Vencedor do Oscar, “Ida” finalmente chega hoje à tela do cinema de Campos

Ida 1

 

Vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro deste ano, mas sonegado na programação dos cinemas comerciais de Campos, o polonês “Ida”, de Pawel Pawlikowski, terá sua primeira exibição pública hoje nestas terras de planície cortadas pelo Paraíba do Sul. E o que é melhor, com entrada gratuita. Será a terceira sessão de 2015 do Cineclube Goitacá, sempre às quartas-feiras, a partir das 19h30, na sala 507 do edifício Medical Center, no cruzamento da rua Conselheiro Otaviano com av. 13 de Maio. O filme será apresentado e terá o debate mediado por mim, cuja crítica ainda impactado pelo encantamento da sua primeira sessão, num cinema de Botafogo, no Rio de Janeiro, escrevi e publiquei aqui.

À crítica e à matéria publicada hoje na Folha dois, aqui e reproduzida abaixo, da jornalista e também crítica de cinema Paula Vigneron, pouco ou nada tenha a acrescentar. Exceção única a uma pergunta feita ontem pela repórter, após fazer-lhe um confissão sobre o filme, mas cuja resposta mais adequada só me ocorreu hoje, não em prosa, mas nos versos do mestre Dante Milano: Por que me apaixonei pela personagem Ida?

 

Imagem

Uma coisa branca,
Eis o meu desejo.

Uma coisa branca
De carne, de luz,

Talvez uma pedra,
Talvez uma testa,

Uma coisa branca,
Doce e profunda,

Nesta noite funda,
Fria e sem Deus.

Uma coisa branca,
Eis o meu desejo.

Que eu quero beijar,
Que eu quero abraçar,

Uma coisa branca
Para me encostar

E afundar o rosto.
Talvez um seio,

Talvez um ventre,
Talvez um braço,

Onde repousar.
Eis o meu desejo,

Uma coisa branca
Bem junto de mim,

Para me sumir,
Para me esquecer,

Nesta noite funda,
Fria e sem Deus.

 

Ida 5

 

O filme polonês “Ida” (2013), de Pawel Pawlikowski, será exibido hoje (18), às 19h30, no Cineclube Goitacá. Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, o longa-metragem será apresentado pelo jornalista e crítico de cinema Aluysio Abreu Barbosa. O Cineclube acontece todas as quartas-feiras, na sala 507 do edifício Medical Center, no Centro.

— É um filme que não passou em circuito comercial em Campos e vai ser exibido amanhã (hoje) de forma gratuita — alertou o jornalista.

“Ida” conta a trajetória de uma jovem noviça prestes a se tornar freira. A personagem é interpretada por Agata Trzebuchowska. Antes de prestar os votos, a madre superiora a aconselha a buscar Wanda, sua tia e única parente viva, vivida por Agata Kulesza. Ela, então, é confrontada por uma rotina diferente da sua devido à vida desregrada da mulher. O encontro leva Ida a conhecer a verdadeira história de sua família, que é judia e foi morta durante a Segunda Guerra Mundial.

Aluysio destacou o contexto histórico da Polônia no período da Segunda Guerra Mundial, que compõe, entre outros aspectos, o filme “Ida”.

— A Segunda Guerra começa na Polônia. Hitler e Stalin invadem, juntos, o país. Quando se tornam antagonistas, a Polônia passa a ser palco de guerra dos dois genocidas. A presença dos judeus foi muito forte — comentou, ressaltando que alguns dos principais campos de concentração foram construídos na região, como Auschwitz.

A fotografia do filme, cuja direção é de Lukasz Zal e Ryszard Lenczewski, foi destacada pelo jornalista. Segundo Aluysio, a fotografia de “Ida” está lado a lado com filmes como “Barry Lyndon”, de Stanley Kubrick; “Lawrence da Arábia”, de David Lean; “O homem de Aran”, de Robert Flaherty; “Ran”, de Akira Kurosawa;  “Imensidão Azul”, de Luc Besson; e “Herói”, de Zhang Yimou.

— É uma das maiores já feitas na história do cinema. Não tem uma tomada que não seja genial. A fotografia me lembrou muito o trabalho de Walter Carvalho no filme brasileiro “Heleno” – afirmou.

A atuação de Agata Trzebuchowska e Agata Kulesza é, também, um dos pontos positivos do filme.

— As atrizes estão soberbas. Na vida, você tem uma série de paixões platônicas irrealizáveis. Acho que me apaixonei platonicamente pela personagem Ida. Dá vontade de abraçar, cuidar e, ao mesmo tempo, admirar uma força que eu nunca vou ter. É uma personagem fantástica. Acima de tudo, assisto ao filme embasbacado porque não vou entendê-lo completamente. Para isso, tem que ser mulher. O filme é muito feminino — opinou.

Ganhador, também, dos prêmios de Melhor Filme Europeu, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Fotografia e Júri Popular da 27ª edição do European Film Awards, “Ida” recebeu críticas de poloneses, incluindo o ministro das Relações Exteriores, Grzegorz Schetyna. Eles lamentaram o fato de o cinema do país ser reconhecido somente pela abordagem de temas judeus. Segundo matéria divulgada pelo portal G1, a opinião foi rebatida por Pawlikowski, que questionou a “crença ‘patriótica’ de que um longa-metragem deve passar uma boa imagem de seu país de origem”.

A crítica sobre o filme “Ida” foi publicada na edição do dia 22 de fevereiro da Folha Dois, na coluna “Caixa de Luzes”, escrita por Aluysio. O texto pode ser encontrado no blog Opiniões, hospedado na Folha Online. Na próxima quarta-feira (25), o filme “A experiência” (2001), de Oliver Hirschbiegel, será comentado pelo jornalista Marcos Curvello.

 

Até às 19h30, confira o trailer do filme:

 

 

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