Fabio Bottrel — Pelos olhos de quem viu de fora a vossa grandeza

Apresentação de “Pontal” no Festival Doces Palavras, noite de 27 de setembro de 2015 (foto de Rodrigo Silveira - Folha da Manhã)
Apresentação de “Pontal” no Festival Doces Palavras, noite de 27 de setembro de 2015 (foto de Rodrigo Silveira – Folha da Manhã)

 

 

Ano passado eu não sabia que teria os grandes amigos de hoje, ainda era um forasteiro conhecendo a terra que sou grato a cada grão de areia, Campos dos Goytacazes. Nessa imensa planície decidi recomeçar a vida logo após a partida de meu pai, tão próximo daqui ele já previra, Campos cuidaria muito melhor de mim do que o Rio, para onde eu não retornei. Desde os primeiros passosnesse solo eu me transformei, aprendi tanta coisa em tão pouco tempo, não só intelectuais, mas emocionais. Vi o lançamento do meu livro de casa cheia, meu trabalho sair em jornal e ser publicado aqui, neste blog, coisa que eu batalhei tanto e até então sonhava… e por isso, a cada um que estiver lendo, meu coração abraça e presta homenagem, obrigado. Além disso, aprendi o valor de amizades tão fortes transcendendo para serem família, percebi também que o sucesso pode incomodar algumas pessoas e me decepcionei também, tudo isso em tão pouco tempo!

Enquanto lia A Jornada do Escritor de Christopher Vogler  — já li tantas vezes que perdi a conta — imaginava como seria uma das etapas da jornada do herói na minha vida, a etapa em que o protagonista vai ao mundo especial e lá adentra um centro onde fará aliados e inimigos que o ajudarão e impedirão de conquistar seu objetivo. O autor cita como exemplo os salões nos faroestes, onde o forasteiro já descobre seus aliados e a força contraria geralmente ao arrumar uma encrenca. Adaptando esse modelo na minha vida, não tenho dúvida de que o meu salão foi o Festival Doces Palavras, onde me inseri no meio cultural campista e foi o início não só das grandes amizades que tenho hoje, mas também da minha escrita de contos e crônicas, antes havia escrito para teatro, cinema e romances. Tudo começou com essa crônica poética abaixo, havia me encantado tanto com o festival e aproveitado cada segundo que minha gratidão através da escrita é o mínimo a oferecer, e pela primeira vez escrevi bem tímido esse gênero textual, todo envergonhado de mostrar a alguém. Mas tomei coragem e publiquei no Facebook, lembro da ansiedade até hoje, atualizava a página a cada segundo, e quando vi a grande repercussão positiva entrei em estado de êxtase, não parei de escrever esse tipo de texto, todas as entrevistas, palestras ou evento que me convidavam eu escrevia como havia feito. Até chegar aqui, onde você me lê, e como vês, continuo escrevendo.

Então gostaria de te mostrar o início de tudo, esse texto tem um significado especial, pois foi o primeiro na terra que pulsa minha poesia, minha vida. Fiz assim que o festival terminou e o Tango ao meu lado nem levantava de tanto que aproveitou. Os relatos são verídicos, atendi um telefonema de um amigo do Rio ansioso para saber as notícias na cidade em que eu estava e se assustou quando o agradeci por ter me acordado, pois estava louco para correr escutar as poesias e comer os doces enquanto escutava as histórias locais e me encantava cada vez mais. Também no meio do festival, lembro do lugar em que eu estava, bem próximo do centro da Praça do Liceu, quando baixinho pedi desculpas a Campos se a minha presença não fosse digna de sua grandeza.

 

A todos que encheram o meu peito de amor, o meu mais sincero sorriso e abraço.

Fabio Bottrel

 

 

Festival Doces Palavras

29/09/2015

 

— Aonde vais?

— Vou passear com o Tango, comer doces e escutar poesia.

Era o que dizia, assim que acordava, para quem perguntava, com sorriso na cara, pois era Festival Doces Palavras.

Durante quatro dias desejei ser dois, três ou quatro, para estar ao mesmo tempo nas oficinas, shows ou no teatro. Lavei minha alma antes do meu corpo, quando corria com esforço para casa, umedecer a fotossíntese da pele e voltar, ainda havia o que dançar, pois ali, todos escutavam a música.

Na manhã seguinte vi o barro virar gente, bem na minha frente. Vi uma mulher deixar de ser pele para ser poesia, e me dei rios de alegria. Escutei o timbre doce nos olhos dos meus amigos, são minha família.

E lá na, lua, ali, do ladinho do Bar Doce Bar, meus lábios, olhos e ouvidos abraçados com a poesia mais bonita. Não havia mais ninguém, todos estavam imersos nas peças, shows e poemas enquanto a fogueira do Pontal queimava. Naquela noite minh’alma se perdeu no seu sorriso, caso a encontre, peça, por favor, para que ela se perca novamente.

Encontrei-me com a dedicação incansável dos organizadores, ao se, ver, e não se encantar, é coisa de gente que gosta de resmungar. Fui para o samba sambar, coisa de sampa-rio, de tanta gente que tinha.

A praça foi palco do abraço entre reis da távola redonda e mouros, foi tanta beleza, que pedi desculpas a Campos se minha presença não for digna de sua grandeza.

Ao fim da noite, quando a última palavra doce foi pronunciada, adeus, não havia mais corpo, a alma não estava em mim, e já não tinha mais para onde ir.

 

 

 

Sugestão para assistir depois de ler: Natalie Merchant no TED.

Natalie no meio do ninho de pensadores canta KindandGenerous em agradecimento.

 

 

“Oh, La li la li lalala

La li lala li lalalalalala

La li lalala

La li lalalala

La li lalalalalala

La lala li lalalalala

 

Vocês têm sido tão carinhosos

E generosos

Eu não sei como vocês continuam doando-se

E por sua gentileza

Eu estou em dívida com vocês

E por seu altruísmo

Minha admiração

E por tudo o que fizeram

Você sabe que estou muito dedicado

Estou dedicado a agradecer por isso

 

La li la li lalala

La li lala li lalalalalala

La li lalala

La li lalalala

La li lalalalalala

La lala li lalalalala

 

Obrigado!

Vocês têm sido tão gentis e generosos

Eu não sei como vocês continuam doando-se

E por sua gentileza

Eu estou em dívida com vocês

E eu nunca poderia ter chegado

Assim tão longe sem vocês

Então, por tudo o que fizeram

Você sabe que estou dedicado

Estou dedicado a agradecer a vocês por isso

 

La li la li lalala

La li lala li lalalalalala

La li lalala

La li lalalala

La li lalalalalala

La lala li lalalalala

 

Eu quero agradecer-lhes por tantos presentes

Que vocês me deram com amor e ternura

Obrigado

Eu quero agradecer-lhes por sua generosidade

O amor e a honestidade que vocês me deram

Eu quero agradecer-lhes

Mostrar minha gratidão, o meu amor

E meu respeito por vocês

Eu quero agradecer-lhes, obrigado

Obrigado, obrigado, obrigado”

 

Se nos conhecemos somente pelas palavras, às 16h e 30min de hoje, sábado 09 de julho, estarei no Museu Histórico de Campos palestrando sobre os 80 anos do filme Tempos Modernos de Charlie Chaplin e adoraria te encontrar lá para que nossas almas viajem juntas para 1936.

 

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Este post tem 2 comentários

  1. Gildo Henrique

    Eu também. Estava. Ali.

  2. Sandra Machado

    Querido não pude estar lá mas te desejo todo o sucesso que mereces

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