Pezão: “Quando chegar a hora, todos saberão quem terá o meu apoio”
Evasivas. Em um adjetivo podem ser definidas as respostas do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) às perguntas encaminhadas e respondidas por e-mail, tratando da atuação política do chefe estadual do Executivo na definição deste poder, em outubro do próximo ano, nos 92 municípios fluminenses, mais especificamente em Campos e Macaé. Econômico nas palavras, Pezão caminhou ao largo das eleições para começar e terminar falando que sua principal preocupação é não permitir que o Estado do Rio naufrague na crise econômica do Brasil administrado pela presidente Dilma Rousseff (PT), reeleita com o seu apoio em 2014. Sobre a posição do seu PMDB para Campos em 2015, se limitou a dizer que “nenhuma decisão será tomada ou anunciada unilateralmente”. Isso na mesma semana em que o deputado Geraldo Pudim (atual PR) foi lançado (aqui) como candidato do PMDB a prefeito de Campos, pelo presidente estadual de legenda e da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), Jorge Picciani, “um grande parceiro do governo do Rio” nas palavras de quem governa.
Folha da Manhã – No último dia 13, o senhor se reuniu (aqui) com o deputado estadual Comte Bittencourt (PPS) e o vereador Rafael Diniz (PPS), aos quais teria garantido sua atuação na eleição a prefeito de Campos, assim como seu apoio nesta a alguém que o tenha apoiado no município a governador. Aí vem Picciani e diz, em nome do PMDB, que o candidato do partido à sucessão de Rosinha Garotinho (PR) será o deputado Geraldo Pudim. E aí?
Luiz Fernando Pezão – Ainda é cedo para falar da corrida às prefeituras. Estou dedicado ao reequilíbrio financeiro, buscando medidas criativas para vencer a crise que se abateu sobre todos os estados. Minha grande preocupação agora não são as eleições municipais, mas encontrar caminhos para garantir emprego e renda para a população de todos os municípios.
Folha – Na reunião com Rafael, além dele, o senhor teria citado os nomes do vereador Nildo Cardoso (PMDB), do deputado estadual João Peixoto (PSDC) e do ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT). Vê mais alguém? E como enxerga Pudim, que apoiou o secretário de Rosinha Anthony Garotinho (PR) e o senador Marcelo Crivella (PRB) a governador?
Pezão – A política fluminense tem grandes nomes. Quando chegar a hora, todos saberão quem terá o meu apoio.
Folha – Em entrevista à Folha, publicada no último domingo (19), Picciani bancou Pudim candidato do PMDB a prefeito de Campos. Repercutindo a posição, Rafael disse (aqui): “Quanto a nomes para 2016, assim como Picciani parece ter seu preferido, nossa oposição saberá, com a orientação do governador Pezão, escolher o melhor para essa disputa”. Na sua visão, qual o melhor nome? E o melhor “padrinho”?
Pezão – O PMDB é um partido de governabilidade. Nenhuma decisão será tomada ou anunciada unilateralmente. Quando chegar o momento certo, vamos anunciar nosso apoio.
Folha – Também na repercussão à entrevista de Picciani, a grande maioria dos leitores se manifestou (aqui) descrente na ruptura entre Pudim e Garotinho, considerando o primeiro como um plano B, uma espécie de Cavalo de Tróia do segundo. O eleitor está errado ao pensar assim? Por quê?
Pezão – Essa pergunta precisa ser feita ao deputado Pudim e ao ex-governador Garotinho.
Folha – Na última quarta (22), em outra reunião (aqui) com Comte, para fechar a estratégia estadual de alianças entre PMDB e PPS, Picciani disse: “Mas lá (em Campos) a eleição é em dois turnos. O que não for possível unir no primeiro turno poderá ser feito no segundo”. É possível que o governador e o presidente da Alerj andem separados em Campos, no turno inicial a prefeito, reunindo-se só no final?
Pezão – Como eu disse anteriormente, o PMDB é um partido de governabilidade. Nenhuma decisão será tomada ou anunciada unilateralmente.
Folha – Outra definição dessa costura entre PPS e PMDB foi o apoio do primeiro a Dr. Aluízio, prefeito macaense pré-candidato à reeleição pelo segundo partido. Ainda que os objetivos principais da reunião tenham sido as prefeituras do Rio e São Gonçalo, qual a importância hoje de Macaé e Campos no cenário político estadual?
Pezão – Não perco minha alma municipalista. Estou à frente de um governo estadual e todos os meus programas são voltados para os municípios. Temos diversas ações onde o estado repassa recursos para prefeituras, independentemente de quem votou em mim ou não, se é do meu partido ou não. Mantenho parcerias com os 92 municípios do Rio de Janeiro. Todas as cidades têm importância no cenário político do estado.
Folha – Como muitos analistas já observaram, há uma disputa entre o senhor e Picciani dentro do PMDB e do próprio Estado do Rio, na condição de chefes do Executivo e do Legislativo? Daqui até 2016 (e 2018), como essa aparente queda de braço pode interferir no destino campista, macaense e fluminense?
Pezão – O deputado é um grande parceiro do governo do Rio. Aprovamos, desde janeiro, cinco leis econômicas na Assembleia Legislativa do Rio. Todas essas leis são importantíssimas para o que o Estado supere a crise econômica brasileira.
Publicado hoje (26/07) na Folha da Manhã