Do rumoro caso que levou ao fechamento do tablóide inglês News of the World, pela utilização de grampos ilegais para apuração de matérias, numa conjugação do que há de pior entre mídia e práticas policialescas, fica a certeza de que aquilo que a gente chama de canalha não tem classe definida. Podem ser jornalistas, policiais, empresários, engenheiros, professores, blogueiros, radialistas, ou quaisquer outros que não respeitem limites éticos e legais em busca de lucro pecuniário, político, de poder, de aceitação social ou simplesmente de vaidade pessoal.
No caso da mídia, independente da sua forma, quando a obtenção da informação ou a expressão da opinião crítica não encontra o devido limite no respeito ao direito alheio, que não pode ser ditado pelo caráter e a ética de quem não os possui, a fronteira no Reino Unido, no Brasil, ou na planície, tem que ser demarcada pela lei. Aliás, exatamente para isso serve a lei: tentar impor limites de ética e caráter aos atos dos canalhas.
Sobre o episódio britânico, vale a pena reler o artigo que um bom jornalista, o Aloysio Balbi, publicou no último sábado, dia 9, na página de Opinião da edição impressa da Folha…
Os que escutam e os que lêem
O News of the Word se notabilizou produzindo furacões, e agora foi devastado por um deles. É quando o escandaloso vira escândalo. A união Britânica de Jornalistas definiu esse embaraço de páginas, como um abismo ético e moral. Foi econômico. O jornal sem ética, e sem moral, jogou muita gente no abismo, algumas dessas pessoas bem que mereceram, mas não tiveram sequer a chance de usar um pára-quedas, razão pela qual o tablóide merece o tombo.
Publicar informações conseguidas ilicitamente para os bons manuais de redação, é crime. Para a Justiça também. Jornais não devem publicar conteúdo de gravações conseguidas ilegalmente. O quadro se agrava quando o jornal produz o grampo, transformando jornalistas em espiões. Existe uma diferença entre isso aí, o jornalismo investigativo, a partir do momento da motivação da pauta, e como ela é cumprida.
O ex-diretor de Comunicação do primeiro-ministro Dadiv Cameron, Andy Coulson, trabalhou neste mercado auditivo até 2007, e está mais enrolado do que papel higiênico. Tinha tanto pulso nesta história que ontem foi grampeado por algemas. Se for para levar a sério, o acontecimento deveria provocar um grande debate, não no desempenho do jornalista, mas de alguns jornais.
Seria até compreensível, que um jornalista através de um material anônimo de profunda relevância e interesse público, conseguido à revelia da lei, fizesse uso dele. Parece que uma novela que está no ar, trata deste assunto, com um o jornalista publicando em seu blog uma gravação de vídeo que caiu do céu, para colocar um empresário corrupto na cadeia. Mas quando um jornal poderoso consegue informações criando um departamento de grampos, não difere daqueles que conseguem informações sob tortura.
O formato de produtos editoriais não serve para medir o seu conteúdo, mas no caso do News of the Word, parece que ele sempre reduziu tudo e todos. Agora, ficou provado que sua ética e moral são exatamente do tamanho de suas páginas. Sem ter o que falar ou escrever em sua defesa, decidiu fechar depois de 180 anos. Já vai tarde!
Concordo em tudo. Muito bom.
Caro Nino,
E tenho certeza de que discordamos, em tudo, de todos os canalhas.
Abraço e grato pela colaboração!
Aluysio