Vinte e oito gols em 9 jogos, numa espetacular média de mais de três por partida. Dois clássicos em jogos de antologia (Holanda 5 x 1 Espanha e Itália 2 x Inglaterra). Atuações individuais de gala do brasileiro Oscar, do holandês Arjen Robben, do maestro italiano Andrea Pirlo e até da grata surpresa costarriquenha Joel Campbell. E o alemão Bastian Schweinsteiger, o português Cristiano Ronaldo e, sobretudo, a Argentina de Lionel Messi em pleno Maracanã, ainda nem entraram em campo ainda.
Seja por seu batismo na emoção do canto à capela do hino brasileiro, ou na catarse da vaia e do xingamento à presidente Dilma, neste céu e inferno na Terra que nos faz tão humanos quanto qualquer outro entre as 32 nações aqui reunidas, ninguém pode dizer que essa Copa não tenha começado muito bem, obrigado! E na torcida para que esse encantamento não se quebre, pelo menos dentro das quatro linhas, que as bençãos do Poetinha Vinicius de Moraes caiam sobre este domingo de mais futebol, no soneto por ele dedicado ao encantador de pernas tortas do rude esporte bretão:
O anjo das pernas tortas
(Vinicius de Moraes)
A um passe de Didi, Garrincha avança
Colado o couro aos pés, o olhar atento
Dribla um, dribla dois, depois descansa
Como a medir o lance do momento.
Vem-lhe o pressentimento; ele se lança
Mais rápido que o próprio pensamento,
Dribla mais um, mais dois; a bola trança
Feliz, entre seus pés — um pé de vento!
Num só transporte, a multidão contrita
Em ato de morte se levanta e grita
Seu uníssono canto de esperança.
Garrincha, o anjo, escuta e atende: Gooooool!
É pura imagem: um G que chuta um O
Dentro da meta, um L. É pura dança!
Rio de Janeiro, 1962
VALEUUUUUUUU!!!!