Fernandinho no lugar de Paulinho, como segundo volante, é certeza. Maicon assumindo a lateral-direita de Daniel Alves é uma possibilidade. Dante na zaga em substituição a David Luiz, com uma contratura nas costas de última hora, pode ser uma necessidade. Entre as muitas dúvidas sobre a escalação com que a Seleção Brasileira entra em campo hoje, a partir das 13h, no Mineirão, pelas oitavas de final da Copa do Mundo, só uma certeza: Perdeu? Adeus!
O adversário é um antigo e conhecido freguês em Copas: o Chile. Nas três vezes em que cruzou com o Brasil em Mundiais, sofreu três derrotas: 2 x 4 em 1962, 1 x 4 em 98, e 0 x 3 em 2010. Mas a declaração do treinador brasileiro Felipão, de que só não queria pegar o velho rival nas oitavas, aliada à boa campanha da seleção sul-americana na fase de grupos (3 x 1 na Austrália, 2 x 0 sobre a campeão Espanha, mas derrota de 0 x 2 diante da Holanda) fez com que os chilenos crescessem no caminho brasileiro à conquista do Hexa dentro de casa.
Na dúvida razoável se alguém, com direito de escolher, fosse preferir pegar a Espanha (mesmo já eliminada) ou a Holanda (que joga amanhã contra o México) de cara no primeiro jogo eliminatório da Copa, a verdade é que sob a competente batuta do argentino Jorge Sampaoli , o Chile possui de fato um excelente time. Além de jogadores técnicos, as variações táticas e a intensa movimentação da equipe, sem posições fixas e com apoio constante dos laterais, sempre causam problemas aos adversários para encaixar a marcação.
Mas, como o Brasil, os chilenos também têm problemas com para escalar seu time titular. Se nas coletiva de ontem, Felipão não confirmou nenhuma das prováveis alterações da Seleção Brasileira, Sampaoli foi mais sincero ao admitir que se o jogo fosse na sexta, não poderia mandar a campo Gery Medel, e que Arturo Vidal está longe das melhores condições.
Volante de origem, mas improvisado com sucesso na seleção como zagueiro ou líbero, Medel tem um problema muscular na coxa esquerda e é dúvida para hoje. Já Vidal, um dos mais importantes jogadores chilenos do meio para frente, sofreu uma cirurgia no joelho esquerdo há 45 dias, foi poupado na derrota contra a Holanda, mas ainda não se recuperou. Confirmado no time que hoje entra jogando, dificilmente terá condição de suportar os 90 minutos, muito menos uma eventual prorrogação.
No Brasil, a esperança, como sempre é Neymar. Mas não faria mal se Oscar reeditasse sua boa atuação na estreia contra a Croácia, se Fred reencontrasse o caminho do gol após ter desencantado contra Camarões, se Hulk finalmente se destacasse por algo além do vigor físico e do emprenho tático, ou se Fernandinho mantivesse o mesmo futebol que o transformou em titular.
Se ficar só por conta de Neymar, bom lembrar que ele terá pela frente seu companheiro de ataque no Barcelona, Aléxis Sánchez, cuja temporada no clube catalão foi melhor que a do craque brasileiro. E como Sánchez, embora não guarde posição fixa, gosta de atacar pela direita, o dispersivo lateral esquerdo Marcelo e o eficiente volante Luiz Gustavo terão que estar atentos.
Entre o Brasil e o Chile, há os Andes. E para um lado ou para o outro, a queda é grande.
Publicado hoje na edição impressa da Folha.
Brasil 2 x 1 Chile