Dois países, uma escolha
Por Sandro Vaia
Ganhe ou perca as eleições o PT já cumpriu a sua missão: dividiu o Brasil em dois e institucionalizou o maniqueísmo como política de Estado.
Consegui industrializar o “nós” a ponto de transformá-lo em símbolo da vontade, da virtude, da generosidade, da luta contra o preconceito, da compaixão pelos pobres, da igualdade — cujo corolário definitivo não é nenhuma mudança de fundo na sociedade mas apenas executar um projeto de poder. Um aprendiz de PRI, a versão mexicana do poder pelo poder.
Conseguiu cravar no fantasmagórico adversário — “eles” — o exato oposto do que ele diz representar: a maldade, o egoísmo, o ódio, a luta de classes, o racismo, a homofobia e tudo que o imaginário possa estruturar como resumo do mal.
O PSDB, numa análise atilada do filósofo José Arthur Gianotti simplesmente perdeu a identidade como partido, por não ter conseguido se articular como oposição.
O PT conseguiu, através de seu agressivo discurso maniqueísta, empurrar para uma frente oposicionista informal setores dispersos da sociedade descontentes com a amoralidade difusa e macunaímica que marca o seu período de 12 anos no governo.
O Brasil foi levado a dividir-se politicamente e eleitoralmente não mais em PT e PSDB mas em PT e anti-PT.
À informal frente oposicionista juntaram-se setores da direita ideológica mas inorgânica, alguns direitistas caricaturais, os marinistas, defensores da sustentabilidade ambiental, e até mesmo uma Frente de Esquerda Democrática, formada por intelectuais gramscianos, esquerdistas desiludidos com o fisiologismo e jogo sujo do PT, que declararam em manifesto:
( “) Nas eleições de 2014, nos decepcionamos com o PT. A campanha petista no primeiro turno valeu-se de táticas e subterfúgios que desonram o bom debate. Caluniou, difamou e agrediu moralmente a candidatura de Marina Silva, sob o pretexto de que seria preciso fazer um “aguerrido” confronto político. Atropelou regras procedimentais e parâmetros éticos preciosos para a esquerda e a democracia. ( “)
E considere-se que quando os esquerdistas democráticos escreveram esse manifesto, Lula ainda não havia comparado o adversário aos nazistas e ao rei Herodes, em alguns de seus surtos de alucinação onde combate, como dom Quixote, os moinhos de vento que ele mesmo criou — aplicando provavelmente por instinto e não por conhecimento, o princípio leninista de “acusar os outros daquilo que você faz”.
O mais nocivo populismo caracteriza-se exatamente por interditar o debate substituindo-o, sempre que possível, por uma chuva de calúnias na cabeça do adversário, que passa a ser tratado não como um defensor de propostas diferentes, mas como um criminoso a ser eliminado.
Seja como for, o País que emergirá das urnas domingo será outro. Ou melhor, será um dos dois: ou aquele que procurará a modernidade livrando-se da canga do atraso e da mistificação ou aquele que fará das ilhas de atraso, da pobreza e do assistencialismo a reserva de mercado para garantir sua perpetuação no poder. Aos populistas e demagogos, nunca convém que os descamisados possam comprar suas próprias camisas.
Publicado aqui, no Blog do Noblat
Herval Guimarães
25 out 2014Dilma Manda Economista Fazer Senai Pronatec Para Ter Emprego
Mais recente pérola da ex-presidente da república! Detalhe para o Aécio rindo no final!
Compare com a resposta do Aécio: http://youtu.be/-ehPBUEHvsw