“Que país é esse?” — No dia seguinte a protestos, homem do PT no Petrolão é preso pela PF

Em seus tempos de diretor da Petrobras, Renato Duque aparecia na foto por trás de Lula e Graça Foster, ex-presidentes, respectivamente, do Brasil e da estatal
Em seus tempos de diretor da Petrobras, Renato Duque aparecia na foto por trás de Lula e Graça Foster, ex-presidentes, respectivamente, do Brasil e da estatal

 

 

Por Alessandro Lo Bianco, Cibelle Brito, Germao Oliveira, Jailton de Carvalho, Renato Onofre e Jaqueline Falcão

 

Voltou a ser preso na manhã desta segunda-feira o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque. A prisão faz parte da 10ª fase da Operação Lava-Jato da Polícia Federal, que cumpre 18 mandados e foi batizada de “Que país é esse?”. A ação conta com 40 policiais no Rio e São Paulo. Desse total, quatro mandados são de prisão temporária e outros 12 de busca e apreensão. Os crimes investigados nesta etapa são associação criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e fraude em licitação.

Duque foi preso em sua casa, na Barra da Tijuca, e não ofereceu resistência. O empresário paulista de origem libanesa Adir Assad, ligado à construtora Delta e investigado na CPI do Cachoeira, também foi preso, em São Paulo. As prisões de Duque e Assad são preventivas, e os detidos serão levados para o Paraná. Segundo a PF, eles ficarão na sede da Superintendência à disposição da Justiça Federal de Curitiba.

Entre outros presos está Lucélio Goes, filho do consultor Mário Goes, também investigado na operação. (Confira o perfil de Mário Goes). Dario Teixeira e Sonia Branco, considerados laranjas de Assad, também tiveram prisão temporária decretada. Outro mandado de segurança é de Sueli Maria Branco, já falecida, segundo a PF.

De acordo com informações divulgadas pela PF, 131 obras de arte foram apreendidas na casa de Duque. Segundo a superintendência da Polícia Federal no Paraná, o ex-diretor será transferido do Rio para Curitiba, às 17h, em um voo de conercial. A previsão é de que ele desembarque na capital paranaense por volta das 19h.

De acordo com a advogado de Duque, Alexandre Lopes, o ex-diretor da Petrobras ainda permanência em casa por volta das 8h junto a agentes da Polícia Federal. O advogado disse ainda não ter tido acesso ao processo. Ele disse ter estranhado o pedido.

– Há uma decisão do Supremo por ter colocado em liberdade. É preciso checar se o juiz sabe dessa decisão para ter solicitado a prisão — disse ao GLOBO.

Em São Paulo, Adir Assad foi preso em sua casa por volta das 11h, e segue para Curitiba em uma viatura da PF. A previsão é de que ele chegue à carceragem paranaense por volta das 15h. Segundo advogado de Assad, Miguel Pereira Neto, ao contrário do que se diz, seu cliente não é doleiro ou lobista, mas sim engenheiro civil.

Com a nova prisão, Duque se junta a outros dois ex-diretores da Petrobras que já estão na cadeia: Paulo Roberto Costa, que fez acordo de delação premiada, e Nestor Cerveró. Os três foram dirigentes da estatal quando Dilma Rousseff era presidente do Conselho de Administração. Convocado a prestar depoimento na CPI da Petrobras, na próxima quinta-feira, Duque é obrigado a comparecer. Na última sessão da comissão, na terça-feira passada, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco reafirmou que ele próprio, Duque e o tesoureiro do PT, João Vaccari, recebiam recursos do esquema de propina da Petrobras. Eles eram os “protagonistas”, como disse o próprio Barusco.

— O mecanismo envolvia representante da empresa, próprio empresários, eu, Duque e João Vaccari, são protagonistas — afirmou, observando, no entanto, que não sabe como Vaccari recebia esses recursos, se eram depositados no exterior, se iam direto para o PT como doações ou se eram entregues em espécie.

 

20 milhões de euros em contas secretas

A prisão de Duque foi determinada pelo juiz Sérgio Moro. A decisão foi baseada após uma investigação do Ministério Público ter constatado que o ex-diretor da estatal tinha contas secretas na Suíça, no valor de 20 milhões de euros, esvaziadas posteriormente, e transferidas para o Principado de Mônaco. O dinheiro está bloqueado pelas autoridades europeias por não ter sido declarado à Receita Federal. Ele chegou a ficar preso por 20 dias, em novembro do ano passado, na sétima fase da Lava-Jato. O nome de batismo da operação — “Que país é esse?” — foi justificada por conta da frase dita por Duque na primeira vez que foi preso em casa.

No dia 3 de dezembro, ao julgar habeas corpus apresentado pela defesa de Duque, Zavascki concedeu a liminar. Explicou que o simples fato de o suspeito ter dinheiro no exterior não significa que ele vai fugir. O ministro acrescentou que, para citar qualquer risco de fuga, o juiz precisa apontar elementos concretos comprovando esse fato – algo que Moro não teria feito no decreto de prisão.

No dia 10 de fevereiro, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por três votos a zero, que o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato de Souza Duque continuaria em liberdade.

Nesta segunda-feira, o Ministério Público Federal apresenta às 15h a primeira denúncia contra Duque. Ele é acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia está baseada nos depoimentos do delator Pedro Barusco, ex-gerente de Serviços. Ele admitiu à força-tarefa que recebeu propina em 87 obras da Petrobras para ele, Duque e para o PT. Barusco disse que as empreiteiras pagaram de R$ 150 a R$ 200 milhões ao partido.

Assad é suspeito de ser um dos principais operadores financeiro responsável por depósitos, transferências e saques de bilhões de reais que abasteciam o esquema de corrupção instalado na Petrobras. A quebra do sigilo bancário das empresas do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa, a PF descobriu pelo menos cinco das 19 empresas que serviriam de fachada de Assad — Soterra Terraplenagem, Legend Engenheiros Associados, JSM Engenharia, Rock Star Marketing e SM Terraplanagem. De acordo com as investigações, cerca de R$ 65 milhões foran desviados através dessas empresas, entre 2009 e 2011. A PF descobriu ainda que parte dos repasses feitos pelas empresas de Assad tinham como destino as consultorias de fachada de Youssef, que abastecia políticos ligados ao PP e a diretoria de Abastecimento.

Adir Assad é acusado de participar do desvio de recursos da empreiteira Delta, de Fernando Cavendish, recebeu R$ 1 bilhão de 134 empresas entre 2006 e 2013, a maioria do ramo da construção. Assad controlaria uma série de empresas de engenharia e de terraplanagem de fachada para recolher o dinheiro que, supostamente, seria distribuído em propinas para funcionários públicos e caixa dois de partidos e políticos. Segundo reportagem da revista Veja, Assad ficaria com 10% dessa arrecadação.

 

Publicado aqui, na globo.com

 

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Este post tem 2 comentários

  1. gilson

    Que país é esse que prende um homem de respeito e moral à toda prova? Que país é esse que vai chegar até o campo Di cappi, o x9,o lulalá, o mandante de toda essas roubalheira e colocá lo na cadeia para “delírio” dos seus adoradores? Esse país é o novo Brasil passado à limpo.

  2. gilson

    Que país é esse que prende um homem de respeito e digni dade e com moral à toda prova? Que país é esse que prende mais um ladrão da Petrobras? É o novo Brasil passado à limpo, é o novo Brasil que vai ver o Cappu Di Cappi Lula preso para ” delirio” de seus súbitos e adoradores.

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