Artigo do domingo — Diante de governos fracos

Rosinha e Dilma

 

Não é preciso ir muito longe para se encontrar exemplos, nas duas últimas eleições brasileiras, de candidatos que saíram de índices de intenção de votos irrisórios, muito atrás de outros adversários, para atropelarem na reta final, saindo com a vitória de importantes peitos majoritários. Estão aí o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), para não deixarem a ressalva mentir.

Ou seja, prenhe de razão está quem advoga que, ainda a 15 meses da eleição, é muito cedo para qualquer pretensão conclusiva na interpretação de pesquisas. Isso vale tanto para a última pesquisa do instituto Pappel (aqui), feita na segunda quinzena de agosto, quanto para a próxima do Pro 4, já programada para outubro. E em relação à primeira, última realizada à sucessão da prefeita Rosinha Garotinho (PR), é correta também outra ressalva, já anotada (aqui) pelo sempre atento jornalista e blogueiro Alexandre Bastos: a oposição, tudo indica, vai mais uma vez se pulverizar em várias candidaturas, enquanto todos os nomes governistas oferecidos pelo Pappel, em sua consulta induzida, terão os índices somados numa candidatura só.

Na oposição, todas as pesquisas indicam que o nome mais popular, com folgada vantagem, ainda é o ex-prefeito Arnaldo Vianna (PDT). E para quem sabe ler para além das pesquisas, isso fica evidenciado pela perseguição sistemática que o grupo de comunicação do secretário de governo Anthony Garotinho (PR) devota ao ex-aliado. De qualquer maneira, se ninguém em sã consciência duvida da popularidade de Arnaldo, tolo seria quem não questionasse suas condições de elegebilidade. Afinal, nas duas últimas eleições das quais participou, em 2010 e 2012, respectivamente para deputado federal e prefeito de Campos, suas votações até hoje sequer foram divulgadas.

Se o corpo jurídico de Arnaldo é tão incompetente quanto parece ainda poderoso o lobby de Garotinho junto à independente e impoluta Justiça Eleitoral do Brasil, a maior novidade que o ex-prefeito poderia apresentar seria lançar seu filho, Caio, como candidato. Mas o prêmio, nesse caso, só seria comparável ao risco.

Noves fora Arnaldo, que nunca poderá ser desprezado, temos ainda os casos particulares dos deputados estaduais Geraldo Pudim (PR, de malas prontas para o PMDB) e João Peixoto (PSDC). Este talvez seja, ao lado de Garotinho, o mais astuto entendedor de eleições vivente em Campos. Por isso mesmo, João dificilmente se embrenharia numa briga de foice sem a mesma certeza majoritária de quem já se elegeu na proporcional cinco vezes deputado.

Já Pudim, como indicado (aqui) na matéria da página anterior desta edição, tem tudo para vencer a queda de braço com seu desgastado ex-patrono. A bem da verdade, hoje ele parece mais propenso a se filiar ao PMDB com a manutenção do seu mandato na Alerj, do que Garotinho em manter o PR fluminense em suas mãos. Mas se deve conseguir superar o obstáculo partidário, tudo indica que Pudim terá sérias dificuldades para transpor outro, mais íngreme, erigido na mente do eleitor campista: como não ser encarado como “Cavalo de Tróia” pelos antigatoristas ou Joaquim Silvério dos Reis, pelos rosáceos?

Temos ainda o caso de Dr. Chicão Oliveira (PP, sem destino certo), vice-prefeito de Rosinha e primo de Garotinho. Apesar da condenação de inelegibilidade, junto com a prefeita, na primeira instância, ele pode concorrer enquanto a decisão não tiver referendo de uma decisão colegiada do TRE. Seu problema maior parece ser estar à frente da Saíde de Campos, calcanhar de Aquiles com tíbia e fíbula expostos diariamente em todas as unidades da rede pública e conveniada do município. Não sem razão, talvez seja justo o raciocínio de que Chicão, homem de bem e médico conceituado, foi posto onde está exatamente para não chegar onde poderia.

Quanto aos demais, ressalvado que Makhoul Moussallem, outro médico brilhante, não será candidato a nada em 2016, quase todos os outros guardam em comum, na oposição e situação, o fato de estarem na Câmara Municipal. Alexandre Tadeu (PRB), Rafael Diniz (PPS), Nildo Cardoso (PSD) Gil Vianna (PR, de mudança ao PSB), Edson Batista (PTB) e Mauro Silva (PT do B) são vereadores e provas de que está certo quem enxerga a força dos parlamentos crescer diante de governos fracos.

Estão aí os de Dilma e Rosinha para não deixarem dúvida.

 

Publicado hoje na Folha da Manhã

 

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Este post tem um comentário

  1. Edi Cardoso

    a surpresa na última eleição, não serviu de nada como exemplo e continuam na mesmice de sempre.

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