GAP: Mistérios no ar e milhões na conta

Por Alexandre Bastos, em 26-05-2013 – 13h50

Uma semana após a revista Época divulgar matéria sobre um suposto amigo invisível do deputado federal Anthony Matheus (PR), o caso ganhou novos capítulos. Se por um lado o parlamentar alegou estar sendo perseguido, por outro ele mesmo deixou nítido que havia algo errado e afirmou que a Prefeitura de Campos suspenderia o contrato com a GAP. Porém, na prática, a empresa continua recebendo. Nos últimos dois meses, por exemplo, a Prefeitura pagou R$ 1,8 milhão à GAP. Em meio aos fantasmas, denúncias e dúvidas, outras situações começam a ser descobertas. A principal delas envolve o empresário Fernando Trabach.

Se o George Augusto Pereira não existe, Trabach é de carne e osso. Inclusive, de acordo com a revista Época, ele teria fornecido combustíveis para uma campanha do PR. Trabach é dono da Posto 01, empresa que ganhou uma concorrência em Campos e que fica no mesmo endereço da GAP.

Quem pesquisa a vida de Trabach se assusta com o fato do empresário ter três números diferentes de CPF. Ele também já apareceu em uma denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) contra a Prefeitura de Campos. Em 2009, a prefeita Rosinha (PR) resolveu alugar ambulâncias ao invés de comprá-las. Para abrir concorrência, o município precisava cotar preços entre empresas e definir o valor a pagar pelo serviço de locação das ambulâncias. O mecanismo visa obter a proposta mais econômica aos cofres públicos. Uma das quatro empresas que apresentaram orçamento foi o Posto 01, que vende combustível em Itaboraí, município próximo ao Rio. Naquela época, o posto tinha uma filial no mesmo endereço da GAP. A suspeita do MPE era que houvesse um acerto entre as duas empresas irmãs para fraudar a concorrência. De acordo com o MPE, no dia da licitação, a GAP teve o caminho livre para vencer e receber, ainda por cima, em valores superfaturados. O que isso tem a ver com Trabach? Ele comanda a rede que inclui o Posto 01.

Trabach também aparece nas denúncias de fraudes na campanha eleitoral do PR em 2010. Sua rede de postos ganhou R$ 1,2 milhão para fornecer combustível ao candidato a governador do partido, Fernando Peregrino, lançado por Anthony Matheus. Tudo legal, afinal Trabach realmente opera estações de venda de gasolina, álcool, gás e diesel. A suspeita veio à tona quando a investigação esbarrou nas notas fiscais apresentadas à Justiça Eleitoral para comprovar as despesas com os quatro postos de Trabach. No final de abril, a revista Época revelou que as notas contêm indícios de irregularidades e falsificação.

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