Por Isabel Braga
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), disse nessa quinta-feira que as manifestações de sexta e de domingo refletem a necessidade de mudança por parte do governo e do Congresso Nacional. Para ele, “qualquer governo comete erros, e o momento é de humildade, de dialogar e não fazer política com rancor”. O líder reclamou da cobertura da mídia. Para ele, houve supervalorização das manifestações de domingo e não foi dado o mesmo peso em relação às de sexta, que não pediam a saída do PT e da presidente Dilma Rousseff do governo. Também comentou a discrepância de números de manifestantes do DataFolha e da Polícia Militar de São Paulo.
— Independente disso, as ruas mostraram que querem mudança. Ou fazemos ou as ruas nos engolem. Ninguém pode chegar aqui com o mesmo sentimento da semana passada. Quem fizer isso, quebrará a cara — disse o líder do governo.
Segundo ele, o governo tem que mudar na área econômica, dialogar com as centrais sobre os direitos trabalhistas, com a sociedade, com o Congresso. Para Guimarães, o governo da presidente Dilma é “forte” e irá se recuperar tomando medidas para enfrentar a crise. Guimarães defendeu a ampliação do ajuste fiscal e disse que, pessoalmente, é a favor da taxação de grandes fortunas.
— O novo núcleo político nasce na sequência para aprimorar a saída (da crise). Não tem milagre, não é uma pessoa só a apertar um botão. É construção política e tem que ser feita com toda a base aliada. O momento é de reconstrução da base aliada. Amanhã (terça), o vice-presidente Michel Temer se reunirá com os líderes aliados na Câmara. Temos que dialogar e sair dessa mesmice. Fazer um ajuste amplo, atingindo todos os setores.
Indagado sobre a tentativa de ministros e petistas de relativizar as manifestações de domingo, dizendo que são em sua maioria pessoas que votaram nos adversários de Dilma, Guimarães afirmou:
— Não estou relativizando. Acho que as manifestações foram exitosas, e temos que agir. Não vou pela linha do eleitorado do adversário. Não temos que ficar atordoados. O governo precisa agir. O recado foi para todos: governo, oposição, Congresso.
O líder do governo propôs um pacto entre governo e oposição em torno da votação da reforma política. Segundo ele, em junho de 2013 a presidente Dilma propôs como resposta às ruas a aprovação desta reforma, mas a “culpa” por ele não ter sido votada é do Congresso.
José Guimarães também defendeu nesta quinta-feira mudanças internas no PT no próximo congresso da legenda, que acontecerá em junho. Segundo o líder do governo, o PT “está sofrendo” e precisa se recompor, fazendo no próximo congresso da legenda um pacto que garanta mudanças, dando como exemplo, mudanças na formação e também na relação com os movimentos sociais de quadros.
Publicado aqui, no globo.com
Manifestações de “sexta”?????
Será que ele se referiu aos atos chapa-branca das centrais cooptadas e financiadas com dinheiro público???
E ousou colocá-los no mesmo grupo das manifestações – essas, sim: genuinamente populares porque espontâneas!!! – do domingo???
Se foi isso mesmo que eu entendi, de humildade o governo nada sabe.
E será engolido pelas ruas – é só uma questão de tempo!