Arte imita a vida na ocupação de escola estadual em Campos

Ex-aluno da Escola Nelso Pereira Rebel, o professor Adriano Moura levou oficina de criação lieterária aos estuantes que hoje ocupam a instituição estadual de ensino (foto de Rodrigo Silveira - Folha da Manhã)
Ex-aluno da Escola Nelson Pereira Rebel, o professor Adriano Moura levou oficina de criação literária aos estuantes que hoje ocupam a instituição estadual de ensino (foto de Rodrigo Silveira – Folha da Manhã)

 

 

Ao lado da filha Safira e colegas que ocupam a escola, dona Vanusa testemunha a ocupação e dá apoio ao movimento: “não estão fazendo isso para ninguém, mas para eles mesmos” (foto de Rodrigo Silveira - Folha da Manhã)
Ao lado da filha Safira e seus colegas que ocupam a escola, dona Vanusa deu apoio ao movimento: “não estão fazendo isso para ninguém, mas para eles mesmos” (foto de Rodrigo Silveira – Folha da Manhã)

Por Aluysio Abreu Barbosa

 

“Eles estão bem, não tem alvoroço. Apoio o que eles estão fazendo porque não estão fazendo isso para ninguém, mas para eles mesmos”. Foi o que disse dona Vanusa, mãe da jovem estudante Safira, de 17, sobre a ocupação da Escola Estadual Nelson Pereira Rebel, em Travessão, uma das oito unidades estaduais de ensino ocupadas pelos alunos no município de Campos. Em apoio ao movimento de greve dos professores, mas também com uma pauta própria de reivindicações, já são mais de 70 unidades de ensino ocupadas pelos estudantes em todo o Estado do Rio, incluindo a sede da secretaria estadual de Educação (Seeduc).

Em contrapartida pelo apoio recebido, os professores têm se mobilizado numa rede de solidariedade aos alunos, não só na forma de doação de mantimentos e material de limpeza, mas na promoção de oficinas. Um deles é o professor, poeta e dramaturgo Adriano Moura, que tem visitado algumas escolas ocupadas em Campos para levar aos estudantes uma oficina de criação literária. Depois da experiência inicial na ocupação do Liceu de Humanidades de Campos, na última quarta foi a vez do Nelson Pereira Rebel, onde o hoje professor já foi aluno.

Adriano propõe sua oficina na divisão em cinco pontos, da situação inicial ao desfecho, passando pelo que chama de “nó”, alteração da situação inicial; “conflito”, problema que precisa ser resolvido; e “peripécias”, fatos criados para que a história evolua. Com a própria ocupação da escola como ponto de partida real da narrativa supostamente de ficção, a encenação improvisada pelos alunos acaba revelando a realidade enfrentada pelos estudantes.

Na didática da arte que imita a vida, em meio às tentativas da direção e alguns funcionários da escola, além de representantes da Seeduc, de impedir ou enfraquecer o movimento de ocupação, vão se revelando os personagens, cujos hábitos e posturas são realçados na representação dos jovens alunos. Líder do movimento no Nelson Pereira Rebel, o estudante Vinicius, de 16 anos, contou com seu grupo parte da história real da ocupação iniciada no último dia 29 de abril, mobilizada através do WhatsApp e com apoio da União dos Estudantes de Campos (UEC), movimento criado pelos alunos para promover as ocupações e debater as pautas de cada escola.

No abaixo assinado do “Ocupa Nelson”, estão reivindicações para a escola, como criação de grêmio estudantil, eleição de diretor, melhoria na merenda, Internet no laboratório de informática e reabertura do laboratório de ciência, mas também pautas de interesse da coletividade, como pagamento em dia dos servidores estaduais inativos. E, no último dos 13 itens, o esclarecimento: “todos nós queremos a volta às aulas e o fim da greve. Por isso precisamos de uma maior mobilização tanto de alunos como da comunidade. Esperamos que através disso o Estado se sensibilize e atenda nossas reivindicações”.

 

Página 6 da edição de hoje (08/05) da Folha da Manhã
Página 6 da edição de hoje (08/05) da Folha da Manhã

 

Publicado hoje (08/05) na Folha da Manhã

 

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