Folha como escola da lida e da vida
Por Júlia Maria Assis(*)
Não tem como fugir do clichê: a Folha é uma grande escola. Da lida e da vida. Minha primeira vez na redação da Folha já conta quase três décadas e nunca vou esquecer aquela sensação de que tinha encontrado meu lugar. Ainda estudante, começando a conhecer na teoria o que era ser jornalista, foi ali que entendi de fato o sentido da profissão que tinha escolhido desde criança. Eu não via a hora de fazer parte daquela engrenagem. Havia toda a agitação típica de redação de jornal, que pode até parecer um tanto confusa quando se vê de fora, mas não tive receio algum. Apenas a vontade de pertencer. E me senti em casa.
Tive muitas idas e vindas da Folha, porque dediquei também parte da minha carreira à assessoria de imprensa, que é onde atuo hoje. E cada vez que retornava eram novos desafios, novas histórias, novos amigos. Vi as máquinas de escrever serem substituídas pelos computadores, a chegada da internet, o fim do past-up. Editei no Pagemaker, depois no InDesign — mas nunca perdi a paixão de ser repórter. Aprendi, ensinei, fiz os melhores e os piores textos da minha vida. Acertei e errei. Briguei e fiz as pazes. Amadureci.
E foi na Folha que tive o privilégio de conviver com uma das pessoas mais extraordinárias que conheci em toda a minha vida: devo a seu Aluysio muito do que sei e do que sou. Vieram dele as mais caras lições sobre técnica e sobre ética. A ele serei sempre grata. A Aluysio, seu filho, estendo a gratidão, por todas as oportunidades, pela confiança e pela amizade.
Já faz alguns anos da minha última estada na Folha, mas a redação continua e vai continuar sendo minha casa. Fazer parte ou não da equipe em momentos específicos da minha jornada é só um detalhe. Aquela sensação de pertencer, lá do começo da história, nunca mudou.
(*) Jornalista e ex-editora de Política da Folha da Manhã
Publicado hoje (09) na Folha da Manhã