime contra a vida, independente da crença num Deus que a tenha concebido.
Por fim, gostem ou não os petistas, o fato de Dilma ser a favor do aborto não é boato. Juridicamente falando, é aquilo que se chama “exceção da verdade”. Ao fim e ao cabo, companheiro, assistir à candidata do PT agradecendo a Deus, cá pra nós, só pode ser piada. Não vi a edição do Jornal Nacional a que vc se refere, mas seria de se indagar se, nesse agradecimento divino pelos votos terenos, a golpista é mesmo a imprensa…
Abraço e sucesso!
Aluysio