Por Aluysio Abreu Barbosa
“Cabe lembrarmos que Rafael Diniz (PPS) foi o vencedor da disputa eleitoral em primeiro turno, um cenário improvável para muitos analistas profissionais ou não. Em virtude deste resultado a hipertrofia de expectativas pode redundar na impaciência de um eleitorado ávido por mudanças de curtíssimo prazo”. A observação é do sociólogo, cientista político e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) George Gomes Coutinho. Ao analisar os 100 primeiros do governo Rafael, ele fez de cara a ressalva:
— O marco de 100 dias de governo é dotado de relevância simbólica. Contudo, justamente pelo mandato ser de quatro anos, ou 1.460 dias aproximadamente, qualquer pretensão de análise definitiva é simplesmente um exercício de arrogância analítica. Nada mais do que isso.
Origem – Historicamente, a importância atribuída aos 100 primeiros dias de governo teve origem no curto período entre março e julho de 1815, no qual o imperador Napoleão Bonaparte (1769/1821) voltou do exílio, na ilha de Elba, para comandar de novo a França, até ser definitivamente derrotado na Batalha de Waterloo. De lá para cá, com o surgimento e o avanço da comunicação de massa, se convencionou dizer que dura 100 dias a “lua de mel” entre a população e o político por ela eleito para governá-la. Prazo que, a partir do fenômeno das mídias sociais, tende a se encurtar.
Rockfeller – Da teoria da academia à prática política na planície goitacá, alguns ex-prefeitos de Campos e ex-candidatos a prefeito em 2016, que disputaram e perderam a eleição em outubro passado, também deram suas opiniões sobre os 100 primeiros dias do novo governo municipal. Mais experiente entre todos, Rockfeller de Lima, prefeito entre 1964 e 66 e de 70 a 72, admitiu não estar acompanhando de perto os últimos acontecimentos, por se encontrar afastado da cidade. Ainda assim, ele apostou na capacidade do atual prefeito e aproveitou para questionar a tradição que sempre o colocou como principal adversário político do também ex-prefeito Zezé Barbosa (1930/2011), avô de Rafael:
— Tenho estado fora de Campos e não venho acompanhando as ações do novo governo. Mas o prefeito é um rapaz competente e bem intencionado. Que ele faça as coisas de acordo com a sua consciência, na busca do melhor para a cidade. Acredito na sua capacidade. Está errada essa história de que eu fui adversário de Zezé. Ao contrário, sempre tivemos um bom relacionamento. Tivemos posições diferentes, é verdade, mas sempre nos tratamos bem, com cordialidade e respeito. Eu era um estimulador de Zezé, como ele foi para mim. E sou fã do neto dele, que é um jovem bem preparado, tem um grande futuro e vai cumprir o seu papel.
Embora Rockfeller negue, foi da polarização entre ele e Zezé, então prefeito, que Anthony Garotinho, deputado estadual pelo PDT, pode vencer sua primeira eleição a prefeito de Campos. Era 1988 e a disputa em dois turnos, prevista na Constituição aprovada naquele ano, só valeria a partir do seguinte. Rock começou a disputa como favorito, mas rachou o eleitorado mais conservador com Zezé, que lançou seu secretário de Planejamento Jorge Renato Pereira Pinto (1926/2014) como candidato a prefeito. Na divisão entre os dois, Garotinho se elegeu para dominar a política do município nos 28 anos seguintes, até seu candidato Dr. Chicão (PR) perder para Rafael, sem necessidade de segundo turno, em outubro passado.
Pudim – Político que estava com Garotinho desde o começo da sua carreira, o deputado estadual Geraldo Pudim disputou pelo PMDB a última eleição para prefeito. Ele é um dos críticos mais contundentes à “herança maldita” deixada por seu ex-líder ao atual governo:
— Rafael herdou uma herança maldita de um governo que fez de tudo para permanecer no poder. Garotinho quebrou o município e deixou a conta para todos os campistas pagarem. Bem antes do processo eleitoral, eu denunciei essa ma-nobra e disse que quem assumisse o governo teria grandes dificuldades. Somente neste ano o déficit chega a R$ 400 milhões e a dívida passa dos R$ 2,4 bilhões, se juntarmos empréstimos, dívida previdenciária e fornecedores. Não há dinheiro para pagar os funcionários, custeio e investimentos. Tudo fruto de uma administração irresponsável e perniciosa. Tiveram R$ 18 bilhões em orçamento (durante os oito anos de governo Rosinha Garotinho) e faliram a cidade. A população precisa dos serviços públicos e é natural a cobrança, mas tem que levar em conta que a Prefeitura está quebrada e o responsável disso tudo é o Garotinho.
Nahim – Outro ex-aliado de Garotinho, além seu irmão mais velho, o ex-presidente da Câmara Nelson Nahim (PMDB) foi prefeito de Campos entre julho a dezembro de 2010, numa das cassações de Rosinha. Ao falar sobre os 100 primeiros dias do governo Rafael, que tem seu filho Hélio Montezano na superintendência de Entretenimento, Nahim defendeu uma “mudança radical” na forma como a cunhada e o irmão administraram a cidade:
— Uma mudança radical de rumos para nossa cidade e gastos do dinheiro público não é possível de ser executada em apenas 100 dias de governo. O mais importante é avaliar as ações concretas no sentido de adequar o atual orçamento, muito abaixo do que foi executado em 2016, e ao mesmo tempo priorizar o atendimento à população. Isso vem acontecendo através de gestos concretos, em parcerias com os governos federal e estadual. O momento é difícil, por isso o diálogo, a união, a serenidade e a paz tão desejada por todos nós, que amamos nossa cidade, têm que prevalecer sobre eventuais falhas ou erros pontuais. Temos um prefeito jovem, honesto, com muita disposição para trabalhar, que a nossa população elegeu de forma retumbante. Isso é o suficiente para dar um crédito de confiança.
Matoso – Vice-presidente de Nahim na Câmara Municipal, chegando a assumi-la enquanto o aliado esteve à frente da Prefeitura, o ex-vereador Rogério Matoso (PPL) foi mais um que disputou as últimas eleições a prefeito com Rafael. E ele também pregou união e destacou as dificuldades encontradas por quem saiu vencedor do pleito para mudar um “modelo ultrapassado”:
— É importante destacar o estado em que foi encontrada a administração municipal. Como disse durante a campanha do ano passado, conseguiram quebrar a Prefeitura com uma gestão irresponsável. Neste primeiro momento, o que vimos foi o início de um trabalho de reconstrução, com a aposta em novos quadros. É lógico que existem composições necessárias, mas o que vemos é um grupo empenhado em romper com um modelo ultrapassado. E essa ruptura vai além do prefeito, passa também pela compreensão da sociedade. Precisamos apontar equívocos, mas temos o dever de participar.
Henriques – Quem mostrou uma visão mais crítica dos “equívocos” deste início de governo Rafael foi outro que ocupou a Prefeitura de Campos interinamente, entre março a abril de 2008. Também ex-deputado estadual, Roberto Henriques (PPL) enxerga “100 dias sem rupturas”:
— Para mudar Campos é preciso que o governante renuncie a si mesmo e se apegue à grandiosidade histórica do nosso Povo. Rafael queimou a largada, cometeu os mesmos erros da Rosinha, que assim como ele, fora eleita para mudar. Campos tornou-se a terra da cobiça e da gastança, após 1998, com a multiplicação geométrica das parcelas dos royalties do petróleo. O modelo perdulário e os grupos que o sustentam possuem várias facetas, são dissimulados e com habilidade já aterrissaram no atual governo. Remover os entulhos dos governos Arnaldo, Mocaiber e Rosinha não é como ir a um piquenique. Para mudar é preciso rupturas. Até aqui são 100 dias sem rupturas.
Nildo – Quem enxerga diferente é outro ex-adversário de Rafael na eleição a prefeito de 2016, hoje seu superintendente de Agricultura e Pecuária. O ex-vereador Nildo Cardoso (DEM) destacou mudanças entre quem assumiu e quem legou a situação difícil do município:
— Fui candidato (a prefeito), mas todos nós da oposição tínhamos um projeto em comum. Ele foi eleito e estamos trabalhando para mudar esta cidade. Primeiro não podemos esquecer como Rafael assumiu essa cidade. Com uma dívida grande, não só para a Prefeitura, mas para todos os campistas. São obras executadas e que não foram empenhadas, sem falar na crise do governo federal e do Estado, que afeta Campos diretamente, com a queda do ICMS. O jeito é trabalhar sem parar. E é o que temos feito na superintendência. Tenho confiança na seriedade do prefeito. Esses 100 dias foram para descobrir milhares de problemas que tentaram esconder nos últimos oito anos.
Sérgio Mendes – Presidente municipal do PPS e considerado peça importante na manutenção da candidatura a prefeito de Rafael pela legenda, Sérgio Mendes também governou Campos, entre 1992 e 1996. Ex-aliado de Garotinho convertido em desafeto, ele disse ser “humana” a cobrança ao novo governo e que já se tornou “lugar comum” constatar a “terra arrasada” deixada pela gestão anterior. Para Sérgio, é preciso mais tempo para “colocar a casa em ordem”:
— É próprio da natureza humana buscar respostas e resultados imediatos. Tenho convicção de que 100 dias é muito pouco para se colocar a casa em ordem. Pode até ser lugar comum o que reafirmo, mas o governo anterior não teve a menor preocupação com gastos desnecessários, pois torrou mais de R$ 140 Milhões construindo Cepop, Cidade da Criança e reformando a Beira Valão. Ao passo que largou literalmente abandonadas as escolas, creches, postos de saúde, hospitais. Sem exageros, deixou verdadeira terra arrasada. Em tempos de cobertor curto, com arrecadação bem abaixo da média dos últimos oito anos, o prefeito está tendo bastante cautela e buscando honrar todos compromissos assumidos por sua gestão, coisa que não era hábito. Herdar uma dívida de R$ 2,4 bilhões, num país em recessão, não é nada simples.
Chicão e Caio – Também procurado para falar, o ex-candidato a prefeito Dr. Chicão (PR) preferiu não se pronunciar. Limitou-se a dizer que “o julgamento dos 100 dias do governo cabe à população campista”. Por sua vez, Caio Vianna (PDT), que também disputou as últimas eleições ao executivo municipal, não retornou às várias ligações feitas durante a semana.
Sérgio Diniz – Da prática de volta à teoria, ao concluir sua análise sobre os 100 dias do novo governo de Campos, o sociólogo George Gomes Coutinho lembrou o ex-deputado e professor universitário Sérgio Diniz (1943/2012), pai de Rafael, que operou com sucesso nas duas áreas:
— Finalizando, recordo um adágio utilizado por ninguém menos que Sérgio Diniz em várias ocasiões ao discutir a política local. Diniz, o pai, dizia dos quadros locais: “tudo vinagre da mesma pipa”. Até o momento não me parece que Rafael, seu filho, o seja. De todo modo, terá aí mais ou menos 1.300 dias para mostrar que não é. O caminho para tal envolve o enfrentamento corajoso e decisivo das contradições, lógicas e práticas da própria sociedade que o elegeu.
Publicado hoje (09) na Folha da Manhã
Entendo que Roberto Henriques também é ex aliado de Garotinho, apesar de não estar citado na reportagem. Rosinha não entrou para mudar, entrou para manter as coisas como já eram, todos os outros prefeitos entre Garotinho e Rosinha, foram aliados do Garotinho, uma forma de tentar perpetuar o garotismo em Campos. Tanto que é citado na reportagem 28 anos de Garotinho, sendo assim Rosinha não mudaria nada, apenas prolongaria.
Me belisque por favor, só li besteiras, Nah… (trecho excluído pela moderação) e outros ai seu passado te condena, vai a cada canto desta cidade Campos dos Goytacazes 19ª cidade mais violenta do Mundo, to falando do mundo e veja algo bom em 100 dias, desculpa tem sim o pé diabetico PARABÉNS EQUIPE MARAVILHOSA, Dra (trecho excluído pela moderação) profissionalíssima, agora coisas simples parece uma monstro, pedi a toca de lampada na minha rua a uma tal de brilha Campos levou quase 100 dias, minha sogra precisava de uma exame na Santa Casa aparelho quebrado quase 100 dias (dinheiro em caixa tinha vai no portal da transparência e veja os pagamentos feitos a muita gente fisica e juridica neste 100 dias, INCLUSIVE MUITO CRITICADA AQUI, HGG um horror, HFM nem se fala, falaram tanto do HOSPITAL SÃO JOSE tá parado e ai vem esse criticos falar besteira tô falando a verdade e provo, RAFAEL PEGA A CANETA E MANDA UM MONTÃO DE INCOMPETENTE QUE ESTA AO TEM LADO E MANDA EMBORA GOVERNA COMO VC ERA NA OPOSIÇÃO, MESMO EU QUE NÃO TINHA ADIMIRAÇÃO HA VOCE MAIS GOSTAVA DO SEU JEITO DE COMANDAR, CHEGA CHEGA RAFAEL, SENÃO O POVO VAI DAR A RESPOSTA MAIS RAPIDO QUE VC IMAGINA, VIVA CAMPOS
QUER DIZER QUE CAIO NÃO RETORNOU AS LIGAÇÕES ??LIGARAM DE MANHÃ? PORQUE NEM PRA FAZER CAMPANHA ESSE FILINHO DA MAMÃE ACORDAVA CEDO. E SE FOSSE ATENDER IA RESPONDER O QUE? NUNCA PASSOU DE UM PASTEL DE VENTO !!…. KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Era só dizer que era Garotinho no telefone que Pastel de Vento atendia