Por Aluysio Abreu Barbosa
Como mostram as páginas seguintes, 2016 não foi um ano fácil. Do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), às cinco ações que o também ex-presidente Lula (PT) se tornou réu, às prisões do ex-presidente da Câmara Federal Eduardo Cunha (PMDB) e dos ex-governadores fluminenses Anthony Garotinho (PR) e Sérgio Cabral (PMDB), ao legado destes na falência do Estado do Rio de Janeiro, à contínua escalada global do terrorismo, à eleição do empresário Donald Trump como presidente do EUA, será difícil sentir saudade.
Em contrapartida, 2016 foi um ano em que a população brasileira mostrou sua força, ao não aceitar mais ser passiva aos desmandos dos seus governantes. Vestidos de verde e amarelo, em manifestações pacíficas contra a corrupção e em apoio à operação Lava Jato, milhões de brasileiros saíram às ruas das principais cidades do país — inclusive na maior manifestação popular da sua história, em 13 de março.
Num reflexo claro da Lava Jato, 2016 foi também o ano em que as instituições de fiscalização eleitoral finalmente funcionaram em Campos, dando um sonoro basta às práticas ilícitas que ocorriam sem maior incômodo, pleito após pleito, pelo menos desde o último quarto de século. Unidos na operação Chequinho, Justiça Eleitoral, Ministério Público Eleitoral (MPE) e Polícia Federal (PF) de Campos foram além da punição a quem teria se prestado a trocar Cheque Cidadão por voto: riscaram no chão uma linha daquilo que a população goitacá e suas instituições não aceitam mais que seja ultrapassado. Por ninguém!
Hábil ao surfar essa onda de mudança, Rafael Diniz (PPS) se elegeu prefeito de Campos ainda no primeiro turno, vencendo em todas as sete Zonas Eleitorais da cidade. À maioria, o vereador de oposição representou esperança, carregando a enorme responsabilidade de confirmá-la (ou não) a partir do momento em que se tornar governo, em 1º de janeiro. De qualquer maneira, o simples fato do jovem neto de Zezé Barbosa (1930/2011) ter derrotado o outrora jovem que, 28 anos antes, havia destronado seu avô do poder, rende pano para manga de túnica de qualquer tragédia grega.
Tragédia brasileira de repercussão mundial foi a queda do avião, na Colômbia, com o time da Chapecoense, que assumiu cara campista na morte do atacante Bruno Rangel (1981/2016), pai de dois filhos e morador do Parque Prazeres. Mas foi dela que brotou o que de melhor há no ser humano: a solidariedade.
Dos esportes veio também a alegria de, apesar de tudo, termos sediado no Rio as Olimpíadas, outra invenção grega, com o mesmo êxito de mitos que nela se consagraram, como o velocista jamaicano Usain Bolt e o nadador estadunidense Michael Phelps. E tanto melhor que nosso futebol masculino, finalmente, conquistou o único título que lhe faltava: o ouro olímpico.
Mas 2016 foi um ano de muitas perdas. Entre elas, a do legendário pugilista Muhammad Ali (1942/2016), cuja plástica foto abre esta retrospectiva. Que seu questionamento dentro e fora dos ringues sirva para iluminar os caminhos de Campos, do Brasil e do mundo, nos fazendo seguir na luta diante de todas as dificuldades que se apresentarem em 2017:
— Impossível é apenas uma grande palavra usada por gente fraca, que prefere viver no mundo como ele está, em vez de usar o poder que tem para mudá-lo, melhorá-lo. Impossível não é um fato. É uma opinião. Impossível não é uma declaração. É um desafio. Impossível é hipotético. Impossível é temporário. O impossível não existe.
Confira abaixo os links de todas as matérias da retrospectiva de 2016:
http://www.fmanha.com.br/politica/folha-retrospectiva-2016-rafael-diniz-vence-no-primeiro-turno
http://fmanha.com.br/geral/folha-retrospectiva-2016-obituario
http://www.fmanha.com.br/politica/folha-retrospectiva-2016-impeachment
http://www.fmanha.com.br/economia/folha-retrospectiva-2016-terminais-de-carga-em-operacao-no-acu
http://www.fmanha.com.br/geral/folha-retrospectiva-2016-um-ano-de-caos-na-saude-publica
http://www.fmanha.com.br/esporte/folha-retrospectiva-2016-ano-de-primeira-para-o-campos
Publicado hoje (30) na Folha da Manhã
Que nunca mais eu possa ver ninguém da família Garotinho, na Prefeitura de Campos!