2013 a 2014 entre versos do mar

Arpoador

réveillon

dorso sobre o dorso das ondas
calmas, d’além da arrebentação
arrepiou ao cafuné de iemanjás
à deriva da última tarde do ano

despertou do sono dos peixes
na fisga doce da chuva à boca
mas joão, com valentia de água
sonhou acordado todas as cores

arpoador trespassou sua alma
em oferenda na ponta da pedra
e seu corpo no tato de um cego
doeu ouvidos atentos ao barco
pegou a areia do fundo na mão

rio, 02/01/14

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