Vai valer a convenção do PT?
Vai valer a convenção municipal do PT que, na noite de quarta (03), decidiu (aqui) apoiar Caio Vianna (PDT) a prefeito? A verdade é que nem o presidente do partido em Campos, André Oliveira, foi dormir ontem (4) sabendo. Mas ciente de que a candidatura própria do PT a prefeito vinha perdendo espaço (aqui) nos últimos dias, pela impossibilidade do partido eleger um vereador com ela, o marido e secretário de Governo da prefeita Rosinha Garotinho (PR) ligou desde quarta ao presidente nacional petista, Rui Falcão, no sentido de impedir o sensível reforço de tempo de propaganda na campanha de oposição de Caio.
Líder rosáceo está certo
O pior para seus (muitos) críticos, sobretudo no PT de Campos, é que não se pode nem negar que o secretário de Rosinha não esteja no seu direito. Também presidente estadual do PR, ele foi procurado por seu congênere petista, o folclórico prefeito de Maricá, Washington Quaquá, que lhe pediu de ajuda há cerca de seis meses. Como seu candidato a sucedê-lo em Maricá, o deputado federal Fabiano Horta (PT), havia perdido o Pros, Quaquá pediu ao líder rosáceo o apoio do PR. Este aquiesceu, mas impôs como condição que os petistas apoiassem o PR em Campos, ou pelo menos lançassem uma candidatura própria.
Os furos de Quaquá
O raciocínio era — e continua sendo — de que nenhuma candidatura própria a prefeito do PT de Campos teria qualquer chance real, mas impediria quem tivesse de ter acesso ao generoso tempo de propaganda do partido. Ao antecipar que, sozinho, o PT do seu município não teria possibilidade de eleger nem um vereador, o secretário de Rosinha chegou a oferecer lá atrás uma das suas legendas de apoio a Quaquá. Mas este recusou, dizendo contar com a coligação com o PC do B de Campos, cuja presidente de candidata a vereadora, professora Odete Rocha, preferiu marchar junto à candidatura a prefeito do ex-vereador Rogério Matoso (PPL).
Sem apoio, Caio
O “combinado” de Quaquá bate não só com as fontes governistas que revelaram a conversa de seis meses atrás, como com os petistas locais que, até bem recentemente, ainda defendiam a candidatura própria, contando com a promessa — não cumprida — da executiva estadual de arrumar outra legenda para formar nominata de vereador. Sem tê-la, por parte do próprio partido, não restou outra alternativa se não buscá-la no PMN e no PEN, partidos da base de apoio de Caio e objetivo prático do apoio fechado na convenção do PT goitacá.
Briga por cima
Agora, a briga (aqui) pelo tempo de propaganda do PT na campanha a prefeito de Campos, único atrativo num partido de grande rejeição popular, será travada por cima. De um lado, o secretário de Rosinha, ameaçando tirar o apoio do PT não só em Maricá, mas em todos os municípios nos quais dependa do PR — como em Japeri, onde o deputado estadual petista André Siciliano conta com o apoio do partido dos Garotinho para se eleger prefeito. Do outro, brigando por Caio, está Carlos Lupi, ex-ministro dos governos Lula e Dilma Rousseff e presidente nacional do PDT, aliado histórico do PT. O resultado será conhecido nos próximos dias — ou horas.
Matoso no páreo
Confirmado ontem como candidato à Prefeitura de Campos, Rogério Matoso foi mais um que terminou de pé após todas as articulações e reviravoltas nos bastidores. Mesmo no pequeno PPL, ele conseguiu tirar dois partidos que estavam mais próximos do pedetista Caio Vianna: Pros e PCdoB. Apontado nos bastidores como uma possível “linha auxiliar” dos rosáceos, Matoso disparou: “Sempre fui oposição a esse desgoverno que quebrou Campos. Meu acordo é com as pessoas que estão cansadas de enganação”. De olho nos votos da esquerda e das mulheres, ele conta em sua chapa com a universitária Gabriela Mariano, do PC do B.
Com a colaboração do jornalista Alexandre Bastos
Publicado hoje (05) na Folha da Manhã