Crítica de cinema — Grandeza e simplicidade

Bagdá Café

 

Cinderela

 

Mateusinho 3Cinderela — A crueza do mundo real é um dos motivos pelos quais, muitas vezes, opta-se por vivenciar a ficção, seja por meio da literatura ou do cinema. Nela, é ampla e irrestrita a possibilidade de encontrar aspectos que saciem a ânsia por horas de paz, dando ao leitor/telespectador momentos de tranquilidade e entrega a um mundo distante de cobranças, medos e angústias do cotidiano. Salvo em casos de histórias baseada em fatos, não há forma melhor de escapar da realidade. Um dos gêneros voltados principalmente para a criação de um mundo atípico, pleno de encantos e soluções deliciosamente irreais para conflitos diários é a fantasia, cujo representante mais recente, “Cinderela”, dirigido por Kenneth Branagh e roteirizado por Chris Weitz, cumpriu com êxito a missão a que estava inconscientemente destinado: a de levar o público à outra dimensão.

Por meio de efeitos especiais, trilha sonora, figurinos adequados ao contexto da época e cenários — cuja iluminação se alterna, dando maior ou menor tom sombrio ao enredo —, foi criada a ambiência ideal para a entrega do público à adaptação do conto de fadas. Desta vez, no entanto, a história abandonou os traços da tradicional animação para ser interpretada por atores, que não deram somente a voz, mas também o corpo e as expressões para a composição do longa-metragem. A opção estética torna universo de Cinderela ainda mais envolvente.

O filme narra a história de uma jovem, interpretada por Lily James, que, depois da morte de seus pais, é obrigada a morar com a madrasta, vivida por Cate Blanchett, que a explora e a transforma em empregada. Forçada a realizar tarefas domésticas para a mulher e as filhas, a moça se torna triste e desapontada com o ser humano. Apesar da dor, não esquece os ensinamentos da mãe. Em uma noite, após ter sido convidada para o baile real — e proibida de participar da festa pela madrasta —, Cinderela recebe a visita da fada madrinha, papel de Helena Bonham Carter, que muda o destino da jovem.

Apesar da rápida participação, Bonham Carter, como principal característica de sua marcante atuação, trouxe a essência da personagem às telas, unindo caracterização, texto e interpretação comedida e leve, fugindo a clichês e exageros que podem fazer parte de um filme de fantasia. Semelhante zelo pode ser comprovado em “Alice no país das maravilhas” (2010), de Tim Burton, no qual a atriz viveu a Rainha Vermelha. Ambos os longas-metragens apresentam narrativas infantis de maneira atraente, unindo, delicadamente, dramas e humor. Em comum, as duas histórias, adaptadas para o cinema, foram igualmente bem roteirizadas, produzidas e montadas. Lily James e Cate Blanchett também se destacam em cena pela atuação convincente e pela sintonia existente entre as atrizes

Os diversos sentimentos que “Cinderela” causa no telespectador são desenvolvidos por meio da construção da fotografia do filme. Nas primeiras cenas, o ambiente, tomado pelo verde da floresta e pelas luzes do dia, permite que seja emocionalmente compreendida a relação entre Ella e os pais. Com a morte do casal, as sequências se tornam pouco mais densas e escuras, levando o público a vivenciar a transição junto à personagem.

“Cinderela” proporciona, simultaneamente de maneira simples e grandiosa, momentos de descontração e desconexão com o mundo real, dando a adultos e crianças a possibilidade de fazer parte um mundo encantando que, por quase duas horas, é o único acessível e compreensível para os telespectadores.

 

Mateusinho viu

 

Publicado hoje na Folha Dois

 

Confira o trailer do filme:

 

 

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Este post tem 2 comentários

  1. Sandra Machado

    “Vou te contar um segredo:,Tenha coragem e seja gentil,,,”

  2. Sandra Machado

    ” Onde existe gentileza, existe bondade ,.E onde existe bondade ,existe magia.”

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