A recente retomada de atividades do blogueiro serviu para retomar alguns dos temas pretendidos na gênese deste “Opiniões”, mas que infelizmente foram ficando no meio do caminho. Entre eles o de discutir cultura, sobretudo a poesia. Neste intuito, comecei a republicar aqui alguns dos textos feitos para o blog “Cantos”, infelizmente também abandonado, no qual colaborava em parceria com o professor Fernando Moura e a antropóloga Fernanda Huguenin, camaradas em armas e pena.
Pois, hoje, neste domingo de inverno, se aqueça você, leitor, com os versos daquele que considero o maior talento já produzido pela poesia brasileira, grande nome do nosso Barroco, Gregório de Matos (1636/1695), o Boca do Inferno…
As Cousas do mundo
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa.
PO DA UMA MELHORADA NA FOTO DE JOÃO PEIXOTO . RSRSRSRSR