Entre abelhas — O desaparecimento de abelhas de várias espécies vem preocupando pesquisadores no mundo todo. O fenômeno tem forte impacto na produção agrícola e na segurança alimentar, pois leva ao aumento do custo dos alimentos e ameaça a viabilidade de culturas. Prestadoras de inestimáveis serviços ambientais, as abelhas respondem pela polinização de 71 dos 100 tipos de colheita que alimentam e vestem a humanidade, segundo relatório da ONU. Diminutas e invisíveis aos olhos urbanos, as abelhas escancaram a interdependência vital existente entre os reinos vegetal e animal. Entre nós, humanos, a invisibilidade social é um fenômeno decorrente da contemporaneidade. O termo invisibilidade social foi criado para designar as pessoas que ficam invisíveis socialmente, seja por preconceito ou indiferença.
A produtora Mixer, embarcando nessa onda de sumiços, lança o drama/comédia “Entre Abelhas” com roteiro, produção e direção de Ian SBF (Porta dos Fundos, produtora de vídeos de comédia veiculados na internet, criada entre parceria do site de humor Kibe Loco e a produtora Fondo Filmes, com mais de 30 milhões de visualizações) , estreando no comando de um longa-metragem de ficção.
No elenco o co-roteirista, co-produtor e comediante Fabio Porchat — de “Podia ser pior”(2009), “Meu passado me condena”(2013) e “Vai que dá certo” 1 e 2 (2013/15) —, é o protagonista Bruno, Marcos Veras — “Vestido pra casar” (2013) e “Copa de elite” (2013) — como o amigo Davi e Giovanna Lancellotti (estreia em longa-metragem) faz a ex-esposa Regina. Irene Ravache — “Ed Mort” (1997), “A memória que me contam” (2012) e “Os homens são de Marte e é pra lá que eu vou” (2014 )— é a mãe protetora.
“Entre Abelhas” (83 min e impróprio p/ menores de 14 anos) conta a história de Bruno (Fabio Porchat), um editor de imagens recém-separado da mulher Regina (Giovanna Lancellotti), que começa a deixar de ver as pessoas após sua festinha de despedida de casado em uma das casas de saliência do Rio de Janeiro. Ele tropeça no ar, esbarra no que não vê, até perceber que as pessoas ao seu redor estão ficando invisíveis. Com a ajuda da mãe protetora (Irene Ravache), do melhor amigo, o canastrão vascaíno Davi (Marcos Veras) e do garçom Nildo (Luiz Lobianco), Bruno tentará desvendar os mistérios que cercam esse fenômeno.
Com uma excelente equipe técnica Ian SBF consegue, em sua estreia, realizar um filme com qualidade impressionante, como nas cenas em que Bruno vê sumir o motorista de táxi com o carro em movimento no trânsito, e quando caminha pela cidade totalmente vazia. Destaque também para as atuações do Porchat, que, como comediante, sustentou muito bem a carga dramática do personagem, e Irene Ravache, com toda sua experiência.
Teremos que aguardar um “Entre Abelhas2” para desvendar a razão dos sumiços, pois quando Bruno pega a foto de sua despedida de casado, liga para o número do telefone escrito em sua testa pela profissional da casa de saliência, que é uma das poucas pessoas que ainda vê, surpreendentemente surgem os créditos na tela.
A produtora Mixer e a turma do Porta dos Fundos confirmaram a evolução do cinema nacional e realizaram uma boa tragicomédia.
Não foi o fim da picada.
Publicado hoje na Folha Dois
Confira o trailer do filme: