Por Aluysio Abreu Barbosa
Por significar atender aos interesses do secretário municipal de Governo Anthony Garotinho (PR), o PT de Campos não aceitará ser obrigado pela executiva nacional a lançar candidatura própria a prefeito de Campos. Diferente do PSB — onde a presidente estadual do partido, deputado federal Hugo Leal, roeu a corda (aqui) com a convenção municipal (30) à qual ele próprio compareceu (aqui) —, o PT goitacá ganhou (aqui) no senador Lindbergh Farias um aliado de peso para fazer valer sua convenção do dia 3, quando decidiu (aqui) apoiar a candidatura de Caio Vianna (PDT) na majoritária e fazer aliança na proporcional com PMN e PEN.
No mesmo dia da convenção do PT de Campos, antevendo a decisão pelo apoio Caio, Garotinho ligou ao presidente nacional da legenda, Rui Falcão, e ameaçou (aqui) retirar o apoio do PR às candidaturas petistas a prefeito em Maricá e Japeri. Mas desde o dia 19 de julho, como revelado (aqui) pela coluna “Ponto Final”, o presidente estadual do PR já vinha ligando a Falcão, para dizer que queria que o PT de Campos caminhasse com os rosáceos, ou lançasse nome próprio a prefeito. O objetivo sempre foi evitar que candidaturas da oposição com chances reais ficassem com o generoso tempo (aqui) de propaganda eleitoral petista.
— Não vamos aceitar ameaças do “Seu” Garotinho. Historicamente, sempre fomos oposição a ele em Campos. E o PT de Campos decidiu democraticamente, em sua convenção, apoiar Caio Vianna a prefeito, candidato por um aliado histórico nosso que é o PDT, para ter a chance de eleger um vereador na aliança proporcional. Até a quarta-feira (10), estarei mergulhado na questão do impeachment da presidenta Dilma (Rousseff, PT) no Senado. Mas depois disso, vou me debruçar pessoalmente sobre essa questão de Campos. Antes mesmo da reunião do diretório nacional (marcada para o dia 15), espero ter uma solução para o problema — estimou Lindbergh.
O “problema” ao qual o senador se refere é que, no dia seguinte à convenção municipal petista e das ameaças de Garotinho, a executiva nacional do PT fez uma indicação, em reunião do dia 4, para o lançamento de candidatura própria em Campos. Mas o presidente goitacá do partido, André de Oliveira, se mostrou seguro ao afirmar ser algo contornável:
— Um indicativo não tem o grau de imposição que a executiva nacional adotou, por exemplo, no município fluminense de Queimados. Não tem o poder de anular a nossa ata de convenção. Para mim e para o PT de Campos, o que está valendo é o apoio a Caio na majoritária e a aliança na proporcional com PMN e PEN. Não levo em conta essa questão do indicativo.
Ex-vereadora e candidata a voltar à Câmara Municipal, a professora Odisséia Carvalho é uma das mais empenhadas em não se submeter o PT goitacá aos interesses de Garotinho:
— Entramos com recurso hoje (ontem) pela manhã, solicitando a revisão desse indicativo da executiva nacional. Amanhã (hoje), estarei no Rio para conversar com o (Washignton) Quaquá (presidente estadual do PT). E na quinta (11), vou a São Paulo, tratar da questão diretamente com o Rui Falcão. Se for preciso, ocupo a sede do PT em São Paulo. Mas eles não vão acabar com o PT de Campos. Candidatura própria ou apoiar Garotinho é a mesma coisa.
Apontado como opção de candidatura própria, caso o indicativo se convertesse numa intervenção sobre o PT de Campos, o professor Aleandre Lourenço diz que prefere respeitar a convenção:
— Acho que não vai ter intervenção. Sobretudo, depois da vitória de Garotinho pelo apoio do PSB. Vou ser candidato a vereador pelo PT e vou ganhar a eleição, disputando cabeça a cabeça com Odisséia e Alessandra Faez (PMN).
Publicado hoje (09) na Folha da Manhã